quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Insônia


Nunca subestime o poder  da insônia. Diferentemente do que a sua sonoridade sugere, se hipoteticamente pronunciada em inglês ("In-somnia"), ela não habita somente as "Sonias", mas, também, as Silvias, Marianas, os Josés, Joãos da vida. Se até o Al Pacino sofreu com essa praga no agonizante filme "Insônia", ao ser incumbido de passar alguns dias no papel de um policial investigando um determinado homicídio numa inóspita região do Alasca, quem sou eu, pobre mortal, para ter a ousadia de me excluir da lista desprivilegiada dos potenciais insones? Quando a insônia resolve despertar, amigo, diga adeus ao seu sono, até então, tranquilo e profundo, digno de participação como protagonista nos comerciais de colchões anatômicos confeccionados por astronautas da NASA.  Ao menos nas próximas oito horas consideradas como ideais e imprescindíveis para se manter o sono da beleza em dia, a sua noite se transformará na "Hora do Pesadelo" - e o pior, com você totalmente acordado -  sem direito a brincar no parquinho com o Freddy Krueger, como no filme. Sempre desdenhei a insônia, considerava-a uma espécie de lenda urbana noturna, até que numa madrugada qualquer acabei sendo vítima de seu impiedoso ataque. Uma lâmpada imaginária se acende, e você não consegue desligá-la. E a conta não sai barata para o seu cérebro, que perde a conta de quantos carneirinhos pularam a cerca. Então as ovelhas caem no abismo dos seus pensamentos que se transformam num mar revoltado com ondas magnéticas tão gigantes que fariam qualquer surfista big rider amarelar. Não existe nada pior do que rolar de um lado para o outro numa cama convidativa, com o corpo exausto e o seu cérebro totalmente ativo. Você cerra os seus olhos, mas como nos desenhos animados cômicos, suas pálpebras parecem desenrolar ligeiramente para cima, como cortinas Luxaflex com defeito. A sua mente insiste em te dizer: "_Tô cansada! Quero dormir!", mas aquela região do seu cérebro atrelada à audição parece não escutar os apelos dramáticos da sua vizinha, a parte emotiva do cérebro. A insônia é má e gosta de silêncio, cortando imediatamente qualquer canal de comunicação existente dentro de si. Para a fome, basta comer que ela passa. Se você tá se sentindo sujo, toma um banho, que tudo fica limpo. Já para a insônia, invasiva e arrebatadora do jeito que é, só sendo nocauteado por um faixa-tarja-preta para apagar mesmo.



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