quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Existo para mim


“Penso, logo existo”, assim declarou Descartes. A contrario sensu, se eu não pensar, não existo. Ao menos, para o filósofo iluminista em comento. Quando digo não pensar, significa agir sem ponderar. Então a minha existência passa a ser relativa. Ela é condenada à morte, mesmo eu ainda estando onipresente. Confesso que diversas vezes na minha relativa ou não existência,  simplesmente deu uma enorme vontade de chutar. O balde, o pau da barraca, a bola de futebol americano. Representado todos, a razão. Deu vontade de chutar a razão, quinhentas jardas à minha frente. Touchdown para a Renata! Penso que pessoas que racionalizam demais, agem de menos. Sempre buscam desculpas para não se comportarem, agirem, amarem, de determinada maneira considerada  - aparentemente - fora do âmbito da conveniência social. Parecem mais robôs equipados com chips de emoção programados para serem acionados estritamente de acordo com o disposto no disco rígido e inexorável do seu cérebro. Quadrado. Como um tabuleiro de jogo de xadrez, onde todas as ações são pensadas, sopesadas, prevendo a  próxima jogada do oponente. Até o momento em que uma simples distração os coloca em xeque-mate. Opa. O que fazer nesse momento, em que o seu software se encontra emocionalmente defasado? Putz, eles esqueceram de fazer o download da última versão da teoria da lei universal de que toda ação, gera uma - instantânea - reação. Então surge um bloqueio absoluto que os impede de seguir adiante. Pois não sabem como agir sem ser com base na razão. Como explicar um milagre? Como discorrer sobre a fé? Como acreditar em algo que não se vê? Tudo tão subjetivo, sem embasamento racional. A razão é bacana quando ela anda de mãos dadas com o bom senso: para se levar a vida com o mínimo de razoabilidade. Mas é um saco quando ela acaba sendo sempre a sua única opção de escolha. Pois se torna a porta de entrada de todas as cobranças relativamente existentes: emocionais, físicas, financeiras.  Internas, externas. Existe um padrão estabelecido - intrinsecamente – pela sociedade, a ser seguido. Eu não o vejo. Mas em nome da razão e do bom costume, é assim que eu fui programado para agir. Tenho essa dívida social contraída desde o berço, que devo pagar com juros altíssimos ao Banco Imobiliário do Jogo da Vida. Tem uma música da Alanis Morisette que retrata bem essa situação: se chama “Perfect". Diz que sempre temos que nos esforçar para sermos melhores. Para ganharmos, assim, o amor dos outros. Para as pessoas sentirem orgulho da gente. Não podemos decepcioná-las. Não podemos deixar de ficar, sempre, em primeiro lugar. Uma eterna competição decorrente de um jogo olímpico de vaidades que eu sequer pedi para participar, em primeiro lugar. Em outras palavras, parece que a nossa vida se resume em ter que agradar aos outros. Pensar, para existir – de fato - perante os outros. Se assim for, sou mais agir sem pensar. Viver a felicidade ingênua dos ignorantes. Vejam os bichos: simplesmente agem instintivamente. E sofrem de depressão ou problema de autoestima? Creio que não. Prefiro não existir  para os outros, e mais para mim. Existir, nesse contexto de ter que pensar acima de si, nos outros, implica em persistir, o que te leva, muitas vezes, a desistir. E eu nunca vou desistir de mim. Muito menos para os outros.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Rock in Me

 
Quando penso em rock, logo me imagino com um Ray Ban, usando uma jaqueta de couro preta cheia de franjas, um jeans surrado, botas, vagando no embalo de uma Harley Davidson vintage, com os  cabelos soltos ao vento, e o sol batendo no meu rosto, numa estrada deserta, no estilo Route 66.  Ligeira e sem rumo. Vruuuum. Vruuuum. Totally free, na freeway. O som não poderia ser outro senão o "Born to be Wild", do Sttepenwolf. Okay, admito - bem clichê. Mas isso é puro Rock'n Roll. É a boca sedutora dos Rolling Stones. É a cara pintada do Kiss. A língua escrachada do Ozzy Osbourne. Amo, amo, amo. Esse clima de libertinagem inteligente. De rebeldia com causa. Sim, porque o verdadeiro roqueiro, aquele que efetivamente honra a essência do gênero musical em questão, sempre terá uma bandeira para sustentar. Algo para protestar a respeito, com respeito. É explodir sem se partir em mil pedaços. Balançar a cabeça com toda a força para exorcizar todos os demônios. Sai de retro. Só quero sentir o estouro mágico das cifras das guitarras, nos meus sedentos ouvidos. Miau. O rugir de um gato selvagem, enfurecido. A guitarra. Que mais parece o esboço de um corpo nu, sendo dedilhado ferozmente pelo seu respectivo possuidor. Luxúria, orgasmo subliminar. É a revolução do comportamento. A quebra de um padrão. É o dizer sem filtro. É simplesmente não se importar com o que os outros pensam. É ser si próprio, sem dor, nem pudor. Sou fã número um de tudo relacionado ao rock. Som, maquiagem, penteado, roupa... Rock é revolução; liberdade de expressão. Rock é ser autêntico, é estar à frente do seu tempo. É a minha droga. Meu universo sensorial. Não vivo sem ele. "I love Rock'n Roll, so put another dime in the judebox baby". Oh, yeah!

domingo, 27 de setembro de 2015

Um Brinde

Um brinde nunca é demais. Um brinde para o que se tem. Para o que veio e para o que ainda vem. Um brinde pelo simples prazer de brindar. Pois é demais brindar! Por nada. Por tudo. Cheers!                            

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Lado B


 
Não é todo dia que se acorda na vibe de um encantador comercial de margarina. Todos à mesa, sorrindo e degustando, unidos, um delicioso e regado café-da-manhã, digno de resort de luxo. E é exatamente nesse momento, no qual você acordou com um belo pé esquerdo, que ele resolve se manifestar com sua total e desenfreada intensidade – o Lado B. É o setor obscuro da sua personalidade arrancando à força, sem sua permissão consciente, a blindagem da Doriana. Aquela que te deixa massa, bem atrativa, a la parmegiana. Passada como uma pomada de uso externo, para fingir que – absolutamente sempre – está tudo bem. Afinal, é tabu falar sobre derrotas. Ninguém gosta de ter testemunhas de suas fraquezas. Tragam-me vitórias, mesmo que sejam estórias inventadas. Me engana que eu gosto. Traia o meus olhos, sem remorso. O meu Lado A se atrai, sem esforço. Tudo é um utópico, belo e perfeito paraíso virtual. No estilo ilustrativo de Caetano, deitado sobre uma rede, deixando a brisa bater na vasta cabeleira, assim, com o semblante dele declarando placidamente: “_Você é linda. Sabe viver...”. Ah, essa (musa) internet. Sabe realmente viver. Mas, será que efetivamente existe alguém que consiga ser 100% alegre, 24 horas ao dia? Se houver... Não sei se gostaria de ser assim. Pensa só não realizar o que é a tristeza? Talvez eu nunca daria valor à legítima felicidade. O seu filho nasceu? Legal. Fiquei tão feliz com essa notícia como com o fato de eu ter comprado um rolo de papel higiênico lá na esquina. Passou no vestibular? Que máximo. Eu escorreguei numa casca de banana, olha que bacana. Ué, se sempre estou ha-ha-ha rindo à toa, me diga como será possível atribuir um valor diferente, a uma sensação que sempre me é indiferente? Tudo é igual. Pro bem ou pro mal. Para isso, preciso de parâmetros. E aí é que o Lado B indiretamente me auxilia nesse sentido. Ele escancara para mim o meu lado agressivo. Impaciente. Egoísta. Antissocial. Intolerante. Insano. Triste. No entanto, tenta se manter 24 horas com um mau humor danado. De tão amargo, vai acabar sentindo falta daquele doce comercial de margarina. Já ouvi falar que embora seja  o nosso órgão mais inteligente, o cérebro é demasiado burro quando se trata em enganar sensações. Tudo se resume a impulsos nervosos. Então se você declarar impulsivamente que o seu dia está uma tremenda porcaria, dificilmente você sairá da lama. Veja que o seu cérebro acredita ingenuamente em tudo que você diz a ele. Não questiona. Quem faz isso é o coração. Sabendo que a verdade não veio à tona, ele detona a sua consciência. Mas como o coração é de manteiga, acaba te presenteando com as coordenadas da eventual emoção do dia. Você escolhe se vai optar pelo bom senso, pelo drama, ou pela Doriana. Ah, hoje estou triste sim. Então assuma. Mas não deixe a despretensiosa tristeza ficar vagando nos seus pensamentos por muito tempo, pois ela vai acabar  convidando a depressão para lhe fazer companhia. Aí essa temida parceira, vai deixar a sua cabeça com ainda mais asneira. Já, se você começar a mentalizar que apesar de tudo ter dado errado, uma hora vai ficar tudo bem, é incrível como o seu cérebro se engana fácil... E passará a se sentir assim também! É a felicidade instantânea, a la Nissin Miojo. Acompanhada, então, da Doriana, hum... Mata imediatamente a fome da sua autoestima. Mas, cuidado: é uma felicidade pobre em nutrientes, e consumida rapidamente. Por isso, seja Lado A, seja Lado B. Mas, antes de tudo, seja você. Pode-se enganar a todos para sempre. Nunca a si mesmo, por muito tempo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Boa noite, astro-rei!



Posso estar onde estiver, sempre reservarei um segundo do meu dia para contemplá-lo. Sinto necessidade de admirar a sua beleza singular. E de sentir toda a sua energia emanada sobre mim. Não viveria sem ele. Aliás, a humanidade toda depende dele. Os dinossauros que o digam. Como um inseto voando hipnotizado em direção à luz, o meu olhar automaticamente se fixa nele, em cada espetáculo que nos presenteia diariamente. Dependendo do lugar, ora se despede tímido, por trás das nuvens incandescentes se debandando para o oeste, ora diz adeus, explodindo numa cor alaranjada com tons que variam do amarelo ao rosado, rumo ao leste. Bem redondo e imponente como um leão vagando pela savana dourada, todo contente. A faceta do astro-rei que mais me inspira, é  a do pôr-do-sol. Embora com todas as diferenças e desigualdades do mundo, penso que uma coisa é certa: o pôr-do-sol pertence a todos. E não há nada que toda a ganância da humanidade possa fazer para mudar isso.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Ser sexy é...



Conquistar com um olhar. Penetrante. Daqueles que aprisiona a atenção do amor mais cego e abate o mais resistente brutamonte. É sensualizar sem ser vulgar. Como a clássica cena da Merilyn Moroe segurando placidamente a barra do seu esvoaçante e deslumbrante vestido, é mostrar o suficiente para gerar curiosidade, escondendo o necessário para deixar na vontade. Ser sexy abusando das curvas, sem se questionar o teor de gordura. Ser sexy é se assumir sem se diminuir. É provocar sem disputar vaidade. É ser inteligente, emocional.  Não há nada mais brochante do que um ser ignorante. Em atitudes e palavras ríspidas. Ser sexy é encarar, sem depreciar. É explorar sem abusar. É estimular sem se anular. É colocar as necessidades do outro, em primeiro lugar. Ser sexy é fazer bico sem parecer um pato. É passar um batom vermelho e sentir mais poderosa, no ato. É usar um salto e a sua autoestima ir lá para o alto. É ser quente o suficiente para dançar ao som de “Erotica” da Madonna ou “Blue Jeans” da Lana Del Rey, sem se queimar. É ser sexy  fazendo pose de ninfeta de pouca, meia ou qualquer idade. É ser sexy sem ser – sexo - explícito.

 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Inspiração do dia - Pavão da Opinião


Seja um pavão, chame a atenção. Acima de tudo, seja um formador de opinião. A beleza está no coração. E não na ilusão criada pela - sua condicionada - visão.

O pulsar incessante da vida

A vida acontece a todo momento. No piscar intermitente das reluzentes cidades, no calor de um abraço amigo, no choro manhoso de um recém-nascido. Falar sobre a vida é o meu tema predileto. Pois é um assunto que não tem como se levar à exaustão. E quando eu digo falar da vida, não é sobre a vida das pessoas, de fofoca. Estou me referindo ao conceito vida. Que se desmembra em diversos labirintos, ramificações, gêneros e espécies infinitas. Passadas, presentes e futuras. Vida esta que sempre será estudada e questionada, e, ainda assim, muitas perguntas ficarão sem uma resposta definitiva. De onde viemos? Para onde vamos? Existem tantas correntes. Taí a sua beleza intrínseca: o mistério mágico que é o milagre da vida. Enquanto estou aqui comentando despretensiosamente a respeito, existem milhões de indivíduos  nascendo neste mesmo minuto, assim como, para outros milhares, o ciclo da sua existência se encerrou, neste exato segundo. Finito. Bye, bye, american pie. See you later, alligator. Se alguém me perguntasse qual é o meu maior hobby, eu responderia, sem pestanejar: viver. Não de um jeito descompensado, como se o mundo fosse acabar amanhã. Embora ariana no signo, não sou muito fã de medidas extremas nesse aspecto. Deve-se agir insanamente dentro do que é considerado razoável no limite da sanidade. Gosto da vida simples como é.  Preto no branco. Ninguém disse que seria fácil. É a forma como a encaramos, que a torna melhor. Vida.  Ela simplesmente acontece. Você querendo - vivê-la plenamente - ou não.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Inspiração do dia - Luz


Deixe o sol entrar, banhar a sua alma sedenta por luz. Luz que seduz, que se espalha sem o menor esforço. Que contagia. Que alegria!

O Direito que deu errado

 
 
O passado me condena. Ou melhor, me condenou a 14 anos de prisão. Profissional. Mas consegui cumprir a sentença em regime semi-aberto. Não me encontrava totalmente enclausurada, pois tinha o direito de ser eu mesma quando voltava para casa. Algo que a minha labuta diária não permitia, pois ela arbitrariamente me restringia. Me tolhia. Decretos diários como: "_Jamais vá em desencontro com os anseios de um cliente..." ou "_ Você deve alertar, sim. Faz parte do seu trabalho. Agir Direito. E deve fazê-lo com o mínimo de polidez". Faziam parte das audiências cotidianas. E, claro, era imprescindível incorporar a máscara social. Mas eu sentia como se tivesse aprisionada numa burka. Se tem algo que não combina comigo é não ser eu mesma. E esse véu feio e escuro começou a sufocar com o tempo. Se existe algo que não consigo ser, é lobista. Não puxo o saco de ninguém. Quando elogio, é porque realmente gosto, admiro. Senão, me calo. Ia acabar escorregando e me machucando feio se fosse vaselina. Opa. Acaba de soar o alarme da prisão: alguém está querendo fugir dela. Um advogado antissocial que tem crise de consciência? Sei não. Quem viu o esplêndido filme "Advogado do Diabo" interpretado pelo magnífico e teatral Al Pacino, sabe do que estou falando. Mas vamos voltar um pouco no tempo: assim que passei na OAB, posso afirmar que foi o dia mais feliz da minha vida. E assim me senti também, quando resolvi largar o Direito. Não que um dia eu simplesmente decidi abandonar tudo em busca de um sonho infundado. Sou ousada, mas quando o assunto é assumir responsabilidades, sempre tive os pés fincados na razão do chão. Vamos dizer que a crise econômica brasileira em conjunto com a conspiração positiva do Universo me auxiliaram, nesse sentido. Nunca me esqueço do momento em que tive o primeiro insight de que o Direito era errado para mim. Tinha acabado de voltar da lua-de-mel dos sonhos  de qualquer mortal - diretamente da imensidão azul que é o Tahiti. E fui aterrizar - com muita turbulência emocional - no pesadelo que era o meu trabalho (para mim). Uma pausa: não quero parecer a própria "Renata, Ingrata" do Latino. Ganhava bem e o Direito me tornou uma pessoa mais esperta, alerta - em todos os âmbitos. Tenho um radar para farejar falcatruas à distância, graças ao Direito, que me ensinou tudo que existe de incorreto. Dentro e fora da lei. Então voltando a epifania que recaiu sobre mim, estava eu, cabisbaixa, caminhando a passos de tartaruga em direção ao corredor da morte - da minha personalidade - que era o meu trabalho, quando senti um aperto no coração e me perguntei com sinceridade por que eu deveria continuar fazendo algo que me dava tanto desgosto. "_ Pelo dinheiro, lógico!", respondeu francamente a minha consciência. Não me convenceu. Não me comprou.  Então a partir dali passei a mentalizar que o destino estava reservando algo de bom para mim. Que um dia eu conseguiria obter o meu habeas corpus profissional. E, então, numa data qualquer, quando eu menos esperava, o Direito largou do meu pé. Bem dizendo, do meu salto alto. Melhor assim. Prefiro muito mais o meu autêntico e descolado tênis Adidas.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A Dona do Mundo


 
Penso que sou a dona do mundo. Ao menos, do meu. Ele nunca poderá ser desapropriado ou herdado. Ele não está à venda e a sua certidão de registro é irrevogável. No meu mundo, viajar é preciso. Viajar na cauda de devaneios utópicos frutos de uma imaginação nada estéril. Ela produz mais bebês do que qualquer clínica especializada em fertilização in vitro.  Tem de todo tipo: carismático, tímido, emburrado e chorão. Mas todos muito saudáveis, amém. Sou daquelas que consegue fixar o olhar num ponto qualquer da parede e mergulhar em ideias fixas, me desligando totalmente do exterior, dando literalmente uma banana imaginária para o mundo. E passo a viver intensamente o fantástico mundo introspectivo de Renata. Todo mundo deveria se permitir esse tipo de válvula de escape. Faz um bem danado  viajar sem sair do lugar. Você se perde ao atender às ligações magnéticas dos seus neurônios, mas acaba se encontrando ao prestar atenção na mensagem deixada após o bip, pela voz da sensatez. E ao me achar fora da casca da ilusão, sinto a urgente necessidade de viajar fisicamente. Para a praia, para a esquina. Para qualquer lugar considerado minimamente seguro. Não viajaria para o espaço, por exemplo. Temo o escuro, o desconhecido. Vai que eu encontre um E.T. que não seja tão fofo como o do Steven Spielberg? Ficaria com medo dele roubar o meu cérebro. A espinha dorsal da minha personalidade. Meu berçário de pensamentos. Onde eu me reinvento, ressuscito, a qualquer momento, quando necessário, em sintonia com o significado do meu nome: “renascida”, em latim. Onde a fênix que renasce das cinzas voa e transita gloriosamente pelos céus da inusitada fábrica de sonhos e pesadelos que é a minha cabeça. Na maioria das vezes sã. Sem os cinquenta tons da minha massa cinzenta, como eu iria me lembrar das minhas idas e vindas por aí? Imagens coloridas que ficaram eternamente congeladas e emolduradas no fundo da minha mente. Como iria recordar das bucólicas ruas de Paris? Da saborosa pizza da histórica Roma? Dos muros rochosos que me engoliram no cenário do “Senhor dos Anéis”, na Nova Zelândia? Do paraíso que é o Tahiti? Da potência que são os Estados Unidos? Da musical e saudosa Viena? Da deliciosa gastronomia do Chile? Da nostálgica Havana? Do tango pungente de Buenos Aires? Do inverno congelante do Canadá? Do refrescante clericot uruguaio? Como eu poderia me esquecer do lugar mais divertido, lindo e louvável de todos: da minha amada 'down under' Austrália? Todas, lembranças que enfeitam cada qual no seu lugar, o meu mundo, como numa suntuosa e exclusiva exposição de decoração da Casa Cor. Que segue à risca a tendência lançada pela minha própria essência. Do meu mundo. Só meu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Gisele Enrustida

Todo mundo tem uma übermodel dentro si.  A diferença é que uns assumem publicamente, e outros fazem doce. Fingem que não gostam dos holofotes da vaidade. Talvez por vergonha. Ou até para não demonstrarem fraqueza. A vaidade não deixa de ser um defeito, quando em excesso. Mas sendo bem dosada, torna-se até uma virtude. Passa credibilidade. Todo mundo admira uma pessoa que se cuida – com moderação – e se veste bem. Principalmente quando a vaidade anda junto com o bom senso e o bom gosto. A pessoa nem precisa ser bonita, mas se possuir um sorriso sincero com dentes alinhados, já é um imponente cartão de visita. Há maneiras e formas de chamar atenção pra si. Eu sempre levantei a bandeira da modelete enrustida. Quem me conhece bem, sabe que eu sempre gostei de fazer pose: engraçada, sexy, blasé. Perdi as contas de quantas vezes pedi à minha mãe para tirar fotos minhas de biquíni, de vestido, de bobeira. Só para registrar o momento. Passar de maneira descontraída, o tempo. Na era dos selfies, então... Melhor impossível. Não precisa ter ninguém testemunhando a sua descompensada ou comedida vaidade. A produção é imediata e em série: é possível tirar duzentas e cinquenta fotos fazendo o mesmo bico, e escolher uma digna de capa da Vogue. Sem precisar gastar um tostão em rolo de filme, nem revelação. Mas atenção: cuidado com o ego. Ele pode ficar narcisista demais. Ou cair na profunda depressão de se deparar com imagens de pessoas aparentemente perfeitas, produzidas – na surdina - pelo truque do photoshop. Um golpe baixo, mas parte integrante da nossa virtual realidade: nem Leonardo Da Vinci conseguiria atingir tamanho grau de perfeição nas suas obras de arte. Só que o belo só se mantém até o momento em que se acostuma com ele. Infelizmente a beleza externa se auto detona com o cronômetro do tempo.  Se até o Tom Brady vacilou com a Gisele, por que haveria de ser diferente com o resto da humanidade? Por isso sustento que a vaidade deveria se vestir de dentro pra fora. E não o contrário. Não existe nada mais poderoso e admirável do que alguém seguro de si. Então não se deixe abater com o que os seus olhos veem ao espiar a fechadura da internet. Não se diminua perante esse grupo estelionatário de megapixels. Tenha em mente que o belo se encontra nas diferenças.  Nos defeitos que só existem na sua cabeça, aliados a tudo que existe de bom em você. Por dentro e por fora. E só existe um de você mesmo, em todo o universo. E não há nada mais precioso do que ser único. Ouse ser diferente. Por isso, #ficaadica  para uma auto estima turbinada: vista-se para matar, mas como se tivesse indo para uma entrevista de emprego. Assim você dosa o lado sensual que existe dentro de si. E então faça cara de bege e trace uma passarela imaginária na sua frente. Corrija a postura e siga adiante pisando em passos firmes e ritmados, mas sem pesar para não afetar a leveza do seu desfile pessoal. Imagine que está em Paris, Milão. Pense em aplausos. Sim, você sendo aplaudido por um público que é seu fã incondicional. Você mesmo.

domingo, 13 de setembro de 2015

Espelho, espelho meu...

 
Vamos relaxar. Aproveitar o momento. Carpe Diem. Ter um encontro com a felicidade plena, gratuita. Vamos nos teletransportar para nossa secreta zona de conforto. Cavalgar no unicórnio imponente da nossa imaginação. Reparar no comum. Contemplando a magnitude dos detalhes do cenário minimalista que é a percepção de cada um. Imagine-se sentado à beira de um rio cristalino ou de uma praia deserta. Escolha o local que te deixe mais sereno. Abuse dos seus sentidos. Sinta-se vivo. Olhe para o seu interior. Inspire fundo e expire sem pressa. Escute o seu coração. Brinque com bolinhas de sabão. Preste atenção em si. E nos outros. Não seja ignorante. Não se ignore. Conte até dez, se preciso. Para se desligar de tudo que te deixa desapontado, naufragado nas suas emoções mais sombrias. Elimine todo tipo de auto-boicote. Liberte-se de qualquer mau pressentimento ou ressentimento. Deixe o passado simplesmente passar batido. Diga em voz alta: "_Tchau, passado! Alô presente!". Dê boas-vindas a mais um dia desbravando acima do horizonte. Cante parabéns para o pôr-do-sol. Mais um magnífico dia se foi. Diga olá para a gloriosa lua. Ria de si mesmo. O importante é sentir-se grato. Converse com o seu "eu" interior, ainda que em silêncio. Descubra-se. Perdoe-se. Ame-se. Escute maravilhado o barulho da chuva. Que delícia é dormir com a cabeça tranqüila num travesseiro macio, ao som dessa ducha externa de água corrente dos céus. Corra despretensiosamente com as mãos lançadas para cima, sobre a mata molhada. Aprecie o cheiro da terra úmida. Sinta o calor do meio ambiente. Não tem nada mais revigorante do que ser abraçado pela mãe  natureza. Mantenha contato com a sua criança interna. Ela é a sua alma, sua essência. Mime-se. Cuide-se. Olhe-se no espelho e diga o quanto você se orgulha de si. Por dentro e por fora. Mesmo que vá sair de casa somente para comprar pão na padaria, se enfeite, use batom. Quem sabe o destino tenha marcado um encontro com o seu futuro amado, lá na esquina? Tome café. Numa daquelas lojinhas bem decoradas, iluminadas com abajures coloridos e música boa para os ouvidos. Existe melhor dejejum do que um espresso de uma La Marzocco acompanhado de um delicioso pão artesanal? Hummm... Literalmente um cafuné no meu paladar. Pegue um carro e dirija sem destino. Só por um minuto. É o suficiente para se sentir livre. Ao som, então, de "Beautiful Day" do U2? É como alcançar o nirvana, sem precisar sair de si. Não o do Kurt Cobain, confuso, rebelde. Mas, sim, o do êxtase da sua própria existência. Ouse. Mas só de vez em quando. Para adormecer um pouco a rotina. Digo adormecer, e não matar, pois a rotina é boa: um excelente indício que você é um dos poucos privilegiados que se encontraram nesse mundo, tão perdido. Então cuide dela com apreço. Pois ter um GPS interno que veio sem defeito de fábrica? Não tem preço.

sábado, 12 de setembro de 2015

Ode às Crianças


Estou evitando comentar sobre esse acontecimento há dias, pois seria preciso encarar todos os demônios da humanidade. E não sou do tipo que se sente à vontade em dissertar sobre eventos tristes, pesados. Não me faz bem. Prefiro falar sobre questões triviais, do cotidiano. Mas, exatamente hoje, quando estava no supermercado passando pelo caixa eletrônico itens como fraldas, leite ninho, chambinho, deparei-me com a capa da revista “Veja” desta semana, que com letras garrafais recitava um dos dizeres do poeta polonês ganhador do prêmio Nobel da Literatura, Czeslaw Milosz, os quais proclamavam o seguinte: “Deus, sendo bom, fez todas as coisas boas. De onde então vem o mal? O mal (e o bem) vem do homem.” A foto em destaque, com o pano de fundo preto, era aquela cena inenarrável do garotinho refugiado desencarnado, deitado à beira do mar. Tive que respirar. Fundo. Retomei o meu ar, voltando a observar tudo que estava comprando para o meu filho, e tornei a encarar aquela foto que já vi muitas vezes espalhada por redes sociais, revistas e jornais, mas que sempre me faz brotar o mesmo tipo de sensação intensa de tristeza, de choro entalado e olhos marejados. Senti necessidade de falar algo a respeito. Fazer um tributo a esse menino. Mas, antes... Fiquei um minuto em silêncio. Logo penso no meu filho, que deve ser somente um pouco mais novo do que aquele garotinho, certamente tão amado pelos seus pais, que estavam fazendo de tudo para tentar lhe proporcionar uma vida melhor. Longe da crueldade, do inferno, que são as guerras. Guerras promovidas por puro ódio, desrespeito à religião dos outros; ou, pior, por território, dinheiro, petróleo. Num mundo que se prega a igualdade, liberdade e fraternidade, como pode haver tanta maldade? Será que nunca iremos aprender com os nossos próprios e reincidentes erros? Será que nunca iremos realizar que recebemos a vida embrulhada numa embalagem de presente tão bela, e que somente depende de nós sabermos o que faremos dela? Ela será boa? Ruim? Cabe ao que dizem ser considerado o ser mais inteligente de todos, resolver. O homem. Mas logo este ser racional - pasmem - não percebe que as crianças são o futuro da humanidade. São argilas frescas, ávidas por conhecimento, prontas para serem moldadas, com base em todo tipo de exemplo. Bom ou ruim. E aí atingem certa maturidade, e aquele molde que ainda poderia, até certo ponto, ser alterado, já se encontra tão rígido, que dificilmente mudará sem ser quebrado. Crianças são os elos mais importantes da nossa existência.  São os seres que mais sinto compaixão, junto com os animais. Pois são puros e indefesos. Não que eu não tenha o mesmo tipo de sentimento por idosos em geral, eles são a nossa ligação com o passado. Me pergunto, entretanto: alguém conseguiria sentir pena se encontrasse no seu caminho o Hitler em pessoa, velho, careca, definhado sobre uma cadeira de rodas, só porque está senil? Pois é. Prefiro deixar essa resposta no ar. Não quero ser responsabilizada por gerar mais  uma guerra. Muito menos de vaidades. Já, crianças, não carregam esse tipo de estigma. Por isso o mundo deveria dar mais atenção a elas. Todos os dias deveriam ser dedicados às crianças, não apenas o 12 de outubro. Deveríamos sempre presentar as nossas crianças com brinquedos, sim, mas, acima de tudo, com muito carinho, instrução e dedicação. Sem qualquer tipo de hesitação. Então vejo e choro em silêncio com filmes como “A Escolha de Sofia”, “O Menino do Pijama Listrado” e “Diamante de Sangue”, que nos chocam com determinadas cenas arrebatadoras de crianças, vítimas de todo tipo de guerra, provocada por nós, homens. Que nasceram bons e se tornaram maus. E me questiono se realmente há esperança. Para as nossas crianças. Isto, porque, ainda existem aquelas guerras que todos sabem que acontecem, mas que fingem não existir, a exemplo das guerras civis e do tráfico que constantemente abatem a nossa cidade maravilhosa, ou qualquer outra cidade, que prefere manter a privacidade. Pois não é nada bom divulgar o ruim. Vamos chorar em silêncio. Nada melhor do que esconder a poeira embaixo do tapete. Deixe que outra pessoa - a futura criança - limpe depois. Será?

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A honestidade nossa de cada dia

Quem é humilde, não necessariamente é honesto. Outro dia desses assisti a um vídeo em que um cego simulava comprar determinados produtos em uma feira qualquer, e o objetivo da gravação era testar a honestidade das pessoas. Fiquei chocada com o fato de dois feirantes, em três que foram alvos de tal registro, terem falhado, com louvor, na referida prova de caráter. O cego primeiramente chegou em uma das barracas e ordenou, com toda educação, uma empada. A senhora, de aparência humilde e serena, disse que o quitute em questão custava R$ 2,00. Em retorno, o cego prontamente sacou da sua carteira uma nota de R$ 20,00, indagando à vendedora se a nota era de R$ 2,00. A senhora, depois de cuidadosamente olhar para os lados, de modo a averiguar se alguém poderia a estar vigiando, respondeu placidamente que "sim". Então pegou a nota do cego e entregou a empada, em troca. Sem qualquer tipo remorso no seu semblante. No segundo caso, o vendedor chegou a dar algum troco para o cego pela venda de sua mercadoria, mas, não o suficiente; o correto. Ele também enganou o cego. Sem arrependimento. Já no terceiro e último caso, o cego pretendia comprar uma gravata. O ambulante esclareceu que ela custava R$ 10,00. O cego imediatamente entregou uma nota de R$ 50,00 para o vendedor e declarou, com um belo sorriso estampado no rosto: "_Pronto, amigo. Tome aqui os seus dez reais." O rapaz da barraca não hesitou nem um segundo em retrucar: "_Meu senhor, você me deu uma nota de cinqüenta reais. Então estou te dando de troco, duas notas de vinte reais, tá OK?". O pessoal que estava realizando a gravação em questão interrompeu o vídeo por alguns segundos - talvez para os telespectadores digerirem com calma o que havia acontecido - e voltaram, em seguida, com uma outra cena em que o cego aparecia parabenizando o vendedor pela sua franqueza, após ter revelado que a cena tinha sido registrada em câmera. O aclamado, então, herói, respondeu o óbvio: "que não fez nada além da sua obrigação". Sim, ele é um daqueles casos que nos fazem acreditar que o mundo não está totalmente perdido. Daqueles que a humildade anda de mãos dadas com a honestidade. Mas, gente, por que devemos ovacionar esse tipo de conduta, se ela é mais do que obrigatória, imprescindível? Você pode enganar a todos, mas, nunca, a si mesmo. A sua consciência e a sua memória sempre serão cúmplices, porém, testemunhas ocultas das suas fraquezas. E a sua cabeça vai acabar, em algum momento, pesando - de culpa, desgosto - no travesseiro. Como diria a eterno e admirada ícone da moda, Coco Chanel, "O luxo não é oposto da pobreza, mas sim da vulgaridade". E não existe nada mais vulgar do que ser mau-caráter. Seja em que condição social for.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O Desperdício que é o Brasil


Em todos os sentidos. O Brasil poderia ser o melhor país do mundo. Possui as mais belas paisagens e mulheres; o povo mais hospitaleiro de todos;  uma gastronomia de dar água na boca; um carnaval notoriamente conhecido globalmente. “Yes, nós temos bananas”, como diria João de Barro, para dar e vender. Não mais a preço de banana, mas a preço de caviar. Está caro morar aqui, não por menos, estamos pagando a conta daqueles que gastam o nosso orçamento em despesas superficiais  a exemplo do absurdo “auxílio terno”, sem terem sequer se dado ao trabalho – o que não é novidade, pois de “trabalhador” mesmo, só o nome do partido - de abrir um plebiscito para saber se eu realmente gostaria de gastar parte do dinheiro público, que sai, by the way, do meu bolso, para entrar no bolso de quem até pode vestir um Armani para tentar impor um certo respeito, mas que acaba perdendo todo o meu respeito, ao enfiar os dólares provenientes de lava-jatos e propinodutos, na sua cueca Calvin Klein. O pulmão do mundo, a nossa compartilhada - com os gringos - Amazônia, brevemente precisará de um transplante. O Brasil desperdiça talentos, por falta de investimento; água, por falta de conscientização; e, dinheiro, por falta de vergonha na cara. Do povo. Sim, do povo, pois ele é total responsável por colocar nossos políticos sanguessugas em Brasília. Basta oferecer uma dentadura nova, uma camiseta estampada, ou uma cesta básica abarrotada, para o leilão dos votos começar. Mas a culpa é exclusivamente da gente? Ou da doença que acomete o Brasil há anos: a corrupção? Aquela que segue à risca o princípio do “farinha pouca, meu pirão primeiro”? Ou, será, que todas essas ações vexatórias e inescrupulosas deram início com o tipo de colonização “ora, pois, pois” exploratória que tivemos?  Difícil saber, assim como quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Só sei que o nosso ovo tá podre e a nossa galinha depenada. Não temos educação, pois um povo ignorante acaba virando “vaquinha de presépio” dos presidentes Mulas da vida, que veem a oportunidade de comprar todas as urnas, ao distribuir peixes ao invés de varas de pescar. Acho hilário como para ser  médico, advogado, engenheiro, tem que ser formado, ter um diploma. Todas essas profissões cuidam direta ou indiretamente da vida de pessoas. Já o presidente deste País, que supostamente tem a incumbência de tomar conta de toda uma nação, não precisa ter o mínimo de grau de instrução. Então tudo vira um triste ciclo-vicioso: quem não tem educação, não educa, por sua vez, os seus respectivos filhos. Crianças, com todo potencial para se tornarem líderes, acabam virando reles malabaristas de ruas pedindo esmolas, isso quando não resolvem se debandar para o caminho fácil do tráfico ou do roubo – a mão armada. A sociedade falhou com eles, e os pais deles também. Nessas horas sinto-me numa savana africana, onde cada bicho tem que se defender da maneira que pode, mas até os animais protegem os seus bandos com mais dedicação e cuidado, que os humanos. Aqui no Brasil, não muito diferente das lamentáveis guerras que acontecem na Síria, e que são divulgadas ostensivamente, em âmbito mundial, enfrentamos um caos diário ofuscado, abafado convenientemente pela mídia, vulgo, "Quarto Poder". Tenho medo de circular de carro com meu filho, e acontecer o pior. Tenho medo de ficar em casa, e acontecer o pior. Tenho medo de ir para uma festa qualquer na noite carioca, e acontecer o pior. Tenho medo de pedir ajuda para um policial, pois não sei o que é pior: lidar com um bandido mascarado ou ficar na companhia de um bandido escancarado. E como tudo aqui acaba em pizza, com sabores que variam desde a frustração à impunidade absoluta, só nos resta rezar para não estarmos na hora errada e no local incorreto, à margem do mal escondido, pronto para atacar. Já tive orgulho de ser brasileira. Hoje me considero uma apátrida, me divorciei do Brasil, na vibe do filme "Bye, bye, Brasil". Pois o Brasil nos abandonou. E a única luz que vejo no fim do túnel, é a do Aeroporto Internacional Tom Jobim. Se ainda tiver lugar para mim.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Inveja Colorida



Uma vez ouvi dizer que sentir inveja é nada mais do que reconhecer os seus próprios fracassos nos outros. Achei essa colocação um tanto radical e unilateral. Ora, pois, se assim fosse, não existiria o conceito de “inveja branca”. Aquela que espalharam por aí ser o “café com leite” das invejas. Aquela que você pode sentir sem ser condenado a um dos sete pecados capitais, já que predispõe mais uma admiração enrustida, do que um sentimento de desejo de possessão de propriedade alheia, propriamente dita. Creio que a inveja é colorida: existem diversos tons de inveja que variam desde a pessoa ter demasiada ganância ao ponto de passar por cima de tudo e de todos para conquistar o seu objetivo, até aquela já mencionada Suíça das invejas - a translúcida inveja branca. A que você sente de boa, sem qualquer tipo de sentimento ruim ou sombrio atrelado a tal sensação. E é nesse tipo de inveja que os meus anseios sempre se enquadraram. Nunca invejei ter aquele carro de luxo de fulana, ou aquele sapato italiano de sicrana. Nem quis ser dona daquela casa de praia naquela ilha isolada e paradisíaca de beltrano. Nem possuir aquele cargo de CEO de uma multinacional de renome qualquer. A minha inveja sempre foi apaixonada por atitudes ousadas, do bem. Invejo aquele surfista que viaja pelo mundo desbravando as mais belas praias que existem, em busca da onda perfeita.  Invejo a felicidade pura, despreocupada e cândida das crianças. Invejo o senso de companheirismo e de lealdade de um peludo – amigo de verdade - canino. Invejo gente que sempre arranja um tempinho para encontrar pessoas queridas, mesmo com a falta de tempo. Invejo como as patinadoras parecem anjos flutuando na pista de gelo, ao dançarem leves, o seu ballet, como um cisne branco. Invejo aquelas pessoas que se portam como crianças – na hora da brincadeira. Certamente são adultos muito mais criativos, divertidos e bem-sucedidos. Invejo os denominados “últimos românticos” – se é que eles efetivamente existem – e que não deixam a rotina matar o Don Juan que lhes é inerente, se dedicando a conquistar todos os dias, a mesma pessoa. Invejo os que acertaram aqueles seis mágicos números da Mega-Sena, não por terem ganhado instantaneamente, a la Nissin Miojo, milhões de moedas na sua conta bancária, mas, muito mais pelo fato delas não terem mais que se preocupar com questões financeiras pelo resto de suas eternidades. Dinheiro não é tudo, mas, nesse caso, representa aparentemente menos um problema para ser enfrentado na loteria que é a vida. Invejo todos os indivíduos que moram na Austrália, o melhor país do universo, uma espécie de Brasil que deu certo. Invejo pessoas que se vestem da forma que bem entendem, que comem tudo que sentem vontade sem sentir culpa, e que agem em conformidade com o que falam e o que pensam, sem se importarem com o que a crítica, e muitas vezes hipócrita, sociedade prega. Invejo os gênios que sabem o quão o seu QI é elevado, mas mantêm-se humildes na sua absoluta sapiência ao lado de eventuais iletrados. Invejo aqueles que são verdadeiras personificações de Gandhi ou Dalai Lama, e que conseguem agir com respeito, calma e tranquilidade, mesmo se imersos no caos total. Invejo aqueles que têm orgulho do seu trabalho, independente do que fazem. Invejo os que vieram do nada e criaram, com honestidade e dedicação, o seu próprio grande ou pequeno império. Invejo aquelas pessoas que chegam ao ponto de se descuidarem, para cuidarem de outras vidas que definitivamente precisam de muita atenção. A minha inveja aplaude de pé as iniciativas e os trabalhos dos Médicos sem Fronteiras, Doutores da Alegria, do Greenpeace e das ONGs em geral que efetivamente mantêm o seu caráter primordial de tentar tornar o mundo, um melhor lugar para se viver, “sem fins lucrativos”.  Para mim, sentir inveja é reconhecer nos outros as suas próprias ambições. Aquelas que você não teve força, sorte ou coragem para seguir adiante, em algum momento da sua vida.  Até agora.

sábado, 5 de setembro de 2015

Infinita música


                                                     Sempre fui fascinada por música. Não que eu menospreze outros tipos de artes, pelo contrário, ovaciono e admiro de tudo um pouco, mas, acho incrível como do silêncio, basta uma nota musical acompanhar a outra numa partitura de anseios, ritmos e sequências, para uma música ser produzida diretamente do vácuo do forno do pensamento, e se propagar nos ouvidos de indivíduos sedentos por um show íntimo para a alma. Ou para a sanidade, dependendo da extensão da sede em questão. Desde que me entendo por gente, ouvia os meus pais deixarem a casa transbordar com infinitas melodias, pelos cômodos adentro. Elas variavam desde a voz aveludada e envolvente do Frank Sinatra até o som empolgante e sensual dos Rolling Stones, embalados pelas cifras revolucionárias do saudoso Michael Jackson. Estamos falando aqui dos anos 80, onde vivi a maior parte da minha infância. Que época mais sensacional e criativa! A fruta proibida, a maçã da tecnologia, deu o ar da sua graça. Um ator é eleito presidente do país mais influente do mundo. Surge o Rock in Rio. O E.T. pedala a sua bicicleta voadora sob a luz da gloriosa lua cheia, ao som de uma orquestra  comovente. E a Barbie se torna uma referência – irreal – de padrão de beleza mundial. Então adentramos nos anos 90, outra época espetacular para quem aprecia música: aqui nasceram bandas vangloriadas até hoje. Continuam recentes, mesmo mais de vinte anos depois. Música, com raríssimas exceções a exemplo da Lambada, não perde o prazo de validade. Quem dessa geração não balançou insanamente a cabeça  ao som do clip do “Smell Like Teen Spirit” do Nirvana, ou do “Give it Away” do Red Hot Chili Peppers? Quem nunca ligou para o “Disk MTV” ou para a “Rádio Fluminense FM” para pedir a sua música favorita? Levante a mão quem nunca escutou músicas cafonas como “Rush, Rush” da Paula-plastificada-Abdul, ou “Ice, Ice Baby” do protótipo-baby de Enimem, Vanilla Ice? Os vampiros também bombaram nessa fase, com filmes marcantes do gênero como “Garotos Perdidos, “Dracula” (do Coppola) e “Entrevista com Vampiro”, onde o Tom Cruise e o Brad Pritt não têm absolutamente nada de monstro, se comparados àquele que teoricamente viveu na Transilvânia.  Ah, e a cômica novela “VAMP”? Fiquei calada na noite preta, ao acompanha-la do início ao fim. Foi a única novela que assisti desde “Vale Tudo”, certamente a melhor de todas. Nada explicaria com maior riqueza de detalhes sórdidos o Brasil de ontem, de hoje e de sempre, onde realmente vale tudo, na voz explosiva de Gal Costa. E está caminhando para não valer sequer um tostão, do jeito que as coisas vão. Hoje só perco o meu tempo, quando é o caso, assistindo seriados, filmes e documentários da TV a cabo, que, aliás, apareceu por aqui nesse período também, onde, talvez somente existissem quatro emissoras em todo o exíguo universo do canal aberto. Isso quando o Bombril da antena da TV conseguia mantê-las livres de imagens distorcidas, dentro da frequência correta. Mas voltando ao assunto do post, atravessamos com louvor o polêmico “bug do milênio”, sem o mundo acabar - pausa para a macabra música da clássica cena da facada no chuveiro, do filme “Psicose” do Alfred Hitchcock. Ufa! Foi por pouco, segundo previsões apocalípticas mil... Então aterrissamos, vivos, seguros e esperançosos de um futuro melhor, no ano 2000. Jurava que quando chegasse aqui iria ver carros voando pelo ar como em “De Volta para o Futuro 2”, mas mudaram as estações e nada mudou, como declarou Renato Russo em uma de suas canções, "A Quatro Estações". Já a internet, algo que parece uma utopia se descrita em palavras, fincou definitivamente o seu pé virtual nos meios sociais, que passaram a ser denominadas  redes sociais, e tudo virou uma imensa salada cibernética de kbytes, megabytes e gigabytes, temperada com  salas de bate-papos diversas, selfies, arquivos, tudo, digital. Você consegue comprar  qualquer música, de qualquer banda, de qualquer lugar do mundo, com qualquer cartão de crédito, em um só click. Tudo, de acordo com o seu humor do dia. Tá feliz? Com vontade de dançar? Compra um house, e enche a casa de alegria com as coreografias da Beyonce. Tá revoltado? Querendo xingar o mundo? Não faça isso! Compre um heavy metal para canalizar a raiva enrustida. Tá triste pra cacete, levou um corno? Compre um pagode bem brega para apaziguar os ânimos enfraquecidos, machucados. Em se tratando de música, gosto não se discute. Ela veste de acordo com a indumentária emocional de cada um. E a minha é uma trilha sonora.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Presente agora


Dizem que o paraíso remete a uma pintura impressionista de um jardim bem colorido, ao estilo Monet.  Que lá é esplêndido, todos são felizes e que emanam uma luz incandescente de energia positiva infinita ao seu redor. Que só há amor. Não existe qualquer tipo de dor. Animais correm ao ar livre, sem se preocupar em serem caçados; as florestas são preservadas, e todas as gramas, não só a do vizinho, são mais verdes. Enfim, tudo é perfeito. Por outro lado, aqui embaixo - e não estou me referindo ao inferno, embora do jeito que as coisas andam ruins, daqui a pouco chegaremos lá - tudo é diferente. Pode não ser tão bom como no caminho das nuvens celestiais, mas tampouco é ruim. Mesmo que tudo fosse maravilhoso, você há de convir que sempre haveria um sujeito “dedo podre” que apontaria algo de negativo no que talvez não exista. Pois é inerente ao ser humano reclamar de tudo: da vida, do salário, da saúde, da comida, das pessoas... Não adianta você tentar elaborar aquele trabalho impecável, organizar aquela festa fantástica, convidar para aquele jantar apetitoso: dificilmente irá agradar a todos. Se nem Cristo conseguiu. Quem dirá você.  Deve ser algum fator genético de rabugice crônica que nos acomete involuntariamente. Não leve para o lado pessoal, nem gaste seu dinheiro em terapia para tentar entender essa insatisfação crônica da humanidade. É o tipo de característica que não seguirá o curso natural da cadeia de evolução pregada por Darwin. Acha que acabou? Além dessas pessoas que teimam em bombardear com críticas nada construtivas, ainda existem aquelas que têm a empáfia de colocar a  culpa de serem assim ou assado, ou de terem passado por isso ou por aquilo, exclusivamente nos outros. Sabe daquele tipo de indivíduo que vive na negação ou sempre é vítima? Não passa pela cabeça da criatura que a vida lhe foi dada de presente para ela viver o agora da maneira que bem entender, sendo certo que as opções seguidas poderão sim resultar em feridas não cicatrizadas por inteiro, que possivelmente afetarão o futuro, por inteiro. Mas, isso, veja bem, se a pessoa em questão assim desejar, permitir. Sim, pois, atenção galera, nós somos os donos do “agora”. No final da nossa jornada, é que veremos se iremos acertar as contas diretamente com o Todo Poderoso ou com o Belzebu. Há outro grupo, os dos letárgicos, que resolvem seguir adiante como zumbis, apenas esperando a vida que consideram ser sem graça, passar, cinza, lenta, como um fantasma flutuando num quarto mal-assombrado, pela sua frente. A beleza vem de graça ao encontro dos olhos de qualquer espectador. Mas, infelizmente, as almas desses indivíduos não conseguem enxerga-la; são absolutamente cegas. E, pasmem, justamente esses - que não dão a mínima - serão aqueles que possivelmente viverão cem anos. Talvez seja a vida dando a eles uma chance mais longa para ver se um dia a ficha da gratidão cai nas suas cabeças. Já, sob outra ótica, o que os filmes “Lado a Lado”, “Antes de Partir”, “Os Intocáveis” e “O Escafandro e a Borboleta” têm em comum? A doença terminal, a compaixão, o companheirismo, a realização – chocante - da mortalidade.  Por que são narrativas que mexem tanto com os nossos sentimentos? Pois viramos testemunhas daqueles que sabem que a sua vida foi encurtada ou limitada por alguma razão inevitável qualquer, e que ao invés de se entregarem para a “pseudo-morte-imediata” que lhes foi imposta pelo destino, decidem viver tudo que for possível – com qualidade - dentro dos últimos dias, horas, minutos e segundos que lhe restam. Então passam a ignorar balelas, pequenos problemas do cotidiano que antes levavam tão a sério. Tornam-se pessoas mais leves, serenas e gratas. E estão certas, não se importam se a grama do vizinho é mais verde. Cuidam, com apreço, do seu próprio Jardim do Éden. Do seu pedacinho de paraíso provisório, aqui embaixo. Se há algo que temos certeza nessa vida é que iremos morrer. Então se você soubesse hoje a data exata da sua partida, não se presentearia com um melhor "agora"? Por que deixar para depois... Para o paraíso lá de cima?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Insônia


Nunca subestime o poder  da insônia. Diferentemente do que a sua sonoridade sugere, se hipoteticamente pronunciada em inglês ("In-somnia"), ela não habita somente as "Sonias", mas, também, as Silvias, Marianas, os Josés, Joãos da vida. Se até o Al Pacino sofreu com essa praga no agonizante filme "Insônia", ao ser incumbido de passar alguns dias no papel de um policial investigando um determinado homicídio numa inóspita região do Alasca, quem sou eu, pobre mortal, para ter a ousadia de me excluir da lista desprivilegiada dos potenciais insones? Quando a insônia resolve despertar, amigo, diga adeus ao seu sono, até então, tranquilo e profundo, digno de participação como protagonista nos comerciais de colchões anatômicos confeccionados por astronautas da NASA.  Ao menos nas próximas oito horas consideradas como ideais e imprescindíveis para se manter o sono da beleza em dia, a sua noite se transformará na "Hora do Pesadelo" - e o pior, com você totalmente acordado -  sem direito a brincar no parquinho com o Freddy Krueger, como no filme. Sempre desdenhei a insônia, considerava-a uma espécie de lenda urbana noturna, até que numa madrugada qualquer acabei sendo vítima de seu impiedoso ataque. Uma lâmpada imaginária se acende, e você não consegue desligá-la. E a conta não sai barata para o seu cérebro, que perde a conta de quantos carneirinhos pularam a cerca. Então as ovelhas caem no abismo dos seus pensamentos que se transformam num mar revoltado com ondas magnéticas tão gigantes que fariam qualquer surfista big rider amarelar. Não existe nada pior do que rolar de um lado para o outro numa cama convidativa, com o corpo exausto e o seu cérebro totalmente ativo. Você cerra os seus olhos, mas como nos desenhos animados cômicos, suas pálpebras parecem desenrolar ligeiramente para cima, como cortinas Luxaflex com defeito. A sua mente insiste em te dizer: "_Tô cansada! Quero dormir!", mas aquela região do seu cérebro atrelada à audição parece não escutar os apelos dramáticos da sua vizinha, a parte emotiva do cérebro. A insônia é má e gosta de silêncio, cortando imediatamente qualquer canal de comunicação existente dentro de si. Para a fome, basta comer que ela passa. Se você tá se sentindo sujo, toma um banho, que tudo fica limpo. Já para a insônia, invasiva e arrebatadora do jeito que é, só sendo nocauteado por um faixa-tarja-preta para apagar mesmo.



terça-feira, 1 de setembro de 2015

Bota fora de conteúdo



Sinto prazer em escrever. Gozo ao falar. Tenho múltiplos orgasmos quando alguém me lê.
Consegui chamar sua atenção? Que bom. Essa era minha intenção.
Sempre soube que meu negócio seria algo voltado para a verbalização.
Pois ciência exata, números e padrões rotineiros de comportamento não se criam dentro de mim. 
Já a comunicação, criatura, parece ter vida própria dentro dessa caixola tingida que vos fala. 
Tudo me inspira a escrever. Inclusive  você. 
Talvez por portar uma necessidade quase existencial em exteriorizar o que penso, somado ao fato de carregar no âmago um extenso senso de justiça, resolvi apostar numa carreira que teoricamente se enquadrasse em tais parâmetros...
Logo eu que sempre fui alucinada por animais e amava desenhar... O escolhido da ocasião foi? Direito! Palmas para ela, minha gente, mais uma “Legalmente Loira” no bonde descarrilhado da prática jurisdicional.
Foi nesse ambiente de máscaras exibidas à base de muita vaselina na conduta, que aprendi como a aparência fala mais alto.
A despeito de todo preconceito inicial sofrido, acredite se quiser: essa "loira" bronzeada, tatuada, já conseguiu conquistar muito espaço no hostil ambiente corporativo jurídico.
Agora, pretendo chegar nesse mesmo status no mercado literário. 
Me aguardem.
Sabe como? #ficaadica
Foque em desempenhar com profissionalismo, comprometimento e dedicação trabalho.
#sejavoce .
Nunca se deixe abater por críticas de quem não conhece nem quer saber a respeito da [sua] verdade.
#vaipormim :
Seu esforço será reconhecido e elogiado até pelos mesmos que antes o criticaram e o subestimaram.
#acredite :
Com o tempo, as máscaras caem. A verdade vence. 
Sim, claro... A imagem pode até falar mais alto. 
Mas conteúdo? Grita. E fica.