segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Levemente Dura



Oscilo entre a dureza e a leveza do meu ser, e hoje acordei uma pluma. 

Por mais uma vez realizar com plena consciência de que minha consciência nunca será corrompida. 

Nem com a mais vil provocação, meu caráter permanecerá irredutível na sua bondade inata.

Se quando morremos vamos realmente para o céu, tenho a certeza de um lugar garantido, sem pagar nada por isso. 

Com a graça de Deus vou de graça para o paraíso. 

Mas o céu mesmo está dentro da gente. 

E meus atos sempre foram revelados estritamente de acordo com o que é ditado pela voz da consciência. 

Nunca escondi nada dela, até porque trata-se de feito impossível. 

Nunca agirei com os outros diferente da maneira que agiria comigo. 

Afinal, como podem saber o que se passa dentro de mim? 

Respondo: só se não fizerem questão de prestar atenção. 

Pois transparente como uma vitrine me mostro, demonstro, escancaro, até desenho se for preciso, sem fazer uso de meias palavras, indiretas ou frases feitas, quem realmente sou.

Eu mesma invento a minha escrita condizente com o que efetivamente acredito e prego: a autenticidade nas atitudes reconhecidas pela firma divina da fé. 

Que nada é se não houver luta. Luta esta a ser travada, antes de tudo, contra sua própria intolerância face à hipocrisia de alguns que sustentam ser deuses, mas nada são além de gente como a gente. 

Todo mundo vai para o mesmo céu ou para o mesmo inferno, mesmo sendo tão diferentes. Mas algo nunca pode mudar: o caráter. 

Esse sim é inexorável. 

Embora colocado constantemente à prova, como o próprio Kurt Cobain dizia, "a cada dia todos nós passamos pelo céu e pelo inferno", inevitavelmente cometeremos atos dos quais não nos orgulharemos. 

Mas o caráter deve se manter íntegro, embora seja certo que ninguém é 100% do bem. 

Grande parte, na realidade, é indiferente: não se mete, não questiona, não se abre quando se encontra num embate. 

E se auto-entitula gentil. Tudo é uma questão de perspectiva. 

Porque como Nietzsche mesmo sustentava: "o idealista é incorrigível; se é expulso do seu céu, faz do ideal o seu inferno". 

E eu pretendo continuar o meu voo livre de qualquer culpa direto para o céu. Sem ser idealista. 

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