terça-feira, 12 de julho de 2016

Sinta-se mal, para poder se sentir bem


Psiuuu... Sim, você mesmo! Com essa carinha aflita.

Deprimida.

Pra baixo.

Com o humor contaminado pelo que há de mais lastimável na humanidade.

De verdade, não fique assim.

Melhor, fique assim sim.

Sinta-se no fundo do poço. Inútil.

Traído.

O ser mais desprezível de todos.

O mais desconcertado.

Isolado.

Chore suas mágoas.

Exploda com toda a sua frustração.

Sem moderação, coloque toda a sua melancolia em ação.

Se mire no espelho, observando as lágrimas caírem, uma a uma, com a cara inchada, o nariz vermelho; sem paradeiro!

De preferência, com uma música bem deprê ao fundo, visando enaltecer todo esse drama.

Sim, sinta-se sem esperança, sem norte.

No corredor da morte.

Vivencie tudo de ruim que uma alma possa suportar.

Grite ao acaso, se necessário.

Agora pare um pouquinho.

Reflita.

Respire fundo.

Pense de forma inversamente proporcional com relação a todo tipo de emoção descompensada despejada, sem cerimônia, sobre sua aparente aflição.

Pois só se pode saber o que é bom, quando se tem certeza do que é o mau.

Sinta-se mal. Para saber o que é se sentir bem.

E poder valorizá-lo - sempre - também. #euarenata

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Faca na Bandeira


Luto: sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém.

Pela morte da gente.

De uma nação inteira de trabalhadores representada por políticos de partidos partidos ao meio, que nos deixam de coração partido.

Pela corrupção que se assola, pelos crimes cometidos diariamente na nossa cola, pela falência múltipla de todos os órgãos públicos do nosso País.

Direitos humanos que se aplicam somente a bandidos. Não deveriam se aplicar a todos considerados "humanos"?

Médicos que são assassinados em latrocínios; criminosos que são "resgatados" de hospitais, deixando para trás mais um rastro de feridos, pelo caminho do caos.

Servidores que servem o Estado - de graça, pois não há dinheiro para pagá-los.

Mas o salário dos vereadores, deputados, senadores, presidentes e bolsas família só aumenta.

O desemprego também.

E os impostos, taxas, multas, propinas continuam exorbitantes.

A saúde diminui.

O transporte inexiste: constroem linhas de metrô com orçamentos inflacionados que ligam o nada a lugar algum.

O trânsito piora, não vejo esperança em qualquer tipo de melhora.

Pista de bicicleta desaba.

A segurança também.

O Rio de Janeiro que continua lindo é aquele retratado em filmes exibidos em festivais de Cannes para inglês ver. O Rio da Zona Sul.

Já morei na princesinha do mar e onde a olha que coisa mais linda mais cheia de graça desfilava aos olhos de Vinícius e Jobim.

Já fui assaltada, já me esquivei de tiroteio e já vi gente morrendo bem na minha frente. Lá mesmo, na Zona - de guerra - Sul.

Esse tipo de violência não é divulgada.

Gente deslumbrada.

Somos um ponto no nada.

Nossa vida não vale nada!

Cadê os homens fardados de preto, imponentes, que metem a faca na caveira?

Aqui só se mete a faca na bandeira!

Estupradores que continuam ostentando os seus pintos em riste, crianças abandonadas, iletradas, que morrem, que se matam, que matam, políticos que continuam nos roubando.

Na nossa cara, sem qualquer vergonha na cara.

Olho para a esquerda, vejo gente de direita brigando; viro para a direita, escuto gente de esquerda xingando.

Se sou a favor de algum lado?

Te digo: voto viver num País desenvolvido.

Quem se candidata a atingir tal feito? #euarenata #brasil #luto

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Amor na sacola


O que para muitos deve ser um desafio desagradável, tenho a presunção de afirmar que para mim é um prazer enorme: confeccionar apetrechos artísticos incumbidos aos pais, pela creche do meu filho. A bola da vez era desenvolver uma sacola temática para ser utilizada como "coletora de prendas" pelos pequenos, na correspondente festa junina. Tive o maior cuidado em pesquisar referências no oráculo Google e colocar as asas da criatividade para voarem longe, assim que me encontrei embevecida de inspirações mil. Fiquei imaginando a felicidade do meu filho em carregar pelos cantinhos lúdicos da creche a sacolinha em questão, ostentando o seu simpático semblante. Algo que, a princípio, possa parecer tão insignificante, garanto: não é. Crianças se sentem seguras e orgulhosas em serem prestigiadas, principalmente, pelos seus pais. Veja bem: prestigiadas, enaltecidas, amadas. Nunca mimadas! Há uma grande diferença entre fazer tudo por amor, e deixar o filho fazer tudo que quiser - achando que isso é amor. Amar é resguardar, acalentar e, claro, educar - a parte mais difícil, mais assustadora, mas tão essencial quanto respirar. Não existe nada pior do que uma criança mal educada, sem limites. Acaba se tornando um adulto inseguro por não saber a diferença entre o certo e o errado. Ou, talvez, se tornar desprovido do mínimo de sensibilidade por não ter noção do real significado de bom senso. Que é aprendido através do exemplo empregado a cada instante do dia pelos pais. Um trabalho árduo! Mas quem mandou ter filho? Esperava-se que fosse criado sozinho? Ao relento? Fazendo malabarismo com bolinhas de tênis no sinal de trânsito? Temos a obrigação moral de diariamente: demonstrar aos nossos filhos que sempre estaremos presentes, que eles são sim o nosso maior presente. Que sempre poderão contar conosco, que sempre sentiremos orgulho dos seus feitos, e, que, claro, sabemos que eles não estão livres de defeitos, mas, que, ainda assim, os amaremos de qualquer jeito, porque jeito de amar não existe, o que faz a diferença no adulto de amanhã é o sentimento exteriorizado hoje: em palavras, atitudes e sacolas de festa junina. #eurenata

domingo, 3 de julho de 2016

Ira contida


Pessoas andam com muita raiva contida em si mesmos. 

Sentem o prazer mórbido de comentar, se meter, fofocar, gorar, invejar, xingar, matar, nem que seja em pensamento, a respeito, na, sobre, a vida dos outros. 

Nesse exato momento estou comentando sobre terceiros aleatórios que possuem esse tipo de comportamento, apenas para reforçar a tese de que sempre temos que falar dos outros, em qualquer ocasião. 

Porque é mais fácil do que falarmos de nós mesmos. 

Requer um exercício de autoconhecimento profundo onde não serão somente colocadas em evidência as nossas qualidades. Defeitos, muitos defeitos, brotarão em conjunto, das  entranhas mais sombrias e inóspitas, também. 

Mas pessoas que falam mal de outras, são perfeitas, imagino. 

Como se o fato de serem "perfeitas", lhe dessem esse direito. Ou não têm absolutamente nada, mas nadica de nada, que seja minimamente interessante, para fazer, falar, gostar, se ocupar, sobre, a respeito, com a suas próprias vidas. 

Pois se assim fosse, por que iriam perder um tempo tão valioso da sua existência - declaradamente nada interessante - para se importar com a profissão exercida por ciclano, ou com a namorada tatuada de fulano? Ou com a sexualidade de beltrano? 

Por isso, por mais que você se esforce para se enquadrar num padrão de conduta considerado como "razoável" pela sociedade, tenho notícias para você, meu caro: menos você será aceito. 

Porque se o "foco da fofoca", ele mesmo não se aceita, não se garante, não se encara, por que os fofoqueiros de plantão, sem coração, sem razão, sem noção,  iriam ter a decência de respeita-lo? 

Já não o fazem com quem tem tudo isso e muito mais, vide Cristo; que nem ele, no alto da sua santidade, conseguiu agradar a todos. 

Por que você acredita que atingiria tal feito? 

Portanto, nunca tente agradar os outros se tal ato consequentemente irá desagradar a si mesmo. 

Pessoas desagradáveis, de mal com a sua respectiva vida e com a de todos, sempre existirão. 

O que não se pode pregar é um comportamento desagradável de você com você mesmo. 

Sob pena de se tornar uma pessoa desagradável tal como e com todos esses outros que tanto falam de todo mundo #euarenata

terça-feira, 28 de junho de 2016

Do alto do seu confortável pedestal...


Olá você aí de cima do seu pedestal.

O que te mantém nele?

Arrogância?

Medo?

Exibicionismo?

Ou a sua luz própria?

O que te faz descer dele?

Humildade?

Reverência?

Amor?

Ou tristeza?

Qual é a sua história?

Se abra!

Saia do seu pedestal.

Pois santo você não é.

Santo fica no céu, bem acima do seu suporte imaginário, onde só você mesmo se suporta.

Você é do tipo que só cria problema?

Enfrenta problema?

Ou supera?

Ataca como um tubarão?

Ou se entoca como um furão?

Por que você só olha os outros de cima?

Acha que isso te ajuda a dar a volta por cima?

Que sina!

Mais sem razão.

Que vai te levar para outra direção, daqueles que não possuem coração.

Não pedem perdão.

Estão acima de qualquer suspeita.

Porque encarar os outros de frente desperta a suspeita de ter que encarar a si mesmo.

De baixo para cima.

Fora da magnitude forjada pelo seu fictício pedestal #eurenata

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Pedras e paralelepípedos


Somos todos tijolos, pedras, paralelepípedos, alocados um ao lado do outro nessa estrada longa, nem sempre serena, que é a vida. Somos iguais.

Respiramos, andamos, sonhamos. Cada qual com o seu tipo de objetivo, de acordo com o tamanho da sua ambição, não importa. Somos todos iguais.

Sentimos o mesmo tipo de felicidade, de tristeza, de dor. Sabemos exatamente como é assimilar, nos deparar com todo tipo de sensação, intrínseca e alheia. Pois somos todos iguais.

Sabemos como é se sentir negligenciado, discriminado, sabotado, indesejado.

Então por que semeamos tanta negatividade? Por que há tanta crueldade no mundo? Tanto desrespeito? Por que se interessar tanto no que o outro faz, deseja, almeja, de forma tão improdutiva?

A fé nunca poderia ser utilizada como embasamento para a prática do mal. Muito menos dessa forma desenfreada, por motivos tão torpes, tão sem sentido. Tão sem sentimento.

Como pregar o bem para quem simplesmente não se importa com nada além dos seus princípios distorcidos? Nada comprometidos com a integridade da humanidade?

Só posso pensar que nessa estrada onde todos somos iguais, sempre haverá alguém que será a pedra no caminho ao invés de ser mais uma pedra do caminho. Como deveria ser.

Onde todos, absolutamente todos, somos iguais. #euarenata #lutopororlando #somostodosiguais

terça-feira, 21 de junho de 2016

Vida de filme


Filmes possuem algo que peças de teatro não têm: a visão do personagem capturada de dentro para fora.

Como se estivéssemos usando binóculos conectados diretamente à alma, somos capazes de incorporar qualquer cena em consonância com o ritmo que a trama se desenvolve, geralmente mais pausada que uma interpretação no palco.

Podemos respirar na velocidade do protagonista, passear pelo jardim mais bucólico nos pés do coadjuvante, amar na intensidade da sua acompanhante, ou viajar nas asas de um pássaro figurante.

Filmes nos transportam para uma realidade não tão distante da nossa própria realidade, claro, com a desculpa de poder empregar hora ou outra a tão surreal "licença poética", conceito este onde se enquadra tudo que, a princípio, seria considerado irreal se comparado ao que efetivamente acontece na prática.

Nos filmes tudo pode, com a vantagem de quase sempre tudo terminar bem, para a maioria do elenco. Digo "quase sempre", pois nem sempre é possível interpretar a mensagem final de um filme, de forma uníssona.

Em muitos casos termina de um jeito que só nos resta digerir vagarosamente as nossas conturbadas suposições imersas num clima absolutamente inquisitivo, no estilo "hein?!", concedendo espaço para a nossa mente conceber inúmeras indagações do tipo "É isso? Acabou?". "Mas já?".

E sim, meu caro, sinto-lhe informar que... Acabou. Como em algumas ocasiões na vida, existem filmes que não fazem sentido algum.

Mas os filmes terminam e a vida continua. Com ou sem sentido.

Cabe a você determinar o sentido que quer dar à sua própria vida. E com o benefício de não saber ao certo quando será o seu final.

Por isso não deixe o pouco ou muito tempo que lhe resta, simplesmente passar sem cor, sem direção, sem sentido. Pois corre-se o risco de deixar a sua vida totalmente sem sentindo, como no final de um filme mal acabado.

Faz sentido? #euarenata