terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ser, sendo


Ser imperfeito.
Ser humano.
Ser por inteiro.
Ser inteligente, ao ponto de saber que nem tudo se sabe.
Aprender,
Sendo,
Sem receio do será, 
Sem pesar do seria.
Ser de algum lugar,
Ser do mundo.
Ser sincero,
Ser único,
Ser sereno.
Ser espontâneo,
Ser comunicativo,
Ser, ao pé da letra:
Ter identidade,
Existir.
Ser sem remorso,
Ser no meio de tantos seres,
Que serão, 
São, 
Ou nunca foram.
Ser alguém, 
Sendo de alguém,
Ou de ninguém,
Apenas de você mesmo.
De outro ser,
Serás,
Apenas quando esse se dispor a ser si próprio, sem cercea-lo de ser você.
Que continuará sendo, assim, como qualquer ser,
Mais um ser,
No meio de tantos,
Mas o melhor que pode se ser,
No meio de poucos,
Que efetivamente têm coragem,
De simplesmente ser.

Sábio mundo cão



Lá do topo de Ushuaia, na Patagônia, 
Esse admirável ser peludo de cor quase amarela,
Todos os dias observava estático o dia acontecer.
Compenetrado prestava atenção, 
Em tudo que ocorria naquele instante, 
Bem adiante.
Naquela cidade,
Não tão movimentada como muitas, mas repleta de vida como todas.
Ficava lá, parado, talvez meditando, 
Olhando cada momento presente, simplesmente passar, sem preocupação.
Seria uma espécie de ocupação? 
Ou uma lição a ser passada para tantos que parecem não ter habilidade de apenas parar,
Pausar,
Contemplar o acaso.
Sábio cachorrinho, tanto nos ensina, com tão pouquinho.
Talvez por isso valorize tudo que parece ser tão pequeno à sua volta,
Mas se visto de perto, são casas e mais casas,
Pessoas e mais pessoas,
Árvores e mais árvores,
Barcos navegando no Canal de Beagle seguindo seu curso,
Do fim do mundo para o mundo todo,
Apenas seguindo,
Sentindo cada instante de perto,
Mesmo estando de longe.
Aquele ser quadrúpede que de inteligência não lhe falta nada,
Pelo contrário,
Sabe viver o acontecer,
Sem ansiar pelo que efetivamente acontece,
Sente por horas a fio o seu maior presente,
Simplesmente estar vivo,
Desfrutando, desembrulhando sem pressa,
O tal - divino - presente.


Nosso lado pinguim


Fui obrigada a parar para esse carinha simpático passar.
Cortês, levantou a asinha curtinha como querendo dizer um caloroso "alô".
Filhote ainda, já que ao invés de preto e branco, o topo da sua penugem era predominantemente marrom.
Detalhes sobre os pinguins: são muito curiosos e não sabem distinguir com precisão se estão a 2 ou a 10 metros de alguém. Esse estava a um passo de mim.
Destemido, parecia pedir, aliás, demandar passagem - imediata - pelo caminho à sua frente. Como se estivesse falando "_Você aí! Isso, você mesmo. Pare aí agora para eu passar."
Lógico que o obedeci. Mesmo não sendo da espécie Imperador, esse Pinguim Magalhães sabe que impera.
Mas, antes, educado, pousou pacientemente para uma foto.
Ainda depois, paralisado, ficou me observando, esticando pescoço ora para frente, ora para o lado, como que ajustando o seu foco. Talvez por não acreditar no que estava vendo: um enorme ser (vestido de) preto e branco, devo tê-lo confundido fazendo-o pensar que estaria diante de um gigante pinguim.
Ainda assim, não se intimidou. 
Confiou, passou.
Sem olhar para trás, seguiu seu destino.
Também, o que poderia temer?
No fundo, todos somos - gentis - como os pinguins.
É só deixar - o seu lado pinguim - aparecer.



No meio do nada, você por inteiro...


No meio de tantos urubus, galinhas, patos disfarçados de pinguins, encontrei você, o pinguim mais legítimo de todos.
Que privilégio poder viver, conviver, reviver tantas emoções com você. 
Que tem morada perpétua dentro do meu ser.
Viajar no pensamento, 
Viajar a qualquer momento,
Para qualquer lugar,
Sempre juntos,
Conectados, em sintonia energética e espiritual.
Grudados somente ao ponto de nunca anular a nossa liberdade, individualidade.
Pinguins de Áries se entendem nos seus constantes desentendimentos acalorados,
Argumentos, sentimentos, que derretem até o mais congelante iceberg.
Leigo que testemunha acha que é briga,
Mas digo: é conversa sincera, amor mais do que transparente,
Que não se vê em qualquer tipo de gente,
Pois o amor é luta constante,
Consigo,
Com seu próprio ego, egoísmo,
Que deve ficar em segundo plano,
Deve se tornar altruísta,
Afinal, agora um são dois,
No nosso caso três,
Um belo legado,
Um trio ligado pelas almas,
Que tanto se dá bem,
Amém.
Até a terra dos pinguins visitamos, como não poderia deixar de ser, em família,
Em qualquer lugar iremos unidos,
Até para o final do mundo, a Patagônia,
Em qualquer universo,
Paralelo ou não,
Até o final das nossas vidas.
No meio de tantos pinguins, disfarçados ou não,
Sempre te encontrarei,
Pois nunca conseguirei enxergar,
Ninguém além de você.
Meu verdadeiro, eterno pinguim
A outra parte de mim.
#euarenata 

Palavra Mágica


Oh yeah!
Diga sim ao sim.
Sim à oportunidade,
Sim a você,
Diga sim à humanidade,
À coletividade,
À proximidade.
Diga sim para a amizade,
Sim para a cumplicidade,
Sim, para o perdão.
Sim para a fé,
Sim, para a gratidão.
Diga para o espelho: "__Sim, eu sou linda!"
Diga sim para seu sonho,
Sua personalidade,
Sim para seu objetivo.
Diga sim para a inquietude,
Sim para a atitude.
Diga sim para a persistência. Quantas vezes for necessário: sim, sim, sim!
Diga sim para a empatia,
Sim para a simpatia,
Sim para a idade,
Sim para a cordialidade.
Diga sim para a sua vida continuar assim: cercada de flores, como num lindo jardim.
Diga sim para o amor eterno,
Sim para o afeto.
Diga sim para o seu filho,
Somente quando realmente não for preciso dizer um não.
Diga sim para o não.
Nunca se abale com o não.
O sim pode vencer tantos nãos...
O sim é o melhor de mim.
Simples assim:
Yeah, I can.
Yes, we can,
Oh, yeah!
Just say yeah!

 #euarenata

"Também quero!"... Só que não...



"Homens de Saia", capa de hoje da Revista Domingo. Vou descrever exatamente a sensação que senti ao me deparar com essa imagem: confusão mental. 

Em seguida veio imediatamente a expressão "forçação de barra" na minha mente.
Fashionistas, andróginos e afins, me perdoem, mas exceto por questões culturais, como no caso de tribos indígenas ou escoceses, não vejo absoluto sentido - diria, até, tesão - num homem, que sustenta ser do gênero masculino, usando saia. 
Tá, pode até ser dito estiloso por alguns apreciadores de modismo, mas, sério, por mais imponente que seja o homem, ou seguro em relação à sua masculinidade, encara-lo de saia é, para mim, como me deparar com um ser indefinido em termos de personalidade. 
Muitos dirão, "nossa, mas pra um homem ter coragem de usar saia, ainda mais num país tão machista como o Brasil, o que certamente não lhe falta é personalidade!"
Terão inúmeros me fuzilando com argumentos do tipo: "mas e as mulheres? Não reivindicaram, no passado, o uso de calças? Não queimaram sutiãs? Não lutaram por direitos iguais?" Sim, sim, e sim, como respostas automáticas para todas as perguntas. Porém, convenhamos: continuamos ganhando salários menores; continuamos tendo que nos virar praticamente sozinhas, equilibrando filhos, casa e trabalho na nossa rotina diária exaustiva; e continuamos sendo encaradas como meros objetos sexuais, por muitos.
Pelo uso de calça apertada?
Pelo uso de decote?
Ou saia? Curta?
Não importa a razão, é de livre arbítrio da mulher usar o tipo de endumentária que mais aprecie, não interessa o comprimento.
Já respeito, deveria ser mandatório.
Aí vejo homens cosmopolitas usando saia, e repito: continuo perplexa.
Estariam eles sustentando uma causa para que homens e mulheres tenham - efetivamente - direitos iguais?
Estariam dispostos a definitivamente nos ajudarem com o cuidado dos filhos, da casa?
Estariam abertos a ganhar o mesmo salário que o nosso?
Parariam de nos assediar sexualmente (sem consentimento da mulher)?
Se uso de saia por homem causasse toda essa mudança construtiva na sociedade, esqueçam tudo que eu disse. 
Seria a primeira a comprar uma para o meu marido usar. Se ele quiser, lógico.


domingo, 8 de janeiro de 2017

Inspirar algo além de ar


Inspirar. Algo além de oxigênio para suprir as necessidades biológicas dos pulmões.
Estou me referindo a inspirar-se, com algo subliminar.
Inspirar-se em alguém.
Colocar para dentro debates concatenados, fantasias, afeto.
Há tanta coisa que me inspira por aí...
De Charles Chaplin, Oscar Wilde e Cora Coralina,
A gargalhadas de crianças, nuvens navegando aos sete céus e ondas do mar.
Cores. Como aprecio tudo que irradia algo com cor.
Pinturas,
Fotografias,
Filmes,
Sonhos.
Já me perguntaram uma vez como eu colocava a minha inspiração através da escrita, em prática. 
Imaginavam o óbvio: que formulasse um texto e, em seguida, buscasse publicar uma imagem que combinasse com o tema abordado, isso tudo, lógico, sentada à mesa, de frente para o computador. 
Só que não. 
Costumo tirar fotos aleatórias. Várias delas.
Aí a inspiração vem, ao observá-las.
Na mesma ocasião ou não.
Detalhes embutidos no que está sendo focado, fazem a minha mão se mexer e os dedos simplesmente fluem, digitando freneticamente em qualquer lugar.
Podem ser fotos do dia ou de meses atrás; já escrevi fazendo bicicleta ergométrica em academia abarrotada de gente, no carro, estacionada num canto qualquer, ou enquanto estou comendo algo.
Enfim, não existe empecilho que me impeça de colocar pra fora tudo que está passando intensamente pela minha mente.
Acredito que inspirar-se é presentear-se com a energia mais restauradora de todas: a gratidão.
Quando se inspira, se sente feliz e, por consequência, grato.
Insisto nessa tecla da gratidão, eu sei. 
Mas por um simples motivo: 
Quando se adquire a habilidade de agradecer por tudo que se tem, e por tudo que ainda não se tem, mas que um dia certamente virá;
Aprende-se que nada é impossível,
para quem crê sem ver.
Passa-se a realizar, que tudo é possível com a gratidão, vinda através da inspiração.
Que está em todo canto, prestes a ser inspirada por qualquer um que se permita expandir algo muito mais desafiador que seus pulmões,
Seus próprios horizontes.