sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Sábio Ressabiado Sabiá


"O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você." (Mario Quintana). 

Eis que ao cuidar de um jardim que antes era deveras largado de lado, aparece bem do lado de fora da janela de casa, de frente para o jardim, este ressabiado sabiá. 

Com canto imponente, porém, melancólico, parecendo querer falar que nem gente. 

Que ainda não consegui fotografar de perto, pois sabido de como o mundo funciona atualmente, o sabiá inteligente sabe que não pode ficar muito na frente. Dessa mesma gente que parece implorar por uma boa conversa. 

No entanto, devido ao instinto, ao primeiro sinal de alerta que lhe pareça ameaçador, o sabido sabiá prontamente bate suas asas marrons em direção ao céu, desfilando no caminho o seu torso laranja brilhante. Como um sol, exibindo todo seu esplendor. Um tom de laranja bem vivo, como quem o carrega. 

Aí quando ele se vai, suplico com o meu olhar mais pidão: "_Volta sabiá!". 

E sabendo que sempre será muito bem-vindo o sábio sabiá continua voltando, sabe? Até que uma semana já se passou e o que eu achava ser um macho, tratava-se de uma sabiá fêmea. 

Que sabiamente soube desde de sempre que nesse jardim secreto ela podia confiar, e fazer de um arbusto que ali se encontrava abandonado, seu lar. 

Construiu o seu ninho para dar vida a até então um jardim que nem tão bem cuidado é.

Que, talvez, poucas borboletas já atraiu. 

Mas o sabiá sabe. 

Que todo jardim é passível de ser habitado. 

Amado. 

É só passar a cuidar sabiamente dele. 

Já cantava para a gente, desde o início, a sábia sabiá...


Amor Vampiro


"Nenhum espaço de tempo com você seria suficiente... Comecemos com o "para sempre" (do filme Amanhecer - Saga Crepúsculo). 

Para sempre. 

Eternidade. 

Imortalidade. 

Do amor.

Sim, tal frase de impacto não poderia ter vindo de outro longa-metragem, senão de um sobre seres místicos como vampiros. 

Dita pelo apaixonado Edward Cullen, na cena utópica a qual retrata o casamento entre tal imortal e sua Bella mortal. 

Só de mencionar essa pitoresca combinação já se pressupõe que uma das partes não irá ficar com a outra para sempre, se levarmos em consideração tão somente a questão da mortalidade. 

Ou da imortalidade. Depende de que papel tal figura esteja executando no filme. Romântico, porém, de ficção. 

Gênero, que, até onde sabemos, retrata algo que não existe. Ou seja, é tudo mentira. 

E o que acontece, então, de verdade, na vida real? No casamento entre dois mortais?

Juras de amor eterno? 

Olhares em combustão se encarando com constante paixão? 

Admiração mútua que não envelhece, em parceria indissolúvel? 

Cumplicidade infinda? 

Fidelidade infinitamente inabalável? 

Amor interminável? 

Imortal? 

Como um vampiro? Que para conseguir viver precisa sugar vida. 

Então simplesmente me faz refletir que tal amor pungente, "caliente", que supostamente deveria durar para todo o sempre... Não existe. 

Quer dizer, existe sim, em filmes como os do "Crepúsculo". 

Que românticas incuráveis como a ré confessa que vos fala, insistem em assistir trocentas mil vezes, visando reforçar a crença de que o amor imortal... Existe. 

Só precisamos procurá-lo diariamente dentro da gente. E aplica-lo constantemente. Amor próprio e alheio. 

É difícil, concordo. Quase que viver sob negação, dentro de um roteiro de ficção. 

O tempo? Faz o amor ficar senil. 

O para sempre nem sempre se compromete eternamente.

Mas assim como o vampiro, o amor deve se alimentar de algo quente e vermelho. 

Deve ser alimentado com mais amor. 

E com a crença diária de que ele não é suficiente, se não durar para sempre. 

Pois se não durar, é porque nunca foi amor de verdade. 

Só de ficção.

Setembro do Girassol


Bem-vindo, setembro: o mês que você nasceu! 

O mês da primavera;

E nesse ano você completa três delas.

Sim, essa foto é antiga, mas, para mim, tão cheia de vida!

Sem pose, exatamente o que somos um para o outro, a extensão de cada um;

Conectados pelos nossos olhares vívidos, alegres; 


Que se encontram como ímãs, porque a admiração é mais do que mútua, é latente;


O amor, incondicional!


Meu pequeno girassol, que guia todos os meus passos; 


E sempre ilumina todas as minhas manhãs;


Com esse seu riso escrachado, gargalhando, ainda quando está deitado;


Se levanta, proclamando na terceira pessoa: "_ O filho acordou!";


Me saúda com um explosivo: "_Bom dia mamãe!";


Terminando aquele ritual com um apertado abraço;


Com braços curtos que ainda não conseguem me envolver fisicamente por inteiro;


Mas que envolvem totalmente a minha alma, curando qualquer ferida; 


Porque o seu nome significa "Iluminado", não à toa você possui esse dom;


De deixar qualquer dia nublado ensolarado;


De me entender sem precisar verbalizar; 


De me acalmar quando estou angustiada, me encarando, sorrindo e fazendo carinho;


Você não bate de frente, simplesmente me convence a pensar diferente;


Me ganha com um simples toque;


Pois não lhe falta sensibilidade meu menino;


Tão calmo, doce;


Não tem como não viciar;


Com todo esse amor para dar;


Só me cabe retribuir;


Mais ainda quando você me pergunta manhoso, já sabendo a resposta: "_Mamãe, você ama eu?"


"_Muito, muito, muito!!"- grito para o mundo ouvir se for preciso!


Porque desde que nasceu, você me faz renascer diariamente;


Crescendo tão rapidamente;


Na proporção do meu amor por você;


Meu baixinho pequeno no tamanho; 


Mas gigante na personalidade; 


Que contagia qualquer um;


Com seu jeitinho meigo que vai chegando desconfiado, de mansinho;


E quando realizam?


Não conseguem mais desgrudar de você!


Que de verdade adora estar entre pessoas;


Com pessoas;


Descobrindo o mundo, através do seu mundinho.


Continue assim, meu pequeno, sempre meu bebê, mas com o coração maior do que de muito adulto;


Porque longe? Você vai. 


Virgem é seu persistente signo que não lhe permite desistir;


Principalmente de amar.


#euarenata

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Perdoar, perdoando


Perdão. 

Um ato que é empregado muito mais para o seu próprio bem do que para o dos outros.

Perdoar não pode se refletir apenas externamente. Antes de tudo, deve ocorrer internamente. 

Perdoar não é esquecer o que aconteceu. É lembrar, sem mágoa, ressentimento, sentimento de vingança pelo que ocorreu. 

É encarar a fraqueza dos demais como algo inerente ao ser humano. 

É perdoar os outros e, por que não, perdoar a si mesmo. 

É não se torturar, não tentar adivinhar a motivação por trás de comportamentos alheios. 

É deixar estar, seguindo em frente. 

Perdoar é o verdadeiro ato de amar o próximo. A si mesmo.

Perdoar em momento algum significa se sacrificar. Pelo contrário: é evitar o seu próprio sacrifício, emocional, espiritual, físico. 

Quem não perdoa adoece. Com o próprio veneno injetado pelos seus devaneios que contaminam com angústia, tristeza e raiva, cada pedacinho do seu corpo que um dia urrará por perdão, por não conseguir mais funcionar direito. 

Doenças psicossomáticas, cardíacas, e tantas outras que fazem todo o seu sistema imunológico entrar em colapso, não perdoam, se você não perdoar. 

Perdoar é doar o seu coração sem precisar fazer transplante. 

Perdoar é ganhar eternamente um punhado de ar fresco para a sua alma respirar levemente. 

Perdoar é saber que todos podem errar. Inclusive você. Que também vai precisar ser perdoado. Para o bem do próximo. 


terça-feira, 30 de agosto de 2016

O pulo da gata



Essa foto reflete o meio do caminho do maior pulo que dei na minha vida em direção ao mar.

Pode não parecer, mas essa pedra tinha a altura quase equivalente a um prédio de mais ou menos três andares. Ou seja, algo em torno de nove metros de distância em relação ao mar.

Foi numa praia perto de Whale Beach, em Sydney, que além de ser incrivelmente linda como qualquer praia australiana, tinha esse atrativo inusitado como "cortesia" de diversão a mais para os visitantes do local paradisíaco.

Na hora em que me deparei com o fim do penhasco, amarelei. "_É muito alto!" - gritei. Confesso, amedrontada.

Foi quando testemunhei duas crianças com, no máximo 8 e 10 anos cada, se jogarem sem qualquer tipo de hesitação em direção ao precipício que parecia não ter fim. Pasmem: rindo! Os pais? Aplaudindo! Fiquei estarrecida. E assim, na maior tranquilidade, pularam em seguida para encontrar sua corajosa prole láááááá embaixo. Eram locais, com certeza acostumados a praticar tal salto praticamente olímpico, sem qualquer tipo de receio de se quebrar por inteiro.

Me senti pequena de não executar tal feito. Crianças pularam! Por que não eu, uma mulher que na ocasião já era totalmente independente, maior de idade?! Por medo? Que ridículo! O medo congela. O medo te faz pensar demais. O medo impede você de chegar lá. Láááááá longe.

Já crianças? Nascem livres. Espontâneas. Vivem naturalmente intensamente, pois nada lhes é indiferente. Tudo é envolvente.

Então respirei fundo. Recuei alguns passos para trás, e corri. Deu até para sentir aquele frio na barriga típico de montanha-russa, quando estava caindo. Parecia não acabar nunca! Então, "pum", finalmente mergulhei, ainda incrédula, no azul congelante do mar.

Devido à pressão da queda, entrou água em lugares que nunca imaginava serem possíveis de serem alcançados no corpo de alguém. Lavei literalmente a alma.

Cheguei cambaleando na areia, depois de nadar com os braços tremendo devido à adrenalina sentida há pouco. Em puro êxtase. Parecia estar sob efeito de drogas pesadas, sem ter efetivamente me drogado.

Fiquei rindo sozinha, orgulhosa de mim.

Simplesmente deixei o medo de lado.

Mergulhei fundo.

E me permiti viver intensamente.

#euarenata

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A lagarta de amanhã


"Hoje, a lagarta que se arrasta no chão, será, amanhã, a borboleta que voará no céu". Li essa frase de efeito numa publicação qualquer a qual dissertava sobre superação. 

Quantas vezes nos sentimos como uma lagarta letárgica, que parece não vislumbrar qualquer tipo de esperança na concretização do objetivo almejado, qual seja: de ser reconhecido, se tornar bem sucedido, chegar a algum destino. 

Nos arrastamos sem ânimo, sem fôlego, sem discernimento, sugados pelo vácuo da nossa falta de motivação, sobrevivendo aparentemente no modo automático. 

Respiramos, andamos, comemos, sentamos, dormimos, ao invés de efetivamente inspirarmos, levitarmos, degustarmos, relaxarmos, sonharmos. 

Sempre naquela retórica de que estamos seguindo o nosso curso sem nunca sair de curso. Perdidos no vício do gerundismo. "Estou indo". "Planejando". "Resolvendo". Quando todos esses verbos já deveriam ter sido conjugados no pretérito perfeito. 

Seria perfeito conseguir pular a etapa da lagarta presa na letargia das suas ações e alcançar de imediato a leveza que é voar com as asas do presente indicativo conjugado pela borboleta cintilante que existe em cada um de nós. 

Eu canto. 

Tu amas. 

Ele sonha. 

Nós ajudamos.

Vós sabeis. 

Eles voam. De dentro do casulo, para o mundo. 

Nunca se esquecendo que muitas vezes nos sentiremos no chão, como lagartas rastejando no limbo do gerúndio. 

Mas sempre lembrando que um dia conseguiremos voar alto, nas asas presentes na beleza das borboletas.

 #euarenata

Baú da Felicidade



"_ Pensa que você acabou de ganhar na Mega Sena!", sugeriu o fotógrafo da sessão sessão de fotos em questão, visando tentar capturar nas suas lentes o flagrante de alguém que acabou de ser surpreendido com a notícia de que se tornou milionário, do dia para a noite. 

A minha reação imediata foi gargalhar ao acaso. 

Como deve ser essa sensação? De nunca mais ter que se preocupar com questões financeiras? 

Não que em alguma ocasião tenha me faltado algo, e sou diariamente (e fortemente) grata por isso. Mas, convenhamos, seria um quesito a menos na nossa lista de afazeres do cotidiano, certo? 

O item "trabalhar para ganhar dinheiro" seria sem qualquer tipo de hesitação descartado por muitos. Trabalhar? Só se fosse por hobbie, para ocupar o tempo, no meu horário, nas minhas condições. 

Não seria uma maravilha? Mas aí não se enquadraria no conceito de trabalho e sim no de diversão. Só que por que nos condicionamos a ter que ganhar tanto para aí pensarmos em gozar de um pouco de felicidade? Se é que ela existirá de fato lá na frente. 

Pois a felicidade não vem com selo de garantia.

É imediata. 

É o agora! 

Ela demanda uma única ação: deixá-la viver o momento. 

Dentro e fora de você. Para também contagiar outros que precisem de um afago de alegria na alma. 

Não podemos deixar a nossa felicidade internada na UTI e só lhe permitir ter alta no trecho alto, dos altos e baixos da nossa existência. 

Ela deve existir sempre, principalmente quando se está para baixo, pois ela é quem será responsável por levantar a sua cabeça em direção à luz e te fazer gargalhar. Com muito, com pouco. 

Não há felicidade reprimida, existe sim felicidade que não é plenamente vivida. 

ode-se ter todo o dinheiro do mundo, que claro, propicia uma melhor qualidade de vida, em todos os sentidos. 

Contudo, não se pode comprar tudo com uma conta bancária gorda. 

Existem itens, princípios, sentimentos que são inegociáveis. 

Por isso se me perguntassem: você trocaria toda a felicidade do mundo por dinheiro? 

Eu simplesmente gargalharia...