terça-feira, 30 de agosto de 2016

O pulo da gata



Essa foto reflete o meio do caminho do maior pulo que dei na minha vida em direção ao mar.

Pode não parecer, mas essa pedra tinha a altura quase equivalente a um prédio de mais ou menos três andares. Ou seja, algo em torno de nove metros de distância em relação ao mar.

Foi numa praia perto de Whale Beach, em Sydney, que além de ser incrivelmente linda como qualquer praia australiana, tinha esse atrativo inusitado como "cortesia" de diversão a mais para os visitantes do local paradisíaco.

Na hora em que me deparei com o fim do penhasco, amarelei. "_É muito alto!" - gritei. Confesso, amedrontada.

Foi quando testemunhei duas crianças com, no máximo 8 e 10 anos cada, se jogarem sem qualquer tipo de hesitação em direção ao precipício que parecia não ter fim. Pasmem: rindo! Os pais? Aplaudindo! Fiquei estarrecida. E assim, na maior tranquilidade, pularam em seguida para encontrar sua corajosa prole láááááá embaixo. Eram locais, com certeza acostumados a praticar tal salto praticamente olímpico, sem qualquer tipo de receio de se quebrar por inteiro.

Me senti pequena de não executar tal feito. Crianças pularam! Por que não eu, uma mulher que na ocasião já era totalmente independente, maior de idade?! Por medo? Que ridículo! O medo congela. O medo te faz pensar demais. O medo impede você de chegar lá. Láááááá longe.

Já crianças? Nascem livres. Espontâneas. Vivem naturalmente intensamente, pois nada lhes é indiferente. Tudo é envolvente.

Então respirei fundo. Recuei alguns passos para trás, e corri. Deu até para sentir aquele frio na barriga típico de montanha-russa, quando estava caindo. Parecia não acabar nunca! Então, "pum", finalmente mergulhei, ainda incrédula, no azul congelante do mar.

Devido à pressão da queda, entrou água em lugares que nunca imaginava serem possíveis de serem alcançados no corpo de alguém. Lavei literalmente a alma.

Cheguei cambaleando na areia, depois de nadar com os braços tremendo devido à adrenalina sentida há pouco. Em puro êxtase. Parecia estar sob efeito de drogas pesadas, sem ter efetivamente me drogado.

Fiquei rindo sozinha, orgulhosa de mim.

Simplesmente deixei o medo de lado.

Mergulhei fundo.

E me permiti viver intensamente.

#euarenata

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