sábado, 29 de outubro de 2016

Halloween Feelings


Booooooo... I dare you to post a very nasty picture. 
Not an evil one.
Nor porn one.
Nor sexy type of one.
I dare you to post a photo as you are without makeup. 
Clean as a glared angel.
But showing your most darkest glance.
Your ugliest side.
Your plain human feature.
Watch out and reach out for the monster that feeds itself with all your darkest feelings.
He's greedy.
So take care, sweetie.
Don't you ever forget to watch your back.
Booooooo...
Are you scared to display your real you?
I'm not.
I am many people in just one body.
Which owns one bared soul.
And it could be the most naked one, without taking one single piece of my clothe off.
I'm not afraid to present you my most profound scars.
Deepest fears.
My bad humor.
Vulnerability.
And why not? My lovely psycho face.
Couse' think it through babe:
I am just another version of you.
With no mask.

#euarenata
#merenata

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Velha Infância


A infância nunca deveria envelhecer. Apenas amadurecer com as experiências adquiridas ao longo do tempo.
Rir do à toa, como fazíamos sem medo de errar, de alarmar, de envergonhar.
Explorar o inexplorável, aos olhos dos adultos. Que matam a infância com a seriedade elevada ao nível mais extremo.
Que condenam brincadeiras por se sentirem desajeitados por não serem capazes de se conectar com suas próprias emoções.
Mais primitivas.
Inocentes.
Adultos que passam a demonstrar carinho de menos por não se permitirem revelar emotivos demais.
Brincar de brincar, então? Nem pensar. Muito infantil para o gosto do adulto seco. Como a folha de outono que perdeu a vida ao se separar do seu galho que a ligava às suas raízes.
Às suas sensações mais cativantes.
Alegria que pula.
Energia que não acaba.
Ser criança é ter maturidade para perceber que não importa o quanto algo seja ou não importante. Tudo importa.
Tudo é encarado com magia.
Nunca com mágoa. Que infantilidade.
Sejamos adultos mais crianças, menos infantis.
Mais abertos, menos fechados.
Para a infância que sempre permaneceu dentro da gente.
Adultos que cresceram e esqueceram do mais essencial de toda sua existência: sua própria essência, nossa velha infância.
#euarenata

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Um poder só seu...


Empoderamento. 
Não estou me referindo à expressão utilizada exaustivamente nas causas defendidas pelo feminismo. 
Nem àquela definida pela capacidade do indivíduo conseguir viver a vida que deseja, ao se encontrar livre de restrições externas.
Se checarmos a origem de tal vocábulo, verificaremos que adveio da tradução de "Empowerment", que significa basicamente: delegar poder; ou possibilitar e/ou permitir. Muito mais simplista, não?
Por ter absoluta aversão a rótulos, se tivesse que definir por conta própria a "palavra da moda" empoderamento, enxergaria como a faculdade de se enaltecer internamente visando causar um impacto externo. Em algo. Em alguém.
Nascemos "emponderados". Só não sabemos disso, pois não constitui uma disciplina abordada nas instituições de ensino. É o tipo de ensinamento que aprende-se na escola da vida. Antes tarde do que nunca, assimile:
Você tem o poder.
De ser o que é,
De enxergar o lado bom de tudo,
De superar qualquer tristeza,
Enfrentar qualquer desafio,
De conquistar o que deseja,
De amar infinitamente,
De cuidar de si,
De tomar conta dos outros,
De trabalhar alegremente,
De criar o seu próprio destino,
De festejar cada minuto respirado.
Você tem o poder, e somente você tem esse poder para se empoderar.
De passar a ter domínio da sua própria vida, independente de haver ou não obstáculos externos.
Independente do que a feminista entender ou o machista sustentar.
Independe de terem ou não te delegado poderes (adicionais).
Independente de parecer impossível.
Tudo é possível para esse poder.
O seu poder: de acreditar para ver acontecer.
Esse poder tem nome: fé.
E sobrenome: você.
O poder de ter fé em si mesmo.
Através do seu próprio empoderamento, tomando posse do que há de melhor em você: você mesmo
#euarenata

Dieta das palavras




A alma também precisa optar por um cardápio gramático diário para ser adotado na rotina da sua dieta comunicativa. 

Seja fit, apenas se for para falar o essencial.

Seja guloso, só se for para encher de elogios.

Nutra a sua autoestima com mais amor.

Vomite os maus pensamentos para fora da sua mente.

Diga o que você pensa, sempre. Mas só se não ficasse intoxicado, caso fosse você quem tivesse de escutar o que tem a dizer.

Preocupe-se confeitando tal preocupação com a doce gentileza. 

Seja ácido, apenas se envolver humor cômico. Nunca humor negro - um tempero que, por si só, já é muito ácido. Diria até, descartável.

Nas suas palavras? Junte ingredientes saudáveis como bom dia, por favor, obrigado. Pode abusar no obrigado! Faz muito bem!

Não tenha pressa em falar rápido. Quem tem pressa, fala cru.

Também não guarde para si palavras que poderiam ter sido ditas antes. Você pode se queimar depois, de tanto que deixou assa-las.

Engorde-se de paz de espírito.

Faça uma rigorosa dieta de tudo que te faz passar mal. E não estou me referindo somente a comida. 

Feche a boca mesmo, se tiver o ímpeto de falar mal de alguém. Palavras são como bumerangues: vão leve como a brisa e voltam pesadas como a tempestade, te acertando em cheio com muito arrependimento.

Arrote alegria! E bem alto!

Engula somente o egoísmo, o desrespeito, o orgulho ferido. Nunca, sapos.

Fale sempre, escutando.

Escute sempre, se calando.

Diga a verdade, sempre.

Principalmente?

Para si mesmo.

Mentir para os outros é um veneno.

Mentir para si mesmo?

É se envenenar.

#euarenata

Gratidão Individual


Gratidão abomina comparação.
Aprenda a ser grato pelo que se é,
Pelo que se tem,
Por si mesmo.
Sempre haverá alguém com um problema maior do que o seu. 
Ou com algum desafio a ser enfrentado, menor que o seu.
A comparação?
Gera competição. Sem vencedores. Frustração. Interna.
Vitimização. Eterna.
Por que fulano é bonito e eu não?
Por que sicrano tem um carro e eu não?
Por que beltrano é feliz no casamento, e eu não?
Que pobre coitado. De espírito.
Que compra tudo que não precisa com o dinheiro que não tem. Só porque o outro tem.
Que só se permite enxergar a beleza mais superficial: a exterior.
Que só se motiva a conquistar o que almeja, pois inveja.
Gerada no ciclo vicioso da comparação.
Ahhh... Mas se ele fosse o bonito? Aí sim, seria grato. Porém, apenas porque existe gente feia.
E se tivesse um carro? Também seria grato. Só porque muita gente tem que andar de ônibus.
Que tal se fosse bem casado? Seria grato. Mas somente por saber que existe muito casamento infeliz.
Sinceramente... Isso não é ser grato.
Gratidão nunca se dará por exclusão.
Nem estará atrelada a qualquer tipo comparação.
Gratidão?
Apenas se sente.
Assim como o aconchego de um abraço.
O calor do sol batendo no rosto.
O arrepio na espinha de encarar um primeiro encontro.
A energia contagiante da gargalhada de uma criança.
Nesses momentos, sabe?
Que rimos de nós mesmos. Por reconhecermos e aceitarmos nossas falhas. Humanas.
Que assimilamos nossas escolhas como experiências acertadas. Nunca como derrotas.
Que experimentamos o agora, agora mesmo, neste exato presente. Em todas as suas vertentes.
Que amamos amando na eterna carona do gerúndio.
Que choramos sabendo que um dia a lágrima irá secar.
Que compreendemos que tudo pode acontecer devagar, mas no seu próprio lugar: no tempo, no espaço.
Ser grato é expressar gratidão apenas pelo fato de ter um coração batendo, todo meu.
Por ter uma fé, só minha.
Amigos que são irmãos
Irmãos que são amigos.
Um amor para compartilhar com a minha própria vida.
Por integrar uma família unida. Sempre reunida.
Ser grato, é simplesmente agradecer:
Por ser.
Independente do que o outro possa ou não ter.
#euarenata

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Falando de amor...


A língua do amor é universal.
Não precisa ser traduzida.
Basta ser sentida.
De preferência, em boa companhia.
A boa? É ficar do lado de quem nos sentimos bem.
Ficar ao lado, acompanhando sempre.
De preferência, de perto.
Emocionalmente.
De longe mesmo?
Fisicamente distante apenas, quando impossível, por alguma razão externa à sua vontade, acompanhar de perto.
Pois o mundo do homem só estará completo, se ele não estiver só.
Deve estar preenchido.
Com sentimentos.
Com acontecimentos.
Que devem acontecer na companhia dele mesmo.
E dos que fazem bem a ele.
Mesmo se iludindo, por vezes, que o mal que sente venha dos que o cercam,
Na verdade vem da intimidade que precisa ser acompanhada,
Com nada além de amor.
Por si mesmo,
Pelos outros.
Acompanhada, excepcionalmente, por aqueles que querem seu bem.
O amor salva.
O amor soma.
O amor rejuvenesce.
O amor cresce.
E aparece batendo na porta da sua alma.
Todos os dias.
Portanto, deixe ele entrar.
Criando o hábito de conversar com si próprio,
Com todos que o cercam,
De perto,
Ainda que de longe,
A linguagem que não cai em desuso,
Que não envelhece,
Que nunca é repetitiva,
Que não carece de tradução.
A linguagem universal do amor.
#euarenata

Mais um Tabu


No Dia das Crianças, gostaria de falar sobre sexualidade infantil. 

Se espantou? Deveria. Também fiquei assustada com o tema assim que foi sugerido pela escola do Lucas como foco de discussão entre os pais e a respectiva psicóloga. 

Então tudo ficou esclarecido: não tem nada a ver com o tipo de sexo que possa ter passado equivocadamente pela sua cabeça. 

E se você ainda tiver compreendido entre a faixa etária dos trinta pra cima, veio de gerações que simplesmente não falavam sobre sexo ou, se comentavam algo, era com extremo desconforto. 

Não quero parecer pretensiosa e discorrer sobre psicologia sem sequer ter conhecimento acadêmico ou atuado profissionalmente na área. 

Peço que me vejam como mera multiplicadora de um tópico tão delicado. Pouco discutido até os dias de hoje, segundo afirmado por tal psicóloga. 

Sexualidade infantil, sendo bem simplista, se traduz na maneira em que crianças de até mais ou menos quatro anos de idade, buscam outra vertente de conforto emocional para si mesmas. Através de paninhos, chupetas, mamadeiras e afins. Vícios infantis. 

Afora, lógico, o aspecto de descobrir a sua própria sexualidade. Que o menino tem pipi e a menina pepeca.

E devemos tratar esse assunto de forma natural, sem recriminar ou dizer que é "feio" ou "sujo". E se o pegarmos no flagra mexendo nos "países baixos", devemos adotar a mesma postura bege, não alertando para o ato em si ser anormal. E desviar a atenção para outra atividade. 

A criança vai acabar brincando de outra coisa, assim como estava fazendo até então: brincando de (se) explorar.

Quebremos o tabu das antigas gerações. De tantas pessoas que acreditam ser o sexo algo porco ou proibido. 

Busquemos olhar a criança nos livrando do olhar (preconceituoso) do adulto. 

Então quando vejo o meu filho, tão obediente em tantos quesitos, tão cheio de saúde e de luz, ser tão apegado à sua chupeta... Admito que fico frustrada, mas até certo ponto: o de não ter logrado êxito em fazê-lo largá-la (ainda). 

O dente dele ficar torto? Juro que é a menor das minhas preocupações. Pois tudo com o Lucas progrediu no tempo dele. 

Por que deveria ser diferente na hora de chamar o Minion para levar suas chupetas embora?

Grande Pequeno Príncipe


Ser mãe de menino... 
É ser mãe de um homem que sempre a amará incondicionalmente.
É ser mãe de um eterno pequeno príncipe que um dia se tornará um rei. E independentemente da princesa que escolher para viver com ele em seu castelo, você, mãe de menino, será a sua referência atemporal de como uma rainha deve se portar.
É através de você, mãe de menino professora, manicure, médica, faxineira, advogada, artista, dona de casa, que o seu menino passará a enxergar a mulher como ela realmente deve ser vista.
É através dos nossos exemplos de hoje, que esse menino de agora saberá como tratar uma mulher depois.
Mãe de menino: você se dá o respeito? Respeita o próximo?
O mima tão somente com beijos e abraços?
Diz para ele diariamente quanto o ama? O quanto o admira?
O repreende quando faz pirraça? Quando se comporta mal? Quando não age com cortesia com qualquer ser vivo que seja? De qualquer espécie, classe social, cor, idade, ou sexo?
Você o escuta?
Brinca com ele? O incentiva a sonhar?
Você o ensina a ser paciente? Pedir desculpas? Falar bom dia, por favor, obrigado?
Pede a ele para te ajudar a organizar os brinquedos desarrumados ou limpar o que ele sujou? Cordialmente?
Você enfatiza que amar é quando nos sentimos felizes pela alegria dos outros?
Você diz a ele que é normal chorar, sentir medo?
Não só porque ele nasceu com o gênero masculino que deve se portar como um ogro desprovido de qualquer tipo de empatia ou sensibilidade. Por isso publiquei uma foto de bichos de pelúcia. Mais unissex, impossível. E ainda fazendo questão de que a Masha do Urso aparecesse, toda vestida de rosa.
Sim, uma boneca enfeitando o quarto de um menino.
Puro.
Que não tem maldade alguma. Que não discrimina nada ou ninguém.
Que brinca com carrinhos, massinha, Lego e de casinha também.
E que apesar do mundo ser tão cruel e não respeitar diferenças, torço para esse menino continuar assim, ao menos, em essência: amável, prestativo, educado.
Totalmente do bem.
Pois quando ele se tornar adulto?
A princesa dele realizará o sonho de infância de tantas: o de encontrar de verdade, um verdadeiro príncipe encantado.
Que puta responsabilidade a nossa, rainhas, mães de futuros reis. 

Vampiro Ideal



Vampiros. 

Viver eternamente diversas vidas numa vida só. 

Desfilar pelos quatro cantos do mundo a beleza estonteante que lhe é peculiar, diria hipnótica. 

Que enlaça a alma até do religioso mais crente ou do laico mais cético.

 Ser que transborda sapiência das mais diversas culturas. 

O meu vampiro? 

Não é um monstro sanguinário com caninos avantajados exibidos ao esmo. 

O vampiro que idealizo? 

Não suga vida; promete mais vida na vida. 

Ele sabe que pode cumprir com qualquer promessa. 

Ele pode tudo. 

Pois não só lê mentes. 

Ele lê qualquer um, por inteiro. 

E o domina, redigindo você, da forma e na fôrma que desejar, conforme seu bel-prazer. 

Já teve tudo. 

Tem você. 

E ainda quer mais de tudo que ainda resta. 

Sua sede de viver não passa. 

Ela é eterna assim como sua própria existência. 

Tal como sua arrogância. 

A arrogância da juventude. 

A juventude que nunca teme. 

Não sofre. 

Aquela, dona de qualquer verdade. 

A que nunca desiste. 

Talvez se traduza numa espécie de instinto de sobrevivência, a arrogância do jovem. 

Que mantém sua chama quente.

 Fazendo-o seguir em frente.

 O medo? 

Não o abate como com a maioria. 

Que teme perder alguma coisa, alguém. 

O jovem? 

Não tem nada a perder. 

Pois sabe que viverá para sempre, mesmo que em outra vida. 

Assim como o vampiro. 

Que vive o momento, pois sabe que nada além da eternidade o aguarda. 

Pra quê perder tempo com problemas do passado ou ânsias do futuro?

 Nunca. 

Ele simplesmente vive.

 Beija. 

Diverte-se no meio de Garotos Perdidos. 

Se revela numa Entrevista com Vampiro.

 Faz juras de amor eterno, para a bela menina no Crepúsculo. 

Reverencia humildemente a épica perspectiva do Dracula de Coppola. 

Vampiros são mortos que vivem. 

Muito melhor do que muita gente viva que se mata a cada instante. 

Que vive como mortos a vida que poderia viver como vampiros: eternamente presente no presente.

Supere-se


Sempre admirei exemplos de superação. 

Posso citar inúmeros nos quais me espelho, mas este texto faço questão de dedicar a ele. 

Para outros se sentirem motivados também. 

A seguirem seu instinto, e não aceitarem nem mais um segundo, permanecer numa vida moldada para ser supostamente vivida de forma plena. 

Teria sido perfeita já que nunca lhe faltou nada.

Mesmo sendo próspero, esbanjando saúde, tendo uma família, um trabalho, amor para dar e vender... 

De tudo que nunca lhe faltou, sentia falta de algo. 

Era feliz, em diversos campos da sua existência. Mas faltava alguma coisa. 

Fez tudo certinho, de acordo com o esperado, ou melhor, com que foi moldado. Para ele. Para tantos. 

Estudou, se formou, fez pós, trabalhou, se casou, trabalhou, teve um filho, trabalhou... 

Até que um dia, sufocou. Num momento de epifania qualquer, após completar exatos trinta anos de idade, sofreu um profundo colapso emocional. 

Perdeu a sua identidade. Aquela, moldada para ele. 

Nunca deixou de ser grato por tal identidade, apenas não se identificava mais com ela. 

Passou a fazer terapia, buscando encontrar algo que sempre esteve à sua procura, no seu insconsciente, mas que ele nunca dera ouvidos.

Pois o molde criado para ele, o deixava imobilizado. O mantinha surdo. Faltava-lhe habilidade para escutar a sua alma que constantemente gritava, suplicando: "_Saia do seu molde! Seja você!". 

E ele sempre foi da arte, mesmo sem saber. 

Ou até sabia, mas não se permitia ser. 

Ser ele mesmo, nesse aspecto, o profissional. 

Então finalmente compreendeu: ele não foi feito para viver em gaiolas sociais ou de trabalhos comuns. 

Não podia mais interpretar a sua vida, sentia urgência de viver de arte. 

Viver a sua própria vida, interpretando nada além da arte. Do teatro, do cinema.

Então se libertou. 

E tudo se encaixou. 

O vazio que sempre o acompanhou foi preenchido. Com ele mesmo. 

Parabéns, meu marido, companheiro, ator predileto, @vitor_fonsek, por ter se tornado mais um exemplo de superação!

E torno a parabenizar: pelo título de segundo lugar do "Mobile Festival" da Escola Wolf Maya, que completou hoje uma semana! E que venha o Oscar!


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A Fábula dos Tênis Adidas


Era uma vez, um pé direito que calçava um tênis Adidas cinza com listras rosas. Embora discreto, tinha atitude: andava de skate, falava o que lhe dava na telha e gostava de compor o seu "look" com calças espalhafatosas. 

Já o pé esquerdo calçava um Adidas preto com listras brancas e ostentava uma bela estampa colorida. Embora mais chamativo na aparência, sua essência era recatada: preferia caminhadas, falava o essencial e o seu estilo era mais sóbrio. 

_ Você devia falar mais o que pensa... - comentou o cinza, tomando a dianteira da conversa.

_ Por que? - questionou o preto, sempre reticente.

_ Para as pessoas te conhecerem melhor. - afirmou o cinza.

_ E por que eu me preocuparia com o que os outros acham de mim? - desdenhou o preto.

_ Porque vivemos em sociedade. Temos que compartilhar opiniões. Sermos mais humildes. Não podemos nos achar os donos da razão. - enfatizou o cinza.

_Logo você falando em humildade? Deveria ter mais empatia e respeitar o jeito de cada um! - revidou o preto. 

_Ha-ha-ha. Para quem não dá a mínima para o que os outros pensam, vem falar de "respeito ao próximo"... - ironizou o cinza.


_ Engraçadinho, hein? Adora emitir opiniões infundadas sobre tudo. - contestou o preto. 


_ Pelo menos eu coloco pra fora. Aliás, você é um hipócrita! Todo mundo fala de tudo e de todos! - criticou o cinza.


_ Eu não. Sou da paz. - discordou o preto.


_Não mesmo? Você acabou de dizer que eu eu falo demais e tenho que ter mais empatia. Se isso não é falar sobre alguma coisa, e dos outros, não sei o que é. - ironizou.


_Você me provocou - respondeu o preto, encarando o cinza.


_Pra quem se diz "zen"... Então você admite que o meu comentário o atingiu? - frisou o cinza. 


_Nunca! Não tô nem aí. - teimou o preto.


_Tá, sei... - respondeu com sarcasmo o cinza. _Vamos embora, então. Pra direita, já! - determinou o cinza.


_Nada disso! Pra esquerda! - demandou o preto.


Então os tênis Adidas realizaram que não conseguiriam ir a lugar algum desse jeito. E em tom uníssono exclamaram: "_Vamos para frente?"


Moral da história: 


Embora diferentes;


Todos somos Adidas. 


E para seguir adiante? 


Todos precisam caminhar juntos.
 #euarenata

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Instinto Selvagem


Da série "destinos selvagens" esse dia foi, sem dúvida alguma, para o hall das memórias inesquecíveis: mergulhar com tubarões. 

Num lugar tão incrível quanto o próprio passeio: a paradisíaca Bora Bora. A água é tão translúcida que é possível enxergar o fundo mais profundo de todo seu oceano. 

Do alto do barco que nos levou a tal local inenarrável em termos de beleza natural, avistamos, nadando rente à areia branca como neve, o maior de todos esses magníficos seres marinhos: um exemplar da espécie tubarão lixa com meros três metros de extensão de um extremo ao outro. 

Confesso: de dar medo. 

Admito: passei longe dele. 

Embora ousada por natureza, ainda mais se envolver proximidade com bichos em geral, os quais tenho enorme apreço, prefiro em algumas ocasiões seguir o princípio do "mais vale um covarde vivo do que um herói morto". 

Porque aí estamos lidando com instinto. Animal. Dos mais primitivos de todos. 

Até onde sei, o tubarão é um dos únicos dinossauros remanescentes do planeta Terra. É a essência primitiva personificada nesse imponente ser aquático. 

Temos que respeitar esse tipo de manifestação natural. Que é absolutamente irracional, então bastava o turbarão em questão ter acordado com o pé esquerdo, ou melhor, com a nadadeira esquerda, e... Nhac! Acabo deixando por puro capricho um pedacinho meu no Tahiti. 

Mórbido, não? Mas alguém duvida que isso possa acontecer? Vai que... Nem o Seguro Bradesco salva nessas horas! 

Então recolhi-me à nossa frágil condição humana, reconhecendo que o tubarão é mais forte, até mais esperto do que eu, ao menos no quesito "caçar". 

Preferindo nadar, assim, como dizem por aí, "na água do xixi", ainda assim com tubarões, mas com no máximo um metro cada um.

Já valeu a experiência, tirei várias fotos que de tão magníficas - modéstia à parte - remetem a pinturas vivas. 

E me fez enxergar o que todos já sabem: na vida, sempre estaremos nadando entre tubarões. 

A diferença, é que os que moram no mar, nós sabemos do que são capazes.

Ensaio sobre a Demência


"Abstrair e fingir demência, que é melhor." 

Li hoje essa frase no perfil de uma amiga e concordei. Ao menos, em teoria. 

Pois fingir, para mim, é algo extremamente desafiador. A energia ao meu entorno simplesmente me denunciaria. 

Ainda assim, apreciaria muito saber ignorar. 

Pregar indiferença. 

Verdadeiramente acreditar que o silêncio vale por mil palavras. 

Pode até valer, se ponderarmos bem, por mil questionamentos: de quem é vítima de tal silêncio. 

Como saber o que o outro sente, se permanece silente? 

Como adivinhar o que o outro pensa, se finge demência? 

Ou seria carência? De afetividade, atenção, quiçá, até, opinião própria? Por falta de coragem de se expor? Ou de personalidade? 

Como entender pessoas que são tudo menos si mesmas, executando o papel de personagens diversos apenas para sentir o gosto do que é viver a vida de outros?

 Pois certamente vivem um pesadelo. 

Encoberto pela utopia de propagar algo que seria perfeito se não fosse pelas imperfeições de sua alma. 

Então preferem assim, viver a vida de terceiros. 

Admirar encobertamente. 

Imitar atitudes. 

Monitorar passos. 

Ostentar títulos que inexistem. 

Fugir da realidade. 

Pois a verdade dói. 

Porque a sua verdade é de mentira. 

A ferida que tanto declara ter sido plenamente curada, sempre permaneceu aberta.

Diferente do seu interior, que é fechado para o mundo. Até para si mesmo. 

Não confio no silêncio como a melhor resposta, pois parto do princípio que a expressão da emoção é a maior demonstração da razão na sua essência. 

O caminho mais curto para a transparência. 

Deficiente não é o demente em si, mas aquele que não é transparente, dentro e fora de si mesmo. 

O tal que prefere continuar sendo a sombra da vida de outros, quando poderia refletir a luz da sua própria vida. 

Mas opta por abstrair. 

Abstrair, fingindo demência, que é melhor. 

Só não sei para quem.