O amor é como um quadro emoldurado cuja tela foi pintada com o intuito de se manter volátil aos olhos de quem a observa.
Uns de forma superficial e outros de maneira bastante visceral.
As cores, texturas, pigmentos do seu teor vão se alterando com a ação do tempo, ou em razão de qualquer contratempo, pois nada continua igual na vida a dois, uma vez que a perspectiva de cada um é obrigada a se adaptar individualmente às mudanças de comportamento: seu, dele, de todos à sua volta.
Mas há dois pilares que nunca podem ser derrubados num relacionamento, seja ele um retrato de uma pintura impressionista, surrealista ou minimalista: a admiração recíproca e o prazer de estar na companhia um do outro.
Claro, o respeito é a aquarela que dá o tom perfeito à cor que deveria predominar na interação de cada um com ambos: branca, a cor da paz.
Pois não pode haver briga demais ou sofrimento em demasia no amor. Deve haver calor para prosperar.
O amor deve permitir respirar. Com profunda serenidade, principalmente com o passar da idade: sua, dele, do casamento. Que deveria ser sempre cor-de-rosa: a mistura ideal entre o branco da paz e o vermelho da paixão.
Isso sim, um mar de rosas, que muitas vezes trará espinhos em dias de ressaca, mas que devem ser podados com muita a resiliência.
Paciência.
E acima de tudo, persistência - sadia, nunca doentia.
Para que as borboletas que se sentiam no estômago ao vê-lo, nunca morram de desgosto com o gosto da rotina.
Que sim, tem que ser repetitiva, mas nunca permissiva demais.
Nem depressiva.
Nunca se deve deixar de pintar o sete a dois.
Fazer do amor uma arte de amar.
Numa tela emoldurada por um jardim secreto.
Muito bem cuidado por uma vida levada numa paleta de cores sortidas, vivas, vividas a dois.