segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Amor emoldurado


O amor é como um quadro emoldurado cuja tela foi pintada com o intuito de se manter volátil aos olhos de quem a observa. 

Uns de forma superficial e outros de maneira bastante visceral. 

As cores, texturas, pigmentos do seu teor vão se alterando com a ação do tempo, ou em razão de qualquer contratempo, pois nada continua igual na vida a dois, uma vez que a perspectiva de cada um é obrigada a se adaptar individualmente às mudanças de comportamento: seu, dele, de todos à sua volta. 

Mas há dois pilares que nunca podem ser derrubados num relacionamento, seja ele um retrato de uma pintura impressionista, surrealista ou minimalista: a admiração recíproca e o prazer de estar na companhia um do outro. 

Claro, o respeito é a aquarela que dá o tom perfeito à cor que deveria predominar na interação de cada um com ambos: branca, a cor da paz. 

Pois não pode haver briga demais ou sofrimento em demasia no amor. Deve haver calor para prosperar. 

O amor deve permitir respirar. Com profunda serenidade, principalmente com o passar da idade: sua, dele, do casamento. Que deveria ser sempre cor-de-rosa: a mistura ideal entre o branco da paz e o vermelho da paixão.


Isso sim, um mar de rosas, que muitas vezes trará espinhos em dias de ressaca, mas que devem ser podados com muita a resiliência. 

Paciência. 

E acima de tudo, persistência - sadia, nunca doentia. 

Para que as borboletas que se sentiam no estômago ao vê-lo, nunca morram de desgosto com o gosto da rotina. 

Que sim, tem que ser repetitiva, mas nunca permissiva demais. 

Nem depressiva.

 Nunca se deve deixar de pintar o sete a dois. 

Fazer do amor uma arte de amar. 

Numa tela emoldurada por um jardim secreto. 

Muito bem cuidado por uma vida levada numa paleta de cores sortidas, vivas, vividas a dois.

FM 102.9



Nesse dia estavam fazendo exatos 7 graus celsius do lado de fora de um barzinho em Campos de Jordão, onde foi apresentado um show de rock de uma banda que tocou um repertório que compreendeu desde "Hotel California" dos Eagles, "It's a Long Way to the Top" do AC/DC, até explodir em aplausos com o cover avassalador de "Sweet Child O'Mine" do Guns' n Roses. 

Desculpem o termo mas passamos um frio da porra, já que a sensação térmica era de algo em torno de zero grau (ou menos). 

Mas por dentro? O clima esquentou na companhia de uma ótima companhia, no encontro de taças de vinho brindando o momento ao sabor de um delicioso Cabernet Sauvignon, e, claro, ao som do melhor som de todos: Rock! 

Foi uma noite incrível, que eu repetiria inúmeras vezes em qualquer local do mundo, sob o efeito de qualquer clima. 

Eis o meu espanto ao chegar no meu carro, e ligar religiosamente na minha estação de rádio predileta, a #radiocidade (FM 102.9), e notar que ao invés dela estar acariciando os meus ouvidos com músicas do Nirvana, Pearl Jam ou Red Hot Chili Peppers, estava tocando nada mais, nada menos, que um sertanejo bem do safado! 

Mudei de rádio trocentas mil vezes, retornando para a mesma banda torcendo que a banda de sertanejo fosse milagrosamente substituída por uma banda de rock. Não aconteceu. 

Cheguei a ficar tensa. Sem exagero, para mim, escutar rádio no carro é como meditar, entoar mantras. Me acalma, me alegra, desde que seja um gênero musical que eu aprecie. Caso contrário, me irrita! 

Lembro até hoje a minha felicidade ao notar que a rádio rock finalmente tinha ressurgido das cinzas nas estações de rádio cariocas, após longos anos de morte súbita da Fluminense FM. 

Dois anos de companheirismo mútuo transcorreram desde então, até que no dia fatídico de ontem a minha amada rádio lamentavelmente novamente saiu do ar, por falta de público ouvinte cativo. 

Pois das 50 músicas mais tocadas no RJ, nem umazinha é de rock. 

Fiquei estarrecida com a notícia! Que povo de mau gosto. Estou em #luto!

 Agora só me resta escutar rádio com música de enterro. 

Pois Sertanejo? Pagode? Funk? Jogaria o tal ranking na fogueira, no melhor estilo 50 tons de "cinzas".


Esforço de pai


Esse texto é dedicado a pais que se esforçam. 

Dificilmente uma mãe dará à luz a um filho concebido por um protótipo de pai perfeito, daqueles interpretados por atores em comercial de fraldas Pampers. 

Sinto dizer, mas certamente a dura estatística irá novamente comprovar que a mãe é quem acaba assumindo absolutamente sozinha a árdua função de criar um filho. 

Pode até ser que ela continue fisicamente casada com o pai do seu filho - isso se antes ele não resolver fugir na primeira oportunidade, por entender que filho é um fardo. Triste, porém, acontece nas melhores famílias. 

Mas há pais que escapam emocionalmente. Alguns por um curto período de tempo, outros para sempre. 

Se agarram no trabalho ou na sua própria individualidade, como desculpas mais do que plausíveis para se ausentarem com frequência do cotidiano de mãe e filho. 

Entretanto, há aqueles que, com o passar do tempo, finalmente se descobrem como pais.

E é desse tipo de pai que quero comentar: o que antes era considerado como um mero provedor, mas que em dado momento, passa a se esforçar. 

Para se tornar, a cada dia, um melhor exemplo para si, em nome do seu filho. 

O que se empenha em dar o mínimo de atenção para o filho, mesmo estando exausto. 

O que diz sempre "eu te amo" para o filho, não importa onde, quando e por que.

 Sobre o que faz questão de vez ou outra passear na praia ou parquinho - sozinho - apenas na companhia do filho. 

O pai que encara o filho, com notória admiração e carinho. 

Aquele que passa a ter genuíno interesse sobre tudo que acontece na rotina do filho. 

Que repreende quando necessário e se desculpa quando preciso. Que deseja a felicidade do filho acima da dele. 

Que ampara e abraça o filho como se fosse o primeiro dia da sua descoberta como pai, e o último dia de vida, como pai. 

Dedico esse post a pais que apesar de não nascerem pais junto com os seus filhos, decidem, antes tarde do que nunca, exercer na prática o verdadeiro conceito de pai: o de inquestionável protetor, eterno herói do seu filho.

#euarenata

Voo alto


Pra quê pés se você tem asas para voar? Uma das minhas citações prediletas. 

Pés pesam. 

Asas te elevam! 

Existe algo mais assertivo que isso? 

Não se subestime. Se enalteça! 

Não se critique. Se elogie! 

Mas nunca se torne pedante. Continue humilde! 

Não se magoe. Dê carinho! Para você, para os outros. 

Não se entristeça. Busque a sua felicidade interior! Aquela que sempre esteve aguardando ansiosamente pela sua certeira percepção quanto à sua infinita existência. 

Cure as suas feridas. Dê uma injeção na sua autoestima! 

Não se arraste. Corra em direção ao primeiro arco-íris! 

De preferência dando um voo rasante em direção à uma chuva de oportunidades incríveis! 

Não se veja feia. Se enxergue a pessoa mais bonita! 

Deixe aquela luz que existe em você, escapar por todos os seus orifícios! 

Cegue toda a maldade à sua volta. Atraia tudo de bom - para o seu próprio bem. 

Afaste-se voando de tudo e todos - que efetivamente não te fazem bem. 

Renasça das cinzas como uma gloriosa fênix, voando alto! Cada vez mais distante. Nas suas perspectivas, metas e sonhos!

 E não se esqueça nunca, por nenhum instante: que você, pássaro alado, é a única gaiola do seu próprio destino. 

Liberte-se!

#euarenata

Do lado de fora do Quarto de Jack


Ontem assisti um filme considerado minimamente perturbador para uma pessoa como eu, que sofre de claustrofobia se sentir que está sendo mantida em cativeiro, qualquer que seja: social, emocional ou espacial. 

Se chama o "Quarto de Jack" e retrata a história de uma garota sequestrada aos 17 anos, mantida por 7 anos presa num quarto minúsculo, pelo seu sequestrador. 

Aos 19 anos ela dá à luz ao Jack, fruto de estupros sucessivos sofridos pela vítima ao longo desses anos de tortura, aparentemente intermináveis. 

A cada cena grotesca eu respirava fundo. Nada aparece, apenas sugestiona. Me senti sufocada, entristecida. 

Mas embora concebido de forma tão brutal, a mãe ama esse filho como se ela sempre o tivesse desejado. 

Ele tinha 5 anos, quando numa reviravolta excepcional e agonizante, com direito a todo tipo de licença poética possível, consegue escapar da prisão e ainda libertar a sua mãe.

Tal episódio acontece na metade do filme. A outra metade é dedicada ao pós-trauma experimentado pelos mesmos, oriundo de tantas feridas abertas. 

Uma criança com medo do mundo inteiro. Pois, até então, o seu mundo todo era o quartinho que era mantido em cativeiro. 

Uma mãe-menina privada de quase toda a sua adolescência, de forma tão avassaladora. 

Um avô que não consegue enxergar o neto senão como um lembrete diário dos abusos sofridos pela filha. Ironia do destino ou não, se não fosse por tal neto bastardo, talvez sua filha nunca teria saído viva dessa. 

Parece piegas, mas é um filme que nos faz refletir sobre como somos vulneráveis na nossa efêmera humanidade. 

Temos tudo: uma saúde que nos pertence para preservar e poder tirar proveito das simples coisas boas da vida. 

Temos o nosso lar. Uma família para cuidar, sem barreiras que nos impeçam de deslocar, para qualquer lugar. 

Podemos optar entre ficarmos tristes ou praticarmos a felicidade própria e alheia. 

Escolher como e quem amar. 

Respirar o ar da gratidão batendo nos nossos dedos e o vento da alegria soprando nos nossos cabelos. 

Enfim, somos privilegiados por termos livre-arbítrio e nós mesmos podermos nos libertar de amarras, qualquer que seja: social, emocional e espacial.

Ombro amigo



Repousar num peito amigo,

Sempre se sentindo bem-vindo,

Tudo que é sussurrado no ouvido,

Faz sentido.

Porque você sim, é um verdadeiro amigo.

Aquele que efetivamente escuta,

Não muda subitamente de conduta,

Permanece assim,

Gostando de mim, 

Ainda assim, 

Mesmo assim, 

Sempre assim.

Conversando dia não e dia sim,

Apoiando eternamente.

Cúmplice é pouco,

Para defini-lo,

Pois qualquer segredo,

Sempre estará guardado sem medo.

Qualquer desespero,

Será amparado com muito tempero,

De carinho,

De compreensão,

De amor.

Não há dor,

Nem necessidade de luta,

Para se conseguir qualquer ajuda,

Qualquer atenção.

Pois quem é amigo,

Está amigo,

Aqui e ali,

Mesmo distante,

É possível sentir de perto, 

Seu abraço reconfortante,

De tão importante,

Que é a sua amizade!

Feliz dia do amigo,

Para o meu marido amigo,

Pais e parentes amigos,

Irmão amigo,

Amigas Irmãs!

Que como ímãs,

Atraídos pelo destino,

Ficaremos sempre unidos,

Pois esse é o desígnio,

De grandes amigos!


#euarenata

Levemente Dura



Oscilo entre a dureza e a leveza do meu ser, e hoje acordei uma pluma. 

Por mais uma vez realizar com plena consciência de que minha consciência nunca será corrompida. 

Nem com a mais vil provocação, meu caráter permanecerá irredutível na sua bondade inata.

Se quando morremos vamos realmente para o céu, tenho a certeza de um lugar garantido, sem pagar nada por isso. 

Com a graça de Deus vou de graça para o paraíso. 

Mas o céu mesmo está dentro da gente. 

E meus atos sempre foram revelados estritamente de acordo com o que é ditado pela voz da consciência. 

Nunca escondi nada dela, até porque trata-se de feito impossível. 

Nunca agirei com os outros diferente da maneira que agiria comigo. 

Afinal, como podem saber o que se passa dentro de mim? 

Respondo: só se não fizerem questão de prestar atenção. 

Pois transparente como uma vitrine me mostro, demonstro, escancaro, até desenho se for preciso, sem fazer uso de meias palavras, indiretas ou frases feitas, quem realmente sou.

Eu mesma invento a minha escrita condizente com o que efetivamente acredito e prego: a autenticidade nas atitudes reconhecidas pela firma divina da fé. 

Que nada é se não houver luta. Luta esta a ser travada, antes de tudo, contra sua própria intolerância face à hipocrisia de alguns que sustentam ser deuses, mas nada são além de gente como a gente. 

Todo mundo vai para o mesmo céu ou para o mesmo inferno, mesmo sendo tão diferentes. Mas algo nunca pode mudar: o caráter. 

Esse sim é inexorável. 

Embora colocado constantemente à prova, como o próprio Kurt Cobain dizia, "a cada dia todos nós passamos pelo céu e pelo inferno", inevitavelmente cometeremos atos dos quais não nos orgulharemos. 

Mas o caráter deve se manter íntegro, embora seja certo que ninguém é 100% do bem. 

Grande parte, na realidade, é indiferente: não se mete, não questiona, não se abre quando se encontra num embate. 

E se auto-entitula gentil. Tudo é uma questão de perspectiva. 

Porque como Nietzsche mesmo sustentava: "o idealista é incorrigível; se é expulso do seu céu, faz do ideal o seu inferno". 

E eu pretendo continuar o meu voo livre de qualquer culpa direto para o céu. Sem ser idealista.