domingo, 8 de janeiro de 2017

Pingúfio


Intimidade de verdade vem com a idade.
No começo, até achamos que estamos nos entregando aos outros.
Ledo engano.
Entregamos tudo, menos a nós mesmos.
Nunca, o íntimo.

Intimidade intimida.
O que entendemos ser intimidade, é mero deslumbramento, fogo de palha, paixão que se esvai ao primeiro desvio de pensamento.
Ficar nu não é intimidade.
É apenas um corpo, desvendado por baixo das roupas, como tantos outros.
Uns mais sarados, outros, mais relapsos. Não importa, são pura matéria.
Como todos os outros, tratam-se de mera blindagem da essência de tudo; nossa alma pelada.
A intimidade, vem com o amor.
Principalmente, por si mesmo.
Quando nos amamos, não temos vergonha de sermos excêntricos, rir daquele jeito esquisito, ou comer daquela forma engraçada.
Não fazemos joguinhos, não esperamos o momento certo para dizer "eu te amo".
Se sente que se ama, e se diz, naturalmente. Frequentemente.
A todo momento.
Intimidade aproxima.
Conecta pessoas.
Da forma mais profunda e desnuda.
A intimidade é o principal alicerce das almas.
Por vezes, nos deparamos com o vazio automático das distrações rotineiras, trabalho, filhos, demandas mil do dia-a-dia. E até passamos a nos questionar se a intimidade antes tão presente na nossa intimidade, ainda estaria por ali.
Ou se teria se despedido sem ao menos dizer adeus. Sem ao menos termos percebido.
Mas não se iluda; não se deixe perturbar.
Pois se o amor existe,
A intimidade sempre irá te procurar. E te encontrar.
Onde sempre esteve, sim, por algumas vezes, escondida. Mas nunca desaparecida.
Nas ocasiões mais inesperadas.
No sono a dois.
Num pôr-do-sol testemunhado juntos.
Numa conversa amiga. Entre eternos amantes.
Como pinguins que quando encontram seu respectivo par, se juntam para sempre.
De todos que conheci,
Apenas em você me reconheci.
Meu pinguim.
Pois somos duas almas ligadas,
Pelo nosso amor,
Através da descoberta e sempre redescoberta,
Intimidade.
#euarenata
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário