sexta-feira, 10 de março de 2017

Sentimento Sadomasoquista


Me pego muitas vezes ponderando,
Do por quê sermos imbuídos de tantos sentimentos,
Ressentimentos...
Já não basta ter que sentir pela primeira vez; ainda temos uma sadomasoquista necessidade biológica de "re-senti-los".
Se fosse para "re-sentir" o amor,
O perdão,
A paciência,
A resiliência...
Mas não. Ressentimento é o matador das - boas - emoções.
Atira certeiro no alvo de tudo de melhor que você já sentiu por alguém.
Não importa quem: amigo, parente, colega de trabalho...
Deixando como rastro de tal crime oculto,
Apenas mágoas, pesares,
Próprios. Nunca alheios.
Basta um segredo entendido como desnecessariamente escondido,
Basta não terem agido daquele jeitinho que você esperaria que agissem contigo,
Basta escutar algo considerado totalmente dispensável,
De alguém, que, até então, não aparentava ter um semblante inimigo,
Que ele vem sorrateiro, acabando com qualquer tipo de esteio: o ressentimento.
Sentido, e re-sentido, logicamente por quem tem a total e absoluta razão de se sentir assim... Certo?
Afinal, por que alguém se daria ao trabalho de provar um sabor tão amargo, se não fosse para provar - ao menos para si mesmo - que tem o direito constitucional e irrevogável de se sentir assim?
Com raiva. Por se sentir traído?
Frustrado. Por não atender às expectativas?
Triste. Por se sentir excluído?
Um veneno; o ressentimento.
De que adianta se questionar sobre tantos motivos inexplicáveis,
Do por quê terem agido assim,
Ou falado daquele jeito contigo,
Se, certamente, quem o fez,
Fez porque... Assim se sentiu na razão de fazer. E ponto.
Ora, sem ressentimento!
E, claro, sem medir as consequências. Muito menos, sem pensar como se sentiria se estivesse em seu lugar.
Vida que segue impune para tal criminoso nada convicto de sua ação.
Um réu não confesso desprovido, no mínimo, do mínimo de sensibilidade.
E quem se "re-sente"?
Só se mata, aos poucos,
Cheio de razão,
Entupido de decepção,
Abandonado, no seu íntimo,
Quem sabe, até, publicamente com um sorriso - amarelo - no rosto,
Mas contaminado por desgosto.
Com aquele peculiar gosto de esgoto, sabe?
Do ressentimento.
#euarenata


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