terça-feira, 16 de maio de 2017

Pessoas concretas


Pessoas são como estruturas arquitetônicas,
Umas imponentes,
Outras bagunçadas,
Muitas conceituais: cada um a interpretando ao seu modo o que quer que o ser abstrato tem a oferecer.
Pessoas foram construídas para serem assim,
E muitas, talvez, se manterão eternamente tombadas pelo seu patrimônio privado, desse mesmo jeito inabalável, indestrutível, impenetrável, de sempre.
Fazendo questão de manter a sua essência preservada,
Ainda que a respectiva fundação seja considerada um risco estrutural para a coletividade.
Ela se encontra fechada para qualquer tipo de reforma ou melhoria.
Ostenta o título de pura fachada histórica.
As rachaduras são evidentes,
O descascado aparente,
Mas nada a faz querer mudar.
A viga é rígida,
O concreto sólido demais,
O ambiente abatido.
Apático.
Deixe estar.
Inerte.
Há pessoas que não mudam, assim como determinadas construções, condenadas a viverem o restante dos seus dias em constante estado de putrefação.
Estruturas contaminadas demais para serem revitalizadas.
Simples assim.
Temos que extrair o melhor do que se pode observar nelas,
Dos seus alicerces, 
Ainda que desnivelados, inconsistentes, 
Doentes.
Tudo é gente.
E nunca nenhum ambiente interior será igual ao outro, vejam só:
Uns minimalistas,
Outros acolhedores,
E os considerandos demasiadamente frios.
Ainda que finamente elaborados.
Não tente compreender a decoração interior de cada indivíduo.
Também não é preciso aceitar.
Muito menos apreciar.
Apenas respeitar a individualidade de cada edificação em pessoa.
Pois sempre seremos uma cidade embaralhada de prédios espalhados, 
Uns separamos por muros gigantes,
Outros ligados por sólidas passarelas.
Se tem algo que aprendi sobre pessoas:
Não adianta querer comprar carne em farmácia,
Nem remédio em açougue.
Cada estabelecimento tem o seu próprio objeto social.
Sua exclusiva razão emocional.
#euarenata 



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