segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Do lado de fora do Quarto de Jack


Ontem assisti um filme considerado minimamente perturbador para uma pessoa como eu, que sofre de claustrofobia se sentir que está sendo mantida em cativeiro, qualquer que seja: social, emocional ou espacial. 

Se chama o "Quarto de Jack" e retrata a história de uma garota sequestrada aos 17 anos, mantida por 7 anos presa num quarto minúsculo, pelo seu sequestrador. 

Aos 19 anos ela dá à luz ao Jack, fruto de estupros sucessivos sofridos pela vítima ao longo desses anos de tortura, aparentemente intermináveis. 

A cada cena grotesca eu respirava fundo. Nada aparece, apenas sugestiona. Me senti sufocada, entristecida. 

Mas embora concebido de forma tão brutal, a mãe ama esse filho como se ela sempre o tivesse desejado. 

Ele tinha 5 anos, quando numa reviravolta excepcional e agonizante, com direito a todo tipo de licença poética possível, consegue escapar da prisão e ainda libertar a sua mãe.

Tal episódio acontece na metade do filme. A outra metade é dedicada ao pós-trauma experimentado pelos mesmos, oriundo de tantas feridas abertas. 

Uma criança com medo do mundo inteiro. Pois, até então, o seu mundo todo era o quartinho que era mantido em cativeiro. 

Uma mãe-menina privada de quase toda a sua adolescência, de forma tão avassaladora. 

Um avô que não consegue enxergar o neto senão como um lembrete diário dos abusos sofridos pela filha. Ironia do destino ou não, se não fosse por tal neto bastardo, talvez sua filha nunca teria saído viva dessa. 

Parece piegas, mas é um filme que nos faz refletir sobre como somos vulneráveis na nossa efêmera humanidade. 

Temos tudo: uma saúde que nos pertence para preservar e poder tirar proveito das simples coisas boas da vida. 

Temos o nosso lar. Uma família para cuidar, sem barreiras que nos impeçam de deslocar, para qualquer lugar. 

Podemos optar entre ficarmos tristes ou praticarmos a felicidade própria e alheia. 

Escolher como e quem amar. 

Respirar o ar da gratidão batendo nos nossos dedos e o vento da alegria soprando nos nossos cabelos. 

Enfim, somos privilegiados por termos livre-arbítrio e nós mesmos podermos nos libertar de amarras, qualquer que seja: social, emocional e espacial.

Ombro amigo



Repousar num peito amigo,

Sempre se sentindo bem-vindo,

Tudo que é sussurrado no ouvido,

Faz sentido.

Porque você sim, é um verdadeiro amigo.

Aquele que efetivamente escuta,

Não muda subitamente de conduta,

Permanece assim,

Gostando de mim, 

Ainda assim, 

Mesmo assim, 

Sempre assim.

Conversando dia não e dia sim,

Apoiando eternamente.

Cúmplice é pouco,

Para defini-lo,

Pois qualquer segredo,

Sempre estará guardado sem medo.

Qualquer desespero,

Será amparado com muito tempero,

De carinho,

De compreensão,

De amor.

Não há dor,

Nem necessidade de luta,

Para se conseguir qualquer ajuda,

Qualquer atenção.

Pois quem é amigo,

Está amigo,

Aqui e ali,

Mesmo distante,

É possível sentir de perto, 

Seu abraço reconfortante,

De tão importante,

Que é a sua amizade!

Feliz dia do amigo,

Para o meu marido amigo,

Pais e parentes amigos,

Irmão amigo,

Amigas Irmãs!

Que como ímãs,

Atraídos pelo destino,

Ficaremos sempre unidos,

Pois esse é o desígnio,

De grandes amigos!


#euarenata

Levemente Dura



Oscilo entre a dureza e a leveza do meu ser, e hoje acordei uma pluma. 

Por mais uma vez realizar com plena consciência de que minha consciência nunca será corrompida. 

Nem com a mais vil provocação, meu caráter permanecerá irredutível na sua bondade inata.

Se quando morremos vamos realmente para o céu, tenho a certeza de um lugar garantido, sem pagar nada por isso. 

Com a graça de Deus vou de graça para o paraíso. 

Mas o céu mesmo está dentro da gente. 

E meus atos sempre foram revelados estritamente de acordo com o que é ditado pela voz da consciência. 

Nunca escondi nada dela, até porque trata-se de feito impossível. 

Nunca agirei com os outros diferente da maneira que agiria comigo. 

Afinal, como podem saber o que se passa dentro de mim? 

Respondo: só se não fizerem questão de prestar atenção. 

Pois transparente como uma vitrine me mostro, demonstro, escancaro, até desenho se for preciso, sem fazer uso de meias palavras, indiretas ou frases feitas, quem realmente sou.

Eu mesma invento a minha escrita condizente com o que efetivamente acredito e prego: a autenticidade nas atitudes reconhecidas pela firma divina da fé. 

Que nada é se não houver luta. Luta esta a ser travada, antes de tudo, contra sua própria intolerância face à hipocrisia de alguns que sustentam ser deuses, mas nada são além de gente como a gente. 

Todo mundo vai para o mesmo céu ou para o mesmo inferno, mesmo sendo tão diferentes. Mas algo nunca pode mudar: o caráter. 

Esse sim é inexorável. 

Embora colocado constantemente à prova, como o próprio Kurt Cobain dizia, "a cada dia todos nós passamos pelo céu e pelo inferno", inevitavelmente cometeremos atos dos quais não nos orgulharemos. 

Mas o caráter deve se manter íntegro, embora seja certo que ninguém é 100% do bem. 

Grande parte, na realidade, é indiferente: não se mete, não questiona, não se abre quando se encontra num embate. 

E se auto-entitula gentil. Tudo é uma questão de perspectiva. 

Porque como Nietzsche mesmo sustentava: "o idealista é incorrigível; se é expulso do seu céu, faz do ideal o seu inferno". 

E eu pretendo continuar o meu voo livre de qualquer culpa direto para o céu. Sem ser idealista. 

Nikita


Mato. 

Mato em vida pessoas que não me agregam em nada.

 Sem remorço, extirpo da minha existência falsos amigos. 

Degolo qualquer lembrança amena que possa fazer o meu coração, derretido de experiências ruins, voltar atrás. 

Enchi o saco de bancar a boa samaritana pregando a ilusória política da boa vizinhança.

 Não existe ser bacana com quem é sacana. 

Fere todo o seu lado honesto, interpretar uma empatia desmerecida. 

Como ouvi de uma grande amiga, acaba-se, em contrapartida, matando bons sentimentos em legítima defesa. 

Não pretendo continuar levando sensações diversas ao suicídio coletivo. 

Desisto! 

Quero definitivamente me afastar de pessoas complicadas, ilegítimas, mal resolvidas com si mesmo e com os outros.

 Indivíduos que te chamam pelos apelidos mais carinhosos, desfecham o sorriso mais escancarado, mas só te querem mal. Ou, ao menos, não te desejam o bem. 

Bang-Bang! 

Atiro com meu fuzil emocional na cabeça oca desses sonsos, sem errar o alvo, no melhor estilo la femme Nikita. 

Seria possível assim, tais dissimulados adquirirem algum tipo de bom senso ou o mínimo de juízo de valor? 

Óbvio que não! O som do tiro não se propaga nas suas mentes, formadas por vastos corredores embaralhados de vácuos imersos na mais profunda solidão, raiva, inveja e ressentimento. 

Não compreendem a menor indireta mais direta que se dê a eles. 

Não dão o braço a torcer ou baixam a guarda quando você - humildemente - resolve dar uma segunda, terceira chance ao melhor convívio mais próximo possível. 

Cansei! 

Cheguei à conclusão que tratam-se mesmo de sociopatas, que certamente nasceram desprovidos daquela região cerebral mais importante de todas: da emoção. De onde se origina toda a sensibilidade necessária para se compreender o próximo. Já ouviu falar? 

Mas se não entendem nem a si mesmos? Como esperar que tenham o mínimo de transparência nas suas atitudes?

 Não sou santa, heroína, não trabalho para a ONU, nem sou uma figura pública, portanto, não estou nem aí para diplomacia. 

Olha a minha cara de boazinha... 

Guarde bem esse semblante, porque é só isso que terá de mim, daqui em diante: o olhar assassino de quem te matou em vida, sem qualquer ressentimento. 

Aqui dentro.

Woman Power



"Penso que mulheres são bobas em acharem que são iguais aos homens. 

Elas são muito mais superiores e sempre têm sido.

 Qualquer coisa que você dê a uma mulher, ela fará melhor. 

Se você der a ela esperma, ela te dará um bebê. 

Se você der a ela uma casa, ela te dará um lar. 

Se você der a ela alimentos, ela te dará uma refeição. 

Se você der a ela um sorriso, ela lhe dará o seu coração. 

Ela multiplica e amplia o que é dado a ela. 

Então, se você der a ela qualquer porcaria, fique preparado para receber uma tonelada de merda." 

(William Golding - escritor, dramaturgo e poeta inglês)


Photoshop Interior


Quando amadurecemos é que efetivamente aprendemos a nos amar. 

Por dentro, e, principalmente, por fora. Sim, isso mesmo que você acabou de ler: aprende-se a apreciar o exterior pelo que é. 

Não somos modelos perfeitos esculpidos por um artista perfeccionista qualquer. Somos assimétricos, temos espinhas, nariz grande, celulite ou varizes. Possuímos alguns quilinhos a mais ou de montão. 

Nem todo mundo foi predestinado a se tornar uma Angel da Victoria's Secret. Existem pessoas que insistem em somente publicar fotos profissionais carregadas de edição e photoshop. A que consta na presente publicação não é diferente da assertiva em questão. Mas se presta a um propósito digno que será revelado mais adiante. Vocês concordarão. 

Fato é que somos seres envaidecidos por natureza, sentimos necessidade de sermos constantemente aprovados com louvor, pelos olhos críticos de internautas por vezes, até, desconhecidos. 

Por que tamanha necessidade de autoafirmação perante terceiros? Pois nós mesmos não toleramos ser algo diferente de musas uber models. 

Mas, às vezes, somente às vezes, alguns, ao atingir a maturidade, baixam suas respectivas guardas, jogam fora as suas máscaras sociais, e finalmente resolvem estender uma bandeira branca para a própria autoestima. 

Antes tarde do que nunca realizam que essa guerra constante consigo mesmo, travada em conjunto com uma perpétua competição com quem nem sabe que está sendo desafiado, somada à exposição demasiada nas redes sociais, não serão recompensadas com troféus de ouro ou aplausos sinceros - apenas contribuirão para um desgaste emocional cada vez maior pois acredite: tal como alguém viciado em narcóticos, a autoestima baixa tem compulsão por atenção alheia, em excesso. 

É o caminho sem volta da vida vivida somente para os olhos dos outros: uma eterna fachada formada por tijolos de vento, sem estrutura alguma. Quando a única atenção que a autoestima realmente precisa, é de si mesmo. 

Só assim, para poder enxergar uma Angel dentro si para fora, refletida no espelho bem à sua frente, mesmo sem qualquer maquiagem: física ou digital.

Gigante


Sou uma gigante que consegue conquistar o que almejar. 

Vejam só, até a Lua! 

Pinço ela entre o dedo indicador e polegar observando, em êxtase, a sua beleza peculiar reluzir sobre os meus pensamentos. 

Que vivem no mundo da Lua à procura da realização constante do sonho mais ideal, sempre fora do normal, como numa tela surrealista de Caravaggio: um pensamento invade o outro se condensando e transformando-se em figuras tridimensionais cujos traços vão ganhando o formato pertinente em consonância com o comando do impulso mais nervoso, mais vívido. 

Eu vejo o que quero enxergar, crio o que quero vivenciar, nunca deixei de realizar nada que idealizei, pois sei que sou a exclusiva criadora do meu destino. 

Direto do mundo da Lua crio o meu próprio planeta Terra. 

Lá não existe tristeza, egoísmo, pobreza ou morte. 

Há apenas alegria, amor, prosperidade e empatia. 

Tudo que existe começa de dentro. 

E tenho o poder de criar o que há de melhor. 

Para mim e para você! 

Estaria vivendo em negação? 

Absolutamente não! 

Lembra que eu posso tudo? 

Até pegar a Lua?