“Penso, logo existo”, assim
declarou Descartes. A contrario sensu, se eu não pensar, não existo. Ao menos,
para o filósofo iluminista em comento. Quando digo não pensar, significa agir sem
ponderar. Então a minha existência passa a ser relativa. Ela é condenada à
morte, mesmo eu ainda estando onipresente. Confesso que diversas vezes na minha
relativa ou não existência, simplesmente
deu uma enorme vontade de chutar. O balde, o pau da barraca, a bola de futebol
americano. Representado todos, a razão. Deu vontade de chutar a razão, quinhentas
jardas à minha frente. Touchdown para
a Renata! Penso que pessoas que racionalizam demais, agem de menos. Sempre
buscam desculpas para não se comportarem, agirem, amarem, de determinada
maneira considerada - aparentemente - fora do âmbito da conveniência social. Parecem mais robôs equipados
com chips de emoção programados para serem acionados estritamente de acordo com
o disposto no disco rígido e inexorável do seu cérebro. Quadrado. Como um
tabuleiro de jogo de xadrez, onde todas as ações são pensadas, sopesadas,
prevendo a próxima jogada do oponente. Até o momento em que
uma simples distração os coloca em xeque-mate. Opa. O que fazer nesse momento, em
que o seu software se encontra emocionalmente defasado? Putz, eles esqueceram de fazer o
download da última versão da teoria da lei universal de que toda ação, gera uma - instantânea - reação. Então surge um bloqueio absoluto que os impede de seguir adiante. Pois não sabem
como agir sem ser com base na razão. Como explicar um milagre? Como discorrer
sobre a fé? Como acreditar em algo que não se vê? Tudo tão subjetivo, sem embasamento
racional. A razão é bacana quando ela anda de mãos dadas com o bom senso: para
se levar a vida com o mínimo de razoabilidade. Mas é um saco quando ela acaba sendo sempre a
sua única opção de escolha. Pois se torna a porta de entrada de todas as
cobranças relativamente existentes: emocionais, físicas, financeiras.
Internas, externas. Existe um padrão estabelecido - intrinsecamente –
pela sociedade, a ser seguido. Eu não o vejo. Mas em nome da razão e do bom
costume, é assim que eu fui programado para agir. Tenho essa dívida social contraída desde o
berço, que devo pagar com juros altíssimos ao Banco Imobiliário do Jogo da Vida.
Tem uma música da Alanis Morisette que retrata bem essa situação: se chama “Perfect". Diz que sempre temos que nos esforçar para sermos melhores. Para
ganharmos, assim, o amor dos outros. Para as pessoas sentirem orgulho da gente.
Não podemos decepcioná-las. Não podemos deixar de ficar, sempre, em primeiro
lugar. Uma eterna competição decorrente de um jogo olímpico de vaidades que eu sequer pedi para
participar, em primeiro lugar. Em outras palavras, parece que a nossa vida se
resume em ter que agradar aos outros. Pensar, para existir – de fato - perante
os outros. Se assim for, sou mais agir sem pensar. Viver a felicidade ingênua dos
ignorantes. Vejam os bichos: simplesmente agem instintivamente. E sofrem de
depressão ou problema de autoestima? Creio que não. Prefiro não existir para os
outros, e mais para mim. Existir, nesse contexto de ter que pensar acima de si,
nos outros, implica em persistir, o que te leva, muitas vezes, a desistir. E eu
nunca vou desistir de mim. Muito menos para os outros.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Rock in Me
Quando penso em rock, logo me imagino com um Ray Ban, usando uma jaqueta de couro preta cheia de franjas, um jeans surrado, botas, vagando no embalo de uma Harley Davidson vintage, com os cabelos soltos ao vento, e o sol batendo no meu rosto, numa estrada deserta, no estilo Route 66. Ligeira e sem rumo. Vruuuum. Vruuuum. Totally free, na freeway. O som não poderia ser outro senão o "Born to be Wild", do Sttepenwolf. Okay, admito - bem clichê. Mas isso é puro Rock'n Roll. É a boca sedutora dos Rolling Stones. É a cara pintada do Kiss. A língua escrachada do Ozzy Osbourne. Amo, amo, amo. Esse clima de libertinagem inteligente. De rebeldia com causa. Sim, porque o verdadeiro roqueiro, aquele que efetivamente honra a essência do gênero musical em questão, sempre terá uma bandeira para sustentar. Algo para protestar a respeito, com respeito. É explodir sem se partir em mil pedaços. Balançar a cabeça com toda a força para exorcizar todos os demônios. Sai de retro. Só quero sentir o estouro mágico das cifras das guitarras, nos meus sedentos ouvidos. Miau. O rugir de um gato selvagem, enfurecido. A guitarra. Que mais parece o esboço de um corpo nu, sendo dedilhado ferozmente pelo seu respectivo possuidor. Luxúria, orgasmo subliminar. É a revolução do comportamento. A quebra de um padrão. É o dizer sem filtro. É simplesmente não se importar com o que os outros pensam. É ser si próprio, sem dor, nem pudor. Sou fã número um de tudo relacionado ao rock. Som, maquiagem, penteado, roupa... Rock é revolução; liberdade de expressão. Rock é ser autêntico, é estar à frente do seu tempo. É a minha droga. Meu universo sensorial. Não vivo sem ele. "I love Rock'n Roll, so put another dime in the judebox baby". Oh, yeah!
domingo, 27 de setembro de 2015
Um Brinde
Um brinde nunca é demais. Um brinde para o que se tem. Para o que veio e para o que ainda vem. Um brinde pelo simples prazer de brindar. Pois é demais brindar! Por nada. Por tudo. Cheers!
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Lado B
Não é todo dia que se acorda na
vibe de um encantador comercial de margarina. Todos à mesa, sorrindo e
degustando, unidos, um delicioso e regado café-da-manhã, digno de resort
de luxo. E é exatamente nesse momento, no qual você acordou com um belo pé
esquerdo, que ele resolve se manifestar com sua total e desenfreada intensidade
– o Lado B. É o setor obscuro da sua personalidade arrancando à força, sem
sua permissão consciente, a blindagem da Doriana. Aquela que te deixa massa, bem atrativa, a la parmegiana. Passada como uma pomada de uso externo, para fingir que – absolutamente sempre – está tudo bem. Afinal, é
tabu falar sobre derrotas. Ninguém gosta de ter testemunhas de
suas fraquezas. Tragam-me vitórias, mesmo que sejam estórias inventadas. Me engana que eu gosto. Traia o meus olhos, sem remorso. O meu Lado A se atrai, sem esforço. Tudo é um utópico, belo
e perfeito paraíso virtual. No estilo ilustrativo de Caetano, deitado sobre uma
rede, deixando a brisa bater na vasta cabeleira, assim, com o semblante dele
declarando placidamente: “_Você é linda. Sabe viver...”. Ah, essa (musa) internet. Sabe realmente viver. Mas, será que efetivamente existe alguém que
consiga ser 100% alegre, 24 horas ao dia? Se houver... Não sei se gostaria de ser
assim. Pensa só não realizar o que é a tristeza? Talvez eu nunca daria valor à legítima
felicidade. O seu filho nasceu? Legal. Fiquei tão feliz com essa notícia como com
o fato de eu ter comprado um rolo de papel higiênico lá na esquina. Passou no
vestibular? Que máximo. Eu escorreguei numa casca de banana, olha que bacana. Ué, se sempre estou ha-ha-ha
rindo à toa, me diga como será possível atribuir um valor diferente, a uma sensação que sempre me é indiferente? Tudo é igual. Pro
bem ou pro mal. Para isso, preciso de parâmetros. E aí é que o Lado B indiretamente
me auxilia nesse sentido. Ele escancara para mim o meu lado agressivo. Impaciente. Egoísta. Antissocial.
Intolerante. Insano. Triste. No entanto, tenta se manter 24 horas com um mau humor danado. De tão
amargo, vai acabar sentindo falta daquele doce comercial de margarina. Já ouvi
falar que embora seja o nosso órgão mais inteligente, o cérebro é
demasiado burro quando se trata em enganar sensações. Tudo se resume a impulsos
nervosos. Então se você declarar impulsivamente que o seu dia está uma tremenda porcaria, dificilmente você sairá da lama. Veja que o seu cérebro acredita
ingenuamente em tudo que você diz a ele. Não questiona. Quem faz isso é o
coração. Sabendo que a verdade não veio à tona, ele detona a sua consciência.
Mas como o coração é de manteiga, acaba te presenteando com as coordenadas da eventual emoção do dia. Você escolhe se vai
optar pelo bom senso, pelo drama, ou pela Doriana. Ah, hoje estou triste sim.
Então assuma. Mas não deixe a despretensiosa tristeza ficar vagando nos seus pensamentos por muito tempo,
pois ela vai acabar convidando a depressão para lhe fazer companhia. Aí
essa temida parceira, vai deixar a sua cabeça com ainda mais asneira. Já, se você começar a
mentalizar que apesar de tudo ter dado errado, uma hora vai ficar tudo bem, é
incrível como o seu cérebro se engana fácil... E passará a se sentir assim
também! É a felicidade instantânea, a la Nissin Miojo. Acompanhada, então, da
Doriana, hum... Mata imediatamente a fome da sua autoestima. Mas, cuidado: é
uma felicidade pobre em nutrientes, e consumida rapidamente. Por isso, seja
Lado A, seja Lado B. Mas, antes de tudo, seja você. Pode-se enganar a todos para sempre. Nunca a si mesmo, por muito tempo.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Boa noite, astro-rei!
Posso estar onde estiver, sempre reservarei um segundo do meu dia para contemplá-lo. Sinto necessidade de admirar a sua beleza singular. E de sentir toda a sua energia emanada sobre mim. Não viveria sem ele. Aliás, a humanidade toda depende dele. Os dinossauros que o digam. Como um inseto voando hipnotizado em direção à luz, o meu olhar automaticamente se fixa nele, em cada espetáculo que nos presenteia diariamente. Dependendo do lugar, ora se despede tímido, por trás das nuvens incandescentes se debandando para o oeste, ora diz adeus, explodindo numa cor alaranjada com tons que variam do amarelo ao rosado, rumo ao leste. Bem redondo e imponente como um leão vagando pela savana dourada, todo contente. A faceta do astro-rei que mais me inspira, é a do pôr-do-sol. Embora com todas as diferenças e desigualdades do mundo, penso que uma coisa é certa: o pôr-do-sol pertence a todos. E não há nada que toda a ganância da humanidade possa fazer para mudar isso.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Ser sexy é...
Conquistar com um olhar.
Penetrante. Daqueles que aprisiona a atenção do amor mais cego e abate o mais
resistente brutamonte. É sensualizar sem ser vulgar. Como a clássica cena da
Merilyn Moroe segurando placidamente a barra do seu esvoaçante e deslumbrante vestido,
é mostrar o suficiente para gerar curiosidade, escondendo o necessário para
deixar na vontade. Ser sexy abusando das curvas, sem se questionar o teor de
gordura. Ser sexy é se assumir sem se diminuir. É provocar sem disputar
vaidade. É ser inteligente, emocional. Não
há nada mais brochante do que um ser ignorante. Em atitudes e palavras ríspidas.
Ser sexy é encarar, sem depreciar. É explorar sem abusar. É estimular sem se
anular. É colocar as necessidades do outro, em primeiro lugar. Ser sexy é fazer
bico sem parecer um pato. É passar um batom vermelho e sentir mais poderosa, no
ato. É usar um salto e a sua autoestima ir lá para o alto. É ser quente o suficiente
para dançar ao som de “Erotica” da Madonna ou “Blue Jeans” da Lana Del Rey, sem
se queimar. É ser sexy fazendo pose de ninfeta de pouca, meia ou qualquer idade. É ser sexy sem ser – sexo - explícito.
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Inspiração do dia - Pavão da Opinião
Seja um pavão, chame a atenção. Acima de tudo, seja um formador de opinião. A beleza está no coração. E não na ilusão criada pela - sua condicionada - visão.
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