quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Recomeço




Se aproxima aquele momento em que as pessoas naturalmente passam a desacelerar dando um basta - mesmo que fictício - no stress nosso de cada dia. 

Sou só eu ou essa sensação de esperança renovada realmente captura a devida atenção de todos? Tudo por causa de um mero calendário de papel, criado por ninguém menos que o próprio homem. 

Ele começa leve, com a promessa de um episódio excitante repleto de ações positivas que automaticamente integrarão a nossa - nova - realidade, chega ao seu epicentro com a realização íntima de que nem tudo que almejamos efetivamente se realiza, e se arrasta num caminho de desilusão até as cenas finais com o pouco de bateria reserva que ainda lhe resta. Mas sempre agarrada nas pernas daquela pontinha de fé quase inquestionável chutando repetidamente a nossa redonda cabeça quase descrente, a certeza de que na próxima Mega-Sena da virada, seremos vencedores de um troféu milionário, ignorando solenemente a estatística que cisma em jogar um balde de água fria nos nossos sonhos, indicando uma probabilidade de acerto quase remota. "Quase", eu disse. Uma chance em um bilhão. 

Uma chance. Que ainda existe, e, quem sabe, persista, e nos tornem pessoas menos pessimistas? E é nessa quase utópica chance que nos agarramos: na aposta naquele cavalo azarão que surpreende com o ganho repentino do Grande Prêmio do Recomeço entregue de bandeja para aquele, que até então, não se considerava tão afortunado.

"_Garçom, um recomeço livre de problemas, por favor!" Basta agraciá-lo com uma gorjeta de muita sorte acompanhada de um bilhete lotérico premiado, para receber de banquete um recomeço aparentemente perfeito.

E quanto àqueles cuja conta da sorte além de ter saído cara, não ganharam - na falsa percepção dos mesmos - nada? Resta agarrarem-se àquelas manjadas resoluções que - vamos ser francos - quase nunca chegam a se concretizar: perder peso com o ganho da idade; buscar a tão procurada felicidade; encontrar um amor para toda a eternidade. 

Passam um, dois, trocentos anos e nos banhamos com a impressão de que a chuva de sorte só rega mesmo a grama do vizinho. Por que será? 

Resposta muito simples: assim como não podemos controlar as condições climáticas alheias, o mesmo se aplica para a sorte. Não temos como determinar o futuro. Um ano não se renovará se nunca vivermos no presente. A resolução, ou seja, a aptidão natural para decidir e manter uma decisão qualquer deve ser ensaiada no agora

O Ano Novo nunca acontecerá de fato, se ficarmos estagnados nas lamentações do passado ou presos à ideia do que pode acontecer adiante. 

O calendário, aquele singelo ímã de geladeira que encaramos com desdém ao longo do ano é uma mera referência de planejamento diário; ele não dita o nosso destino. 

Nós decidimos quando o nosso respectivo "Feliz Ano Novo" irá acontecer. Pausa para reluzentes, alegres e expressivos fogos-de-artifício lançados ao céu: o Feliz Ano Novo começa a cada nascer de sol e se renova a cada fase da lua. Por que deixar, então, uma mera folha de papel decidir isso? 


Um Feliz Recomeço para vocês!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal hoje... E sempre!



É época de renovar as energias... De compartilhar... De colocar de lado todos os problemas e diferenças. Nem que seja apenas por uma noite. 

Uma trégua para tudo que te aflige. 

Vamos levantar uma bandeira branca contra todas as batalhas - internas e externas. Branca, a cor da paz. 

Vamos nutrir com o tempero da serenidade nossos aflitos corações.

Que tal valorizar, sem pestanejar, o bem mais relevante de todos - a vida? Que não vale nada sem uma família por perto, para dividir as melhores e piores experiências. Os únicos bens que realmente levamos daqui. Um álbum carregado de recordações.

Assim, o mais importante não é presentear os entes queridos com presentes, mas com a sua própria presença. 

Pregar encontros mais presenciais e menos virtuais. O olho no olho é o melhor remédio para uma alma ferida.

Mas não esqueçamos dos que não estão mais presentes. Não aqui, mas em outra dimensão celebrando toda a sua existência neste mundo que pode não ser o mais iluminado ou evoluído de todos, mas é onde moramos - por enquanto. Portanto, cuidemos dele também. 

Vamos festejar a alegria, o perdão, o respeito, a saúde, a união, e o momento. Sim, o momento presente, que invade sem pedir passagem, e que num único instante, vai embora, a qualquer hora

Um momento nunca será igual ao próximo, depois que ele passar. Muitas vezes, na figura de um trem descarrilhado, que  magicamente tem o freio consertado quando menos se espera. Mas, claro, a tão invocada interferência divina dando o ar da sua graça. No momento certo. 

Falando em mágica, essa sim é a própria essência do Natal. Aquela data do ano em que cantamos parabéns para aquele que é o maior responsável por todos estarmos aqui. 

O Natal é um milagre pronto para acontecer eternamente. Cabe somente a nós o colocarmos em prática - diariamente.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Me in the sky with diamonds


Blue sky of mine... 

Living portrait that easily domains our gazes in order to make our souls drift away. 

You are always fooling us around with our fake perception of senses: not everything that we understand is the bare truth; not everything that we see is real... 

You kindly supply to us, inside a cloud shapped package, the benefit of doubt. 

So how could I not workship you, blue sky of mine? 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Twinkle, twinkle, beautiful girl...


Hey you... Beautiful girl.

 Yes, you're are gorgeous. 

I beg you to undoubtedly realize that you really  shine from inside... 

From your deep wounded, but spotless soul. 

Don't you ever dare to turn off your bright, mystic light, girl. 

Let me tell you the latest secret ever: your light is your most precious weapon. 

So always use it on your behalf.

Do you know that you have total and exclusive control over such blessed feature? 

Oh yes, girl: you are solely responsible for its own magnitude. 

So girl, let it shine! Do not let anybody convince you otherwise. 

You are your very own destiny. 

You are your ultimate guidestar.

 Who said that it would be easy to scintillate among a thousand others beings? 

But I garantee that it's worth the try. 

There it's nothing more contagious than happiness. 

So laugh about a joke or at nothing specific. 

  Enter into the 'I-do-not-give-a-damn' mode. 

Worship only what makes you behave as a better person to yourself.

 And just smile, girl!

You are exactly what you struggle to be. 

So if one day you find yourself attempting to make a sudden twisting motion, 

You definitely must fight for the life of your powerful light. 

And let it shine, sunshine!

Just let it shine!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Anjos e Demônios

 
 
Não sou a pessoa mais inteligente de todas, nem a mais bonita, nem a mais rica. Não sou famosa, não sou a mais bem sucedida, nem a mais confiante. Não sou uma pessoa calma, nem quieta, nem tranquila. Não sou um anjo, mas também não sou um demônio. Carrego a bondade no coração mas a quantidade de maldade suficiente para me manter esperta. Sempre alerta. Desconfiada de tudo e de todos. Nunca acredito em boa intenção gratuita - de imediato. Sempre tenho que dissecar, ir fundo na raiz da ação em questão para tentar enxergar se realmente há algo de bom na sua origem. Então encaro com óculos de míope escutando através de um aparelho de surdez com defeito a amarga e doce sinfonia de eventos sucessivos da vida. Não sou a mais perfeita de todas as pessoas, mas certamente sou mais honesta que muitas. Tenho a consciência leve e translúcida como a gota d'água de uma cachoeira encantada. A saúde que muitos certamente desejariam ter e a fé que muitos já perderam: que sempre, tudo dará certo. É só ter paciência. Algo que é raro nos dias de hoje, e que se paga muito caro, quando não se tem.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O Peso de Renata

 
Em sintonia com o significado do meu nome, “re-nata”, que quer dizer “renascida” em Latim,
Renasço todo momento,
De mim, de tudo, de todos,
Mas para renascer, veja bem: tenho que morrer,
De tédio,
De tristeza,
De letargia,
Em agonia,
Para, quem sabe um dia,
Emergir das cinzas fétidas do túmulo que eu mesma me enterrei
Por raiva
Por remorso
Por insegurança
Por falta de esperança
Assim como uma Fênix, imponente, quente, da cor vermelha,
Renasço
Vívida e forte
Seguindo um novo norte
Com toda a esperança depositada sobre o mundo
E passo a representar o significado do meu nome, como ele me apresenta:
Renata, renascida
Sim um nome um tanto quanto comum, porém, com um peso enorme na sua essência,
Que me deixa muitas vezes sem referência,
Pois ao renascer, o melhor a fazer é esquecer: de tudo que não agrega a minha existência,
Que por tantas vezes encerrou um ciclo e me fez parar em outro lugar, longe de toda a cruel realidade, quem sabe em Marte,
No planeta regente do meu signo de Áries,
Que é fogo
Que queima por dentro e por fora
Sem hesitar
Até eu mesma me cremar
E me levantar, renascendo novamente,
Pois assim sou
Meu nome
Renascida
Até o resto da vida.

sábado, 21 de novembro de 2015

Intolerância = Ignorância


 
Intolerância rima com ignorância, não à toa. Na boa, ignorância não se resume à falta de conhecimento, mas à ausência de respeito pelo próximo, o princípio mais básico e primitivo de todos os mandamentos.
 
Ame ao outro como ama a si mesmo. Que os humanos sejam mais humanos na essência, e não somente na aparência. Que a bondade prevaleça acima da maldade. Maldade esta cultivada desde o berço pelo dito ser o ser mais inteligente de todos. Onde há ignorância, inexiste sapiência.
 
Racismo é egoísmo. Educação, forma toda uma nação. Livre de preconceito, com todo respeito. Do mundo para o mundo. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Andança mundana

 
Nada será o que sempre foi
Talvez nada foi o que se imaginava ser
Nem sempre se terá tudo de nada
Nem nada de tudo
Mudanças
Andanças que deixam para trás tudo de bom
Tudo de ruim
Depende da perspectiva do respectivo transeunte
Nômade ou inerte
Adaptar-se a uma novidade
Por pura vaidade? Leviandade? Falta de Personalidade?
Não importa.
Camaleão de comportamentos e pensamentos nada convencionais
Agir de acordo com o conveniente
Você mente?
Demente
Transforme a sua mente
Vai para frente
Invente outro rumo
Acabe definitivamente com o seu terror noturno
Ou diurno
Ataque de ansiedade desgovernado
Que te deixa transtornado
Sentimento macabro
Você se sente atolado
Na sua própria imaginação
Cheia de imperfeição
Ainda assim, seja grande
Maior que você mesmo
Até conseguir transcender o seu corpo
E trocar por outro
Mais coerente
Decente
Valente
Inteligente
Evoluído
Incorporar alguém que realmente te dê ouvido                                               Que faça tudo fazer sentido 
Para você nunca mais se sentir sumido
Nem de você mesmo
Nem do mundo
Vasto mundo
Varrido do mundo
Para fora do tapete da vergonha
Como uma poeira enrustida e impregnada
Nunca mais ser nada
Nem copiado
Nem remendado
Nem isolado
Ser tudo – de bom - ou nada.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Dark Poetry


 
Sometimes you just wish to disappear
From the existence of your wisdom
From your own being
I don’t mean to kill yourself
But to indulge yourself with another existence
Live another life
Just for one moment
Just until the moment you start to miss your own human being
Just one second
One day
Vanish from the air
Feel homesick for a place that never existed
Just inside your sick, insane mind
Mindset full of ghosts
Hunting your desires with nonsense
Urging you to reappear
To use your hateful but useful poker face
So that you could never be yourself
Until you run away again
And again
From yourself

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Chove chuva


          (Foto: Daydream Fotografia)
 
Mesmo onde há chuva, há energia... Mesmo na escuridão, sempre existe luz. 
 
Onde há morte, sempre terá vida. Onde tudo termina, sempre haverá um novo começo.
 
 Nada é finito, nenhum cenário é fixo, só o tempo não muda, pois ele nunca para.
 
Mas nunca, nenhum instante, momento, emoção será igual ao anterior.
 
Como gotas de chuva incandescentes, cada qual com o seu próprio peso, tamanho, formato, todos temos algo em comum: ninguém sairá ileso da chuva.
 
Tudo é a forma que a encaramos. Muito melhor sentir o toque acolhedor da chuva do que encarar por trás de uma janela minúscula, na penumbra, o sol. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Era uma vez...

         


Toda mulher tem uma princesa dentro de si. Nomeie: Cinderela, Rapunzel, ou, até a gata borralheira da Julia Roberts, em uma "Linda Mulher".
 
Toda menina quer um dia, quem sabe, encontrar o seu respectivo príncipe encantado.
 
Sonha que a sua vida seja um eterno conto hollywoodiano onde o final seja sempre feliz.
 
Um filme repleto de drama, pode ser, mas onde o amor irremediavelmente consegue superar qualquer lágrima derramada ou tristeza carregada intimamente na alma da romântica incurável.
 
Para o príncipe aparecer de fato, é preciso navegar uma considerável distância pelo brejo dos sapos, que nem sempre são seres tão simpáticos como o Caco do seriado Muppets.
 
Mas, veja bem, ao encontrar o tão almejado príncipe, desencante-se: você certamente não irá se deparar com o Super-homem em pessoa. Até o Clark Kent usava óculos, sem mencionar, o quão era atrapalhado.
 
É preciso usar os seus super poderes de  Mulher Maravilha para poder realizar a maravilha que é querer ficar, permanecer com alguém, além da armadura do pretendido, ou já conhecido, herói.
 
É necessário lançar aquela visão de raio-x dentro do Fera, para poder realmente se sentir a sua respectiva Bela. Felizes para sempre.
 
E nada mais eficiente do que o óculos do amor para ajudar a encontrar o seu príncipe no fim de um radiante arco-íris do acaso. Pois na mesma proporção em que o amor cega, o faz enxergar um mundo mais colorido. Ver o extraordinário no que é comum.
 
O amor verdadeiro é trapaceiro; te rouba o coração sem te pedir perdão. Leva-se subitamente uma flechada do cupido do destino, tão intensa e sorrateira, capaz de reviver até o mais dilacerado, internado em estado terminal, sofrido coração.  Basta acreditar que contos de fadas existem. "O nosso amor a gente inventa", já dizia o poeta Cazuza.
 
Crer para ver: o amor acontecer. Não deixe a bruxa malvada da decepção passada envenenar a maçã do amor presente. O amor é inocente, simplesmente se sente.
 
Não se deixe abalar com o papo furado do sapo, que acabou virando um príncipe chato. Quando o amor é autêntico há persistência. Pois se houver desistência, nunca foi amor. E nem o príncipe mais bravo poderá salvar a princesa dessa fábula, se a própria princesa não acreditar que o príncipe seja capaz de tal feito.
 
Portanto, o amor não só pode ser inventado, como deve ser reinventado, para o feliz poder ser escrito no plural, para sempre. De preferência, antes da meia-noite, para a Cinderela não virar abóbora. Fim.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

50 Moletons de Narcisa


Narcisa era uma enrustida poetisa que morava em Ibiza. Um local exótico notoriamente conhecido por proporcionar noites calientes regadas a encontros pungentes entre VIPS e indecentes.  As praias, abarrotadas de gente atraente, deixavam Narcisa ainda mais carente, devido ao seu visual um tanto quanto deprimente.
 
Narcisa não tinha vaidade, por pura leviandade. Foi criada numa família rígida, e em consequência, se tornou frígida. Em Ibiza, longe do sistema de vigilância da sua família insana, sentiu uma urgente necessidade de romper a sua mente, para algo totalmente diferente. Queria deixar de usar aquele velho moletom cinza e parar de ser ranzinza. Precisava florear o seu assombroso coração com algum tipo de atração. Algo que, sem sombra de dúvida, não faltava em Ibiza.
 
Então Narcisa finalmente encarou-se no espelho e notou como a cor do seu cabelo encontrava-se um tanto descolorida. Radicalizou: tingiu de loiro platinado as suas pálidas negras madeixas. Passou um batom vermelho, alisou o cabelo. Narcisa não se reconhecia mais diante do espelho. Mas não se assustou. Pelo contrário: sorriu, pela primeira vez depois de muitos anos, apreciando a surpreendente sensação de ansiedade em relação ao inesperado. Como pode? Logo ela, onde tudo era tão moldado. Tão controlado.
 
“_Liberte-se, Narcisa!” finalmente exclamou uma voz interna no seu ouvido. E assim Narcisa rompeu as suas amarras imaginárias para desbravar o, até então, temido mundo. Queimou seus moletons. E de short jeans, salto alto e um top ousado, bem chamativo, Narcisa atravessou as ruas de Ibiza incorporando uma vida libertina que nunca imaginou, mas que sempre almejou – por baixo do seu atualmente torrado leque pálido de moletons da cor cinza.
 
Narcisa, até então introspectiva, virou narcisista. Num lugar que mais parecia um concurso de vaidades embaladas por beldades, Narcisa inexplicavelmente se encontrou, fora do seu eu interior. E viciou. Não em bebidas, nem drogas, nem beijos. Mas naquele tipo de olhar penetrante que os homens lançavam ao vê-la dançando, sem o menor pudor: no olhar de desejo. O mais honesto e tórrido tipo de cortejo.
 
Para uma poetisa de aparência transformada, mas de alma intacta, essa era a sua maior droga: a fantasia. Inspirada numa cena que não sabia ao certo se era verdade ou teoria. “_Teria Narcisa realmente vivido tudo isso?” – questionava sua voz interna, embevecida. Então Narcisa repara que ainda está usando o seu velho e opaco moletom cinza. Em Ibiza.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sentimento em Foco



Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo não te vejo. Que não te olho com esmero. Muitas vezes, apenas reparo, no seu olhar de desespero.

Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo não falo contigo. Anda tudo tão corrido. Nunca paro, nem te dou ouvidos. Muitas vezes, apenas sinto. O quanto ando perdido.

Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo que eu te bloqueio. Da minha visão. Do meu coração. Da minha percepção. Sei não... Mas acho que te odeio.

Olá você, dentro do espelho.  Quanto tempo não te peço ajuda. Você é o único que me escuta. Talvez eu simplesmente não esteja sendo justo com você. Comigo.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo estamos  juntos. Desde sempre, para sempre. Só agora passei novamente a te reparar. Para nunca mais precisar te consertar.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo nos falamos. Nos escutamos. Nos respeitamos.  Sempre soube que incontestavelmente nos amamos.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo estamos em paz. Com você eu não quero mais brigar. Jamais. Só lhe desejo o melhor do mais belo sentimento: eu. Isso, você mesmo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Crise Econômica Existencial




Existem lugares que faço questão de frequentar com assiduidade. Determinados locais que os meus olhos travam na vitrine e brilham através do seu vidro translúcido, retratando um semblante de desejo estampado por todo o meu rosto. Dentre eles não dispenso visitar uma perfumaria, papelaria ou cafeteria. Escolher o batom perfeito. A sombra impactante. A base mais deslumbrante. Viajo no aroma de Duty Free Shopping exalado pelo ambiente perfumado de uma perfumaria. Sinto-me passeando, de graça, no exterior. Já a papelaria é uma orgia para a minha visão. Olhar de criança, que se entusiasma facilmente com qualquer ambiente colorido, criativo. São tantas opções que variam desde papéis de diversas texturas, até enfeites, canetas, bolsinhas, mochilas, maletinhas, dos mais variados tipos e tamanhos. Entrar numa cafeteria é como pousar delicadamente nas nuvens do vapor emanado por um encorpado espresso. Canecas divertidas, música agradável e ambiente reconfortante te fazem querer passar uma vida inteira de um dia, só ali, apreciando o cheiro e paladar agradáveis do café. Sem mencionar nos quitutes que sempre acompanham bem essa delícia de néctar revigorante: pão caseiro, bolo de aipim, brigadeiro. Hummmm. Um dos meus retiros prediletos, a cafeteria. Então entro numa livraria, e lá posso viver inúmeras vidas numa só. Vidas dramáticas, românticas ou cercadas de magia. Incorporar um personagem infantil ou pintar o sete num jardim secreto. Descobrir o mistério do século ou encontrar a receita mais cobiçada de todas. Aprender a cultivar um relacionamento ou a viajar pelo tempo. Pela moda. Por lugares diferentes, pelo mundo. Sou apaixonada pelas Livrarias da Travessa da vida. De tão apegada que sou por livros, me causa espécie testemunhar o triste episódio do último dia de uma livraria. Todos os seus tesouros empacotados em caixas de papelão pálidas e monótonas. Livros enterrados no vácuo da crise existencial do Brasil. São lojas de todos os tipos encerrando as suas atividades, sufocadas pelos impostos altos e pela baixa quantidade de vendas. Venda-me os olhos, mas não me faça mais sofrer com a catástrofe que está se tornando o nosso pobre, quebrado, iletrado País. São lojas de roupas, sorveterias, confeitarias... Tudo sendo aniquilado pela nossa cancerígena crise econômica. Que mata aos poucos, tudo que existe de bom. Até lojas de brinquedos são vítimas; sonhos de crianças sendo despedaçados – nem sonhos são mais respeitados. Então vejo uma livraria que costumava ir com certa frequência, encerrar a sua existência, da noite para o dia. Isso me faz sentir um enorme e maligno nódulo na garganta. O Brasil, já mal educado por conveniência política, daqui a pouco fechará a sua mente demente até para a compra de um singelo -  e inocente -livro. Uma ditadura camuflada no voto democrático comprado pela bolsa mais cara de todas - aquela custeada pelo bolso - já quase vazio - do honesto contribuinte. Desse jeito, só nos restará criar estórias esquizofrênicas nas nossas próprias cabeças desmioladas, fantasias sem alegorias. Que me parecem muito mais um pesadelo. De onde – possivelmente - nunca mais iremos acordar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Eu tenho a força!


Qual é o tamanho da sua força? Força de vontade. Para se levantar da cama num dia chuvoso, trabalhar, cuidar do seu filho. Para redimir e perdoar. Para confiar e não julgar. Força. Para amar. Para tentar ser positivo. Para enfrentar as adversidades do seu dia-a-dia. Um trânsito pesado. Uma doença. Uma paranoia. Uma demissão. Força para sobreviver. Para o coração bater - com força. Força para superar uma traição. Uma malcriação. Uma conspiração. Uma perda. De um ente querido, de um amigo. Para a morte, ou para a vida. No primeiro caso, algo imprevisível; difícil de aceitar. No segundo, inexplicável; difícil de entender. A morte é certa, só não se sabe quando irá acontecer. No entanto, se desconectar voluntariamente de alguém que, até então, era tão conectado contigo, é algo que o faz realizar o quanto as amizades são efêmeras. Poucas são as que permanecem firmes e em sintonia por gerações afora. É preciso de força para apostar em amizades mais sólidas e verdadeiras. De força, para simplesmente seguir adiante. Uns passam por mais provações que outros, seja para manter o equilíbrio do ciclo da vida, seja por uma questão de carma. Uns estão fadados a sofrer mais que outros. E precisam de uma força interna e externa - eu diria, divina - ainda maior, para conseguirem dar a volta por cima. O que acaba tornando-os ainda mais resistentes aos imbróglios da vida. É preciso de força para ter orgulho de si mesmo. Orgulho dos outros. Força para acreditar e ter fé. Força para ter a certeza de que, embora tudo esteja ruim, uma hora tudo ficará bem. Força para admitir que já se sentiu a pior e mais feia pessoa do mundo. Tudo é uma questão de fortalecer a autoestima. Medos, fraquezas, derrotas, não deviam fazer parte do vocabulário da vergonha, já que constituem o combustível vitalício da força. É imprescindível fazer esforço, superar os seus limites, para se tornar mais forte. Inabalável, invencível, invulnerável. Como o Rambo, o Conan e o He-Man. Nesse clima de “no pain, no gain”, me fortaleço, incorporando uma super-heroína. Então grito, firme: “_Pela honra de Grayskull, eu sou She-ra!”. E assim como o He-Man, “_Eu tenho a força!”. Não deixa de ser uma musculosa e imponente convicção para ajudar a combater os  malignos vilões - vulgo, problemas - da vida.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Infinito Ensaio Fotográfico

                                                (Foto: Daydream Fotografia)

Tem gente que gosta de investir em bolsas caras... Outras, em ações na bolsa... Tem gente que o olho brilha quando vê um Christian Louboutin, e outras piram com uma carteira Louis Vuitton. Já eu, troco tudo isso por momentos. Momentos congelados no tempo. Melhor dizendo, fotos. Duas coisas que gasto dinheiro sem pestanejar: viagens e fotos. Lembranças que carregarei para sempre comigo, sem me preocupar em sobrecarregar o espaço do meu armário de lembranças vividas. Sempre há lugar para um novo momento no meu book de ensaios fotográficos da vida. Não há nada mais revigorante do que captar um momento marcante. Um sorriso sincero. Um afago no ouvido. Um olhar destemido. Carão. Bocão. Dar uma de mulherão. Sentir tesão. Em você, no seu parceiro, na vida. Alimentar a chama da rotina. Pessoas perguntam: por que gastar tanto num ensaio de fotos? Por que não, indago? Afinal, é possível atribuir valor ao segundo, minuto, dia vividos? Creio que não. São bens intangíveis. Não têm preço, assim como o que se compra com o Credicard. Momentos. Passados juntos do seu amor eterno. Da sua família. Dos seus filhos. Dos seus amigos. Em lugares comuns ou incríveis. Momentos. Meus, seus, de todos. Com saúde, então! Por que não? Guardar, captar aquele instante fantástico numa moldura. Já perdi as contas de quantos ensaios fotográficos participei na minha vida, sem perder a convicção de que sempre continuarei viciada em fotografia. Ensaios profissionais, ensaios ao acaso. Não tem como investir em ensaios caros? Invista em você! Pegue uma máquina qualquer, coloque no timer, e voilá: temos um momento presente, embrulhado no papel de presente. Recomendo a todos passar por um momento desses. Arrumem-se no melhor estilo “dress to impress” e compartilhem a experiência com alguém que se ame. Invista o seu tempo num ensaio, público ou íntimo. O que importa é se aproximar – de você, do outro. E “clic” – registrar esse momento único. Nenhum momento é igual ao outro. Nenhuma pessoa é mais bela que a outra. Cada um com seu charme, sua própria luz e personalidade. Enlaçados pelo momento. Está aí a magia da fotografia. Portanto, posicione-se de frente para a lente, e sinta-se feliz. Sexy. Imponente. Abrace a vida. Não há Viagra que o  deixe mais para cima do que levantar a própria autoestima. Enquanto a minha existência permitir, sempre vou investir na minha coleção predileta: recordações emolduradas no papel fotográfico. A bolsa cara? Fica velha. O sapato estiloso? Sai da moda. Já o momento, sempre está acontecendo, a todo instante. Apenas aguardando para ser aprisionado na sua memória fotográfica. Para sempre.