quinta-feira, 28 de abril de 2016

Só porque ela detesta rótulos...


Bela, fera, nem um pouco recatada, do lar, do mar, do marido, do filho, da vida, do mundo, de qualquer profissão, de qualquer lugar, da ilusão, da confusão, da fantasia, que escreve todos os dias, alegria, alegria, provoca, não me importa, provoco, saio do sufoco provocado pelo rótulo, livre é ser o seu próprio ser, potência livre de qualquer subserviência, desapegada de paradigmas. 

Luta contra o luto de ser algo que não se é nem deve ser. 

Seja digna, seja bela, seja fera. 

Só não seja como querem que te Veja. #eurenata #belarecatadaedolarsqn

terça-feira, 26 de abril de 2016

Amizade sem prazo de validade


Que dificuldade fazer uma amizade, que seja de verdade. Daquela que dure para toda a eternidade. 
Não se pode negar que, hoje em dia, amizade possui prazo de validade. 
Li outro dia que, na atualidade, a maioria das amizades duram, em média, de cinco a sete anos e considere-se afortunado se você, por um acaso, se enquadrar nesse caso. 
Tal fato empírico me levou a fazer uma retrospectiva das amizades que adquiri ao longo da vida, e olha que as minhas experiências pessoais infelizmente não ficaram muito distantes de dita realidade. 
Seja porque alguém mudou de cidade, seja porque a amizade resistiu apenas à mocidade; seja porque acabou em briga, seja porque a distância afastou a relevância da até então aparentemente inabalável amizade, fato é que, salvo raríssimas exceções que limitam-se à quantidade de dedos que possuo em uma das minhas mãos, grande parte das amizades caducou com o passar do tempo. 
Para se cultivar com excelência uma amizade ativa, ela deve ser produtiva; produzir ações e reações de ambas as partes. Embora tal conceito constitua uma fórmula irrefutável para o sucesso, nunca será possível padronizar a amizade. 
Existem aquelas amigas que muito embora não se tenha contato frequente, há a certeza de quando se encontram novamente, nada será diferente. Essas são o tipo de amiga, que sem esforço, se cultiva a perder de vista. 
Existem as amigas vampiras, aquelas que sugam até o último resquício de emoção do seu âmago, boa ou ruim. Parecem sombras que vivem para querer criticar e viver por você. Esse tipo de amizade não deveria durar nem um ano. Mas o problema é que são tipos tão perspicazes e manipuladores, que você só se dá conta do quanto te sugam, quando a amizade já fincou as suas raízes no seu seleto corredor de árvores da amizade. Não hesite; corte esse mal pela raiz. 
Amizades devem agregar e não afundar. 
Em contraposição, há a figura da amiga- irmã, aquela irmã de coração, muitas vezes mais próxima do que a própria irmã de sangue. São anjos disfarçados de amigas, que só te querem o bem. Esse tipo de amizade deve se carregar até o além. 
E privilegiado é aquele que possui mãe-amiga, pai-amigo, avós-amigos. Note que a vertente co-sanguínea não vem, à toa, como prefixo da palavra "amiga(o)". Antes de ser amiga(o), mãe, pai, avós têm a obrigação de educar. E educar é ser exemplo. Veja que, não é "dar exemplo", é ser o próprio exemplo. Devem priorizar o relacionamento ascendente-descendente acima de qualquer camaradagem. Senão, qual seria o propósito fundamental de ser mãe, pai e avós? Já amigos não podem interferir na sua pessoa, nem devem. 
Amigos não podem se tornar tiranos. Ser amigo é um se espelhar no outro, em alguém que te faz bem.
Amigo é ombro amigo, e fica rouco de tanto ouvir. Amigo é sinônimo da mais pura e legítima diversão. Amizade é tudo de bom. Mas para ser duradoura, tem que dar um duro danado. E não é que vale a pena tentar? Nem que seja por meros cinco anos. #euarenata

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Diferentes, porém, iguais


Um ponto fora da curva. Uma exceção às estatísticas. Nos conhecemos com eu fazendo trinta e você, hoje, trinta e um. 

Quando completei trinta, surgiu um divisor de águas na minha até então ordinária existência, pois estava apostando no escuro, na estrela da minha vida, em você, que tanto me fez vibrar, crescer, evoluir em todos os sentidos. 

Um cara tão novo com uma cabeça tão séria. Uma menina mais velha com uma cabeça tão moleca. 

Que mistura mais inusitada e agora estamos aqui, do mesmo jeito, no entanto, cada vez mais certos do que queremos e mergulhados ainda mais na convicção de que somos sim, diferentes se sopesados publicamente, porém, iguais em essência, livres em espírito, e despossuídos de qualquer ambição material que não seja a realização emocional, pessoal. 

Por isso, meu pinguim, isso, aquele bichinho dócil que quando encontra o seu respectivo par sabe que é para todo sempre, só posso desejar a você um holofote de luz, uma corrente vibrante de aplausos e um palco repleto de sucesso, pois você merece tudo de mais maravilhoso que a obra cinematográfica da vida pode proporcionar. 

Que venha o Oscar, então! Melhor ator, melhor marido, pai. Melhor amor. #euarenata

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Honestidade à flor da alma


Navegando pela internet acabei me deparando com uma frase a qual atribuía à honestidade um valor precioso, pregando, entretanto, que para se ser honesto, o preço a ser pago é alto. 

Concordei com o conceito, entendendo, entretanto, que a honestidade, na realidade, não tem preço. Na minha visão, honestidade, vem de graça. 

É algo que deve ser inerente à essência humana. 

Ser honesto. Agir de forma honesta, principalmente, quando não há ninguém testemunhando os seus atos. 

É retirar os óculos do orgulho, e encarar tudo de frente, honestamente. Há uma diferença entre ser honesto, ou seja, digno, bom, e se portar de maneira franca e espontânea. Estou me referindo à dúbia sinceridade.

Não  é sempre que podemos ser sinceros - embora esteja fincando os dentes na minha língua ao afirmar isso, já que sou praticamente desprovida de filtro. 

Não posso, simplesmente, dizer que o meu chefe está totalmente enganado, ou declarar que a minha amiga está obesa. Sinceridade em demasia beira a antipatia. 

Para isso existe o trato social. Um componente que impede o bolo do convívio com pessoas em geral, solar ou queimar. 

Nessa hora temos que colocar os nossos óculos da vaidade de volta e tentarmos ser menos naturais, o que absolutamente não significa que estejamos sendo desonestos. 

Tudo se resume a agir de maneira honesta-consciente, pois as pessoas têm consciência, que pode ser profundamente abalada com o menor comentário franco demais.

O chefe fez algo de errado? Por que não evitar de ser demitido, e recomendar, então, uma nova opção ao invés de dizer que ele causou um problemão? A amiga questionou se está gorda? Por que não evitar de magoa-la, e ao invés de tocar diretamente no assunto, sugerir que ela se exercite, sustentando que isso certamente a fará se sentir bem com ela mesma? 

Assim, mantém-se o emprego e amiga. E prega-se a cordialidade, que também não custa nada. Tudo, sem ser desonesto. 

Porque a desonestidade sim, essa é cara. Ocultando a sua cara. Carregando o fardo de uma consciência pesada. De uma vida armada. 

É um preço muito caro a se pagar. É viver na prisão de uma dívida eterna do poder enganar os outros menos a si mesmo. E só a honestidade liberta, meu caro. #euarenata

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Eu assumo


Assumir. 

Avocar para si. 

Tornar público.

Reconhecer. 

Assumir um erro.

Uma arte. 

Uma cor. 

Uma dívida.

Um filho. 

Uma opção sexual. 

Antes de assumir algo, quase sempre bate aquela vontade de sumir.

De ser engolido pelo profundo buraco negro da nossa existência e acompanhar os demais como um robô conduzido pela casualidade, desprovido de qualquer ambição, pois é mais fácil ser igual do que diferente. 

Mas qual é o conceito do diverso? 

Nada será aceitável em sua total amplitude pois sempre existirá a impaciente Intolerância acompanhada do perverso julgamento que conduzem o carro-chefe do supostamente considerado senso comum, um fantasma que assusta até o mais cético de todos.

Que reside inconscientemente numa casa mal-assombrada da conveniência, apenas para manter a aparência. Tudo gira em torno de imagem, então ai de você se ficar em desvantagem. 

Porém, seja uma sumidade e reconheça que existe apenas uma chance de assumir com a destreza de um cowboy articulado as rédeas do seu próprio destino. 

Pois quando se cai do cavalo é muito provável que a besta parta atordoada, em disparada, na direção do vácuo da incerteza, levando consigo toda a coragem de assumir a sua vida por inteiro. 

Portanto, assuma-se, antes de levar mais um coice da autocrítica. 

Cavalgue sem receio, livre, no seu interior. 

Assuma os seus defeitos, corrigindo-os. 

Assuma suas qualidades, aprimorando-as. 

E acima de tudo tenha humildade para assumir uma posição de respeito perante o próximo.

Perante si mesmo. 

Viva e deixe viver. 

Assuma e deixe assumir. #euarenata

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Majestosa Solitária


Tão solitária do alto do seu pedestal, dona do céu, misteriosa, mais do que majestosa, emoldurada por um fundo infinito de azul profundo, tão reluzente e sombrio, tal como a ambiguidade do meu ser, complexo, confuso, triste, porém, sempre vivo. 

Então amanhece e tudo resplandece sugerindo uma constelação de oportunidades em plena luz do dia, e tudo que antes o deixava para baixo, te coloca para cima, e assim corremos em círculos na desconcertante, sempre fascinante, roda-gigante da vida. #euarenata

domingo, 17 de abril de 2016

Efeito Cascata



Quero Causar!

Causar efeito, em si mesmo, nas pessoas, no mundo em geral. 

Quero causar, criar frases de efeito, deixar o sol raiar, me fazer brilhar por fora, arder por dentro. 

Quero morrer de curiosidade, nunca de tédio. 

Quero mover pelos horizontes afora, fincada no meu porto seguro. 

Quero ser melhor do que eu mesma sem nunca ter a pretensão de achar que sou melhor que qualquer um. 

Eu quero fazer acontecer, com paciência. 

Quero agradecer, sem ter motivo. 

Quero perdoar, e esquecer a razão.

Quero pensar de menos quando for para pensar em algo que só vá me fazer sofrer mais. 

Quero sempre buscar a sapiência da inteligência e a espiritualidade da luz. 

Eu quero tudo de bom, para mim, para você. 

Querer é poder. Mas para poder, tem que fazer por merecer. 

Faça o certo.

Nunca é errado agir, causar, de maneira correta. #euarenata

terça-feira, 12 de abril de 2016

Que seja Eterno



Você, com esse sorriso de canto da boca, o conheci no canto de uma boate qualquer, um encanto de homem, pelo olhar que diz tudo numa só encarada. 

Há uma mescla de inocência, seriedade e irreverência na sua essência, que nunca será revelada por inteiro, nem em cem anos, pois até você se descobre, sorrateiro, a cada segundo. 

O conheci tão novo e não temo repetir, de novo, o quanto o admiro em todos os seus sentidos, que muitas vezes não fazem sentido, mas o amor nunca fará. 

Sentimento se sente, se dê por contente por tão somente senti-lo. 

Intensamente experimenta-lo em todas as suas vertentes, na alegria, na raiva, na briga, na companhia. Que seja eterna. 

Assim como o meu amor por você. #euarenata 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Por um mundo com mais irmãs, e menos vilãs....


Quem é mulher, levante a mão! Se você foi agraciada com o cromossomo "X" na sua composição genética, parabéns: saiba, desde já, que o mundo está aos seus pés. Que se estiver calçando um salto alto, e dependendo da índole da criatura, então, ou desfilará como uma uber model pelas passarelas do mundo feminino, ignorando solenemente e com elegância a opinião das outras (haja autoestima), ou irá usar a agulha do salto em questão como uma arma para esmagar, sem remorso, a adversária criada na sua distorcida imaginação. 

Digo isso, porque tenho um relacionamento complicado com o meu gênero sexual. Não porque eu goste de maneira afetiva de outras pessoas do mesmo sexo, mas, porque, por vezes, abomino a real essência do meu sexo. Me explico: sinto que trata-se de uma espécie de bullying contra si e terceiros misturado com a drama queen mais dramática de todas, tudo enfiado numa bomba prestes a explodir. 

Basta acioná-la com um olhar atravessado, ou simplesmente dizer a verdade, e BUMMMM, pronto: saiba que acabou de faturar uma inimiga - oculta, a pior de todas. Aquela que quando a encontra, até sorri (amarelo), no entanto, só irá falar sobre as suas próprias vitórias, elogiar os seus próprios feitos, e fará questão de declarar tacitamente que não sente o mínimo de interesse por nada que não seja sobre si própria, seja pelo olhar de descaso lançado, seja pelo tédio emitido pelo som do seu bocejo. Tudo para não admitir, que pelo contrário, ela intimamente até ovaciona tudo que a outra faz ou deixe de fazer. 

O irônico é que aquela que tanto desdenhou, é pega no flagrante no Instagram, usando a mesma cor de batom que tanto esculhambou. Aquela música que ela desmereceu, é do show da banda em que exibe incansavelmente em diversas fotos no Facebook. E aquela bota que ela nunca botou fé, é a mesma que apareceu usando na foto de uma rede social qualquer. 

Fico pasma como o estrogênio em excesso parece estragar o gênio que existe dentro de cada mulher. Por que somos tão competitivas? Por que somos tão falsas? Por que é tão difícil elogiar? Admirar escancaradamente? 

Questiono se esse tipo de comportamento dúbio teria se originado no passado, onde a sociedade era gritantemente mais machista, e as mulheres teriam sido incentivadas a odiarem umas as outras, por uma questão tão absurda, como um casamento arranjado, por exemplo. Sim, porque antigamente o importante era casar a filha com um bom partido. 

E vamos ser francas, quanto menos concorrentes, melhor? Certo? Er-ra-do! Minhas queridas irmãs de alma, lindas, deslumbrantes, prestem atenção: todo jardim tem uma flor diferente, que convive pacificamente, com todo tipo de semente. E para cada flor, existe uma quantidade exorbitante de abelhas, beija-flores e borboletas que pousam, beijam e acariciam cada uma dessas formosuras, que são únicas, na sua cor, no seu cheiro, na sua textura. 

Somos a mão que balança o berço, a mão que cruza os dedos, somos o “X” da questão. E essa questão deve ser respondida com muito menos críticas, principalmente se não forem construtivas. 

Vamos elogiar abertamente umas às outras! Vamos torcer pela felicidade das outras! Imitemos, sim, umas às outras! Qual é o problema? É tão legal se espelhar em alguém que te faz bem! Vamos espalhar dicas, presentes, sementes do amor retirando conjuntamente todo esse abominável lixo comportamental do nosso encantador e colorido jardim, que é o universo feminino. Nosso próprio jardim secreto. Mas que de hoje em diante, passe a ser politicamente correto, repleto de afeto. #euarenata

quinta-feira, 7 de abril de 2016

ABC da boa forma


Fique tranquilo, este não se trata de mais um daqueles posts fits querendo esfregar de - muito boa forma - aparentemente despretenciosa na sua cara (sem vergonha que acabou de ser pego no flagra devorando um chocolate bem engordativo), mais uma refeição sem glúten, sem lactose, sem graça, de alguém que provavelmente só olhe para o seu próprio umbigo, ou melhor, contemple o seu próprio abdômen cheio de gominhos, motivo de orgulho, fruto de incessantes horas sacrificadas em cardios, spinnings, aulas localizadas no seu dia-a-dia de treinos executados em regime (sempre diet) na academia (que não é militar). 

Não me leve a mal, também sou o tipo de pessoa que se alimenta saudavelmente, se exercita regularmente. 

Porém, no meu ABC da boa forma o seu conteúdo não se resume a "abdômen", "bunda" e "coxa", mas a princípios mais nobres como "amor", "bondade" e "consciência". 

Consciência de realizar que ter vaidade é fundamental, porém, em termos de ordem de prioridade, a palavra "malhação" se encontra alocada no meio do caminho para o final do meu alfabeto, se considerarmos 26 letras no abecedário. 

Na minha humilde opinião de quem acredita piamente que qualidade de vida nasce de dentro pra fora, mais vale um belo cérebro sarado, do que um nem um pouco atrativo esculpido corpo vazio. #euarenata

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A cada escolha, uma renúncia


"A cada escolha, uma renúncia", já dizia o saudoso grupo Charlie Brown Jr.. Nada mais verdadeiro do que tal assertiva. Pois se assim não o fosse, não existiria o outro dito popular "mais vale um pássaro na mão, do que dois voando" para corroborá-lo. 

Tudo se resume a uma simples regra de conduta, aquela que deve tirar diaramente o sono dos mais gananciosos, qual seja, a do "não se pode ter tudo. De tudo". 

É possível viver em equilíbrio com um pouco de tudo. Mas nunca, veja bem, nunca, tudo de tudo. Aquele que trabalha demais, certamente terá saúde e família de menos, aquele que trabalha de menos, provavelmente terá mais família, e possivelmente menos dinheiro. 

Existem também aqueles que não trabalham, não têm saúde e não têm família. Seja porque nasceram em berço de ouro e vivem de renda, seja porque até foram agraciados com parentes, mas vivem sozinhos, por opção. E como dizem que o "ócio é a oficina do diabo", certamente lhes faltará o mínimo de sanidade necessária para lidar consigo e até com os outros. 

A questão é que somos obrigados, desde cedo, a escolher. Você quer usar vestido ou short? Estudar e passar de ano ou vacilar e levar bomba? Beber ou dirigir? Ser biólogo ou engenheiro? Quer comer arroz ou macarrão? Só existe uma resposta para cada pergunta da prova existencial de múltiplas escolhas da vida. 

É sabido que bom caráter não anda de mãos dadas com o crime, assim como não se pode ter um filho sem ser mãe. Cabe a escolha de ser correto, assim como a opção de ser presente ou ausente. Dependendo do caminho a ser seguido, implicará em consequências, boas ou ruins. 

Não se pode possuir a flor mais bela, se ela não estiver plantada num jardim. 

Não se pode ter um grande amor se não for exclusivo. 

Não se pode ser atleta se não fizer exercício. 

Não se pode comer besteira, se quiser ser referência de (imposto pela sociedade) padrão de beleza.

Não se pode fumar, se quiser um pulmão limpo. Não se pode ser feliz por fora se é infeliz por dentro.

Não se pode ser meio amigo. Deve ser de lado, de frente e, principlamente, nas suas costas. 

Tal como água e óleo não se misturam é assim querer ter tudo de tudo. O tudo não se mescla com o máximo. #euarenata

sábado, 2 de abril de 2016

Para sempre te vejo


É assim que te vejo nos meus sonhos, com esse colorido que lhe é inerente e a nobreza do seu interior que se reflete na sua aparência, sempre asseada e para frente do seu tempo. 

Alguém que nasceu na década de 20 e testemunhou uma exorbitante quantidade de acontecimentos decorrentes dos séculos XX e XXI, os quais eu tive o privilégio de ouvir através da sua própria voz rouca, nos nossos almoços quase mensais. 

Naquele apartamento do Leme, que tanto me remetia à infância! Uma cozinha americana numa residência brasileira, um closet misterioso escondido atrás de uma porta enterrada numa parede, o cheiro forte de maresia que se sentia ao entrar na sua portaria e a padaria da esquina que nos agraciava com aquele delicioso pão francês, tão quentinho, característico de lanche na casa da vó.

Uma avó, que por sinal, cozinhava muito bem, não deixava nada a desejar às obras dos pintores mais famosos, e costurava com tanta perfeição, que só me lembro de quando pequena contar os dias para ganhar mais uma camisola de princesa para me acompanhar nos meus mais belos sonhos. 

Aliás, você sempre se destaca atualmente nos meus, vestida de branco, imersa num foco de luz refletido sobre o seu semblante, com um cigarro aceso numa das mãos e as unhas, claro, sempre impecáveis.

Que figura, remetendo a um anjo daqueles vindos direto de um filme paranormal, do tipo "Constantine". 

Um anjo que me puxou para o canto da minha imaginação e proclamou, com imposição nas suas palavras: "_Renatinha, preste atenção: nunca, mas ouça bem, nunca se descuide! Sempre se arrume!", determinou, levantando o dedo indicador em riste na minha direção. 

Como uma autêntica ariana, teatral e mandona. Ou melhor, mãezona! Mãe de três gerações, pois chegou a ser bisavó de muitos.

E fará falta, mas sempre estará presente aos nossos olhos, nos retratos espalhados, no nosso olfato, no cheiro de pão, na nossa memória, nas doces recordações, nos nossos sentimentos, dentro dos nossos corações. 

Vó querida, nos veremos novamente, só torço que não seja brevemente, pois espero ter herdado a sua longevidade. Certamente nos reencontraremos na hora agendada pelas nossas almas, para toda a eternidade. #euarenata

Ritual da Passagem


Uma janela se abre, outra se quebra, 

Uma porta se tranca, um portão recepciona,

Um sonho vira pesadelo, constrói-se um prédio,

Uma amizade desmorona, um desconhecido se torna amigo,

Uma água gera vida, um mosquito mata, uma mosca é varejeira, outra de padaria,

Um raio espanta, uma chuva que encanta, 

Um papagaio é Zé Carioca, outro de pirata, 

Um bebê que se encolhe, um indivíduo acolhe, 

Uma oportunidade se aproxima, outra vira a esquina, 

Um sorriso escancara, uma lágrima escorre, um abraço aperta,

Um tapa na cara te deixa em estado de alerta, 

Um beijo acalenta, um amor esquenta, um corredor que vai de encontro com um desencontro, 

A nossa passagem, tão efêmera, silente, nem sempre ciente, de frente para as costas do seu multidimensional destino. 

Confuso? Não seja obtuso.

Somos meros fantoches comandados pelo acaso. 

No palco dirigido por alguém que está além de qualquer desdém. 

É a arte cênica in loco sem direito a ensaios, mas, tão somente, a reações.

Que sejam as melhores, então. #euarenata