quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Enxergar


Há quem nunca tenha visto a neve.
Quem nunca tenha visto o mar.
A cor cintilante de uma bolinha-de-sabão.
Há quem nunca tenha visto a barriga da gravidez crescer.
Quem nunca tenha visto o seu filho crescer.
Quem nunca tenha visto uma floresta.
Uma cachoeira.
O desabrochar de uma flor.
O desabrochar da superação.
A aurora boreal.
Há quem nunca tenha visto o amor.
Há quem nunca tenha visto o paraíso.
A alegria num olhar.
Há quem nunca tenha visto a beleza no simples.
Há quem nunca tenha visto a beleza no interior.
Há quem nunca tenha visto um amigo num desconhecido.
Um inimigo no próximo.
Até hoje ninguém viu unicórnio, duende.
Quem nunca tenha visto a fé.
Quem nunca viu um anjo de verdade.
E há quem nunca tenha visto nada, de verdade.
Talvez, por ser cego de verdade.
Ou por não querer enxergar a sua cegueira, na própria verdade.
O pior cego não é aquele que é deficiente,
É o que vê perfeitamente, mas opta por não enxergar nada à sua frente.
Talvez por querer de verdade?
Porque o que os olhos não veem, o coração não sente.
Quem não viu, então nunca sentiu.
E quem viu, mas nunca sentiu, é porque nunca realmente enxergou.
Tem cego que sente mais do que gente que prefere enxergar de menos.
Nada pior do que já ter visto as sete maravilhas do mundo:
Olfato
Visão
Paladar
Audição
Tato
Sentimento
Instinto
E não querer enxergar que elas existem.
#eurenata


Nenhum comentário:

Postar um comentário