segunda-feira, 8 de maio de 2017

Sob negação



Tal imagem me cativou tanto ao ponto de tê-la que levar comigo estampada numa camisa.
Deslumbrei-me com a mesma, não só pelo fato de eu ser apaixonada por unicórnios.
Encarar uma mulher desnuda usando uma cabeça de unicórnio, trouxe para os meus cotidianos devaneios todo um simbolismo a ser desvendado ocultamente por trás dessa surrealista composição.
Vivemos com a cabeça no mundo dos unicórnios, onde tudo é mágico e colorido.
Onde não há desgraças.
Onde o medo não tem chance de nos amedrontar.
Onde o mal não consegue se instalar.
Respiramos otimismo,
Pensamos positivo.
E tudo bem com tudo isso, já que inegavelmente é tudo de bom.
Uma admirável filosofia de vida a ser seguida.
O caminho mais curto para a plenitude.
Ocorre que, paralelamente à mente fantasiosa, existe um corpo verdadeiramente frágil, humano... Com pés fincados no chão da realidade.
Nua e crua.
Indiscutivelmente pensamentos positivos semeiam atitudes positivas.
No entanto, para o resultado da atitude ser colhido positivo,
Deve-se agir prudentemente,
Visando que a reação da nossa ação se traduza para o universo,
Positivamente.
De nada adianta fugir de problemas que demandam resolução imediata,
Esconder-se por trás de mentiras deslavadas,
Continuar incorrendo nos mesmos erros e vícios de sempre,
Esperando que tudo vá embora,
Com os sua "mera" torcida positiva.
Acreditando que tudo de ruim, assim como acontece no mundo dos unicórnios, sumirá por completo, só pelo fato de... Ser positivo. 
Ser otimista não assumindo suas responsabilidades reais? É viver em negação.
Não basta "ser" positivo.
Tem que "fazer" positivo.
Não há como agir negativamente ou se manter passivamente, e aguardar que tudo se resolva milagrosamente, 
Positivamente.
A imagem acima escancara: pode-se até viver com a cabeça no mundo utópico dos unicórnios...
Porém, todo o resto?
Terá que lidar com a verdade desnuda,
Imunda,
Do mundo real.
Dos resultados que acompanham suas atitudes.
Ação, Reação.
Passiva, ativa.
Positiva e negativa.
Unicórnios? Hellooooo!
Não existem.
#euarenata 




Nascemos sabendo


Nós sabemos. 
Quando caminhamos vagando pela imensidão truculenta da nossa existência,
Pelas ruas,
Redes sociais, 
Locais ao esmo,
Como devemos agir,
No que devemos pensar,
De que maneira se deve escutar,
A si mesmo,
Principalmente, aos outros.
Errar consigo mesmo é admissível.
Se trair? Pode ser redimido.
Mentir para si próprio? Um vício a ser controlado internamente.
Como exercer tudo isso e mais um pouco, só que, no exterior?
Tamanho é o problema: controlar deslizes, equívocos, caos gerado, do ponto de vista interno para o externo.
Teoricamente, aprendemos desde sempre os 10 mandamentos, as inúmeras regras, os incontáveis valores, a serem seguidos, perseguidos, obedecidos cegamente,
Por todos,
Visando saciar o minimamente esperado pela sociedade.
Entretanto, qual o motivo de existirem tantas discrepâncias, mal entendidos, maldade nesse mundo que chamamos de doce (amargo) lar?
Aprendemos na escola o abecedário,
Em casa, como se portar,
No trabalho, de que maneira lidar com a pressão...
Mas sempre como "indivíduos".
Como um "eu" desatrelado de todos os "vocês" que existem por aí.
Não nos alertam, além da teoria,
Que o meu "eu" receberá como uma notícia dramática,
O que o seu "você"? Nem tanto. 
O que faz o meu "eu" sorrir,
Talvez faça o seu "você" se lamentar.
Somos ensinados a conviver com regras de conduta, etiqueta, 
Mas esquecemos de dizer que a inteligência mais primordial de todas, é a emocional.
De nada ajuda um coeficiente de inteligência altíssimo,
Se deixa a desejar em matéria de coeficiente emocional.
Já que o seu brilhantismo servirá para mero deslumbramento de pessoas comuns, que, talvez, nunca alcançarão o seu patamar de inteligência.
Quiçá, nunca o compreenderão.
Até o odiarão.
Cabe a "você", descer do seu patamar,
O outro "eu" se elevar a você,
E ambos, o "você", o "eu",
Viverem coletivamente,
Respeitando-se, igualmente.
Cada qual, na sua individualidade ímpar,
Do meu "eu".
Do seu "você".
Desde sempre deveríamos ter aprendido, na realidade,
Que o seu "você", também sou "eu",
E vice-versa.
Pois somos nada mais que um conjunto infinito de "eus" e "vocês",
Ligados eternamente por um único pronome de tratamento: "nós". 
#euarenata


Desde sempre


Texto da foto: "Turbilhão", de Martha Medeiros.
...Rico mesmo? 
É aquele que se sente rico sem ter necessidade de exibir constantemente a sua pobreza de espírito, através de bens adquiridos, roupas usadas, caridade feita de forma escancarada.
Caridade de verdade não precisa da benção da vaidade.
Vaidade de mostrar tudo que tem.
Que faz.
Sem demonstrar o que é a autêntica  riqueza a ser conquistada, e solidamente investida: você, sendo você.
Rico mesmo? 
É ter a certeza de que tendo saúde, família, contas pagas em dia, um teto para morar;
Já se apropria de tudo que é preciso para viver dignamente, de forma transparente.
Sem precisar se esconder atrás de patrimônio bruto, líquido, imobilizado, qualquer que seja, para materialmente se sentir vivo.
Pois espiritualmente? Um vazio só.
Dinheiro é sinônimo de comodidade,
Não de personalidade.
Mas justamente os que não têm a dita personalidade,
São os que mais precisam dele,
Já que passam fome dos bens pessoais mais imprescindíveis,
Felicidade, amor próprio, segurança emocional,
Então precisam das cifras homéricas para  minimamente preencherem a si mesmos.
Que o dinheiro seja um paliativo, então.
Quanto mais? 
Menos de si, para ter que mostrar...
Verdadeiramente se exibir.
#euarenata


Paz do interior


@paradorlumiar que beleza de lugar!
Aqui se desliga do mundo de fora,
E se mergulha mundo adentro,
Nos seus pensamentos,
Momento de absoluto relaxamento, 
Introspecção,
De total entrosamento com seu interior,
Numa cidade pitoresca de interior,
Com internet de sinal intermitente,
Creio que de propósito,
Afinal, o propósito daqui é te fazer conectar com detalhes da vida muito mais importantes,
Diria, até, mais interessantes...
Conectar,
Com a natureza,
Com o cheiro de floresta,
De terra molhada,
Com o pio do passarinho,
E névoa úmida da cachoeira, que no ar limpo permeia, 
Te rodeia,
Parecendo querer te enfeitiçar.
É só parar, se deixar carregar,
Recarregando as baterias...
Como é bom curtir o íntimo da sua família,
Como nos velhos tempos, sabe?
Sem sequer se lembrar o que é um smartphone,
Conversar com marido e filho,
Sobre amenidades,
A respeito de tantas experiências simples,
Simplesmente vividas.
Tantos sentidos aguçados,
Tanta criatividade transbordada,
Num único dia,
Desligado de tudo,
De todos,
Exceto por nós mesmos,
Que permanecemos conectados pelo nosso presente,
Saboreado plenamente...
Tomando vinho,
Comendo fondue, chocolate,
Fazendo trilha,
Tomando banho de cachoeira,
Caçando ovo de páscoa no mato,
Contando as estrelas...
Sentindo aquele friozinho gostoso na hora de se embalar na cama,
E de ser abraçado pelo aconchego do seu calor.
Dormindo ao som trepidante da ladeira,
Junto com o barulhinho relaxante da mata viva.
Que nos deixa infinitamente mais vivos.
Pois tem o poder de fazer qualquer um renascer, com a sua energia solar,
Natural,
Transparente.
Não poderíamos naturalmente ter escolhido melhor ocasião - a da Páscoa,
Para ali revivermos mais um pouquinho,
O sentido real da vida,
De toda nossa existência,
Que é se permitir sentir,
Tudo que nos cerca,
De olhos escancarados,
Ouvidos atentos,
Braços bem abertos,
A simplicidade da vida,
Que tanto teimamos em complicar.
#euarenata 


Born 2 be fire



I am a phoenix,
From toe to top,
I have reborned,
And keep on going,
Reborning,
Day by day,
Continuosly.
A long time ago,
Ever since,
Since I was born,
I have learned,
To push myself through the shadow of my flames,
Out from the deepest dark side of my poisoning sensations,
Towards to my own light.
The fire always turns up the determined part of me,
Savage,
Stubborn,
The fuel that fills my eyes up with anger.
The best distemper of all: the urge to live.
To realive me.
Even my name carries on such inevitable fate: "re-nata", in latin.
Please to meet you, 
I am "Reborn",
In any language.
At any moment,
In any matter.
Universally speaking.
#euarenata


A morte nos cerca



Pai perde filhos gêmeos em ataque químico à Síria. Toda sua família veio a óbito em decorrência de tal atrocidade cometida contra à humanidade.
Neste caso, inocentes.
Bebês. 
Esses gêmeos... Alguém teve a infelicidade de se deparar com a foto desses anjinhos embalados no colo do despedaçado pai?
Infelicidade, não no sentido pejorativo, de ter tido o azar imenso de presenciar tal cena. Que certamente ficará por muito tempo agarrada às memórias mais mórbidas do meu inconsciente.
Infelicidade, pois não há como não se comover com dita cena tão lastimável.
Aí sopesa-se de imediato: "_Viver na Síria? É literalmente morar no inferno... Melhor viver lá? Sobreviver como refugiado, sendo sempre renegado? Ou morrer?"
Sinto vergonha só de pensar assim. 
Pois a todos deveria ser garantido o mínimo de dignidade. 
Humanidade.
Só chego à conclusão de que ter filhos hoje em dia vai muito além da simples vontade de ter filhos.
De se tornar pai e mãe.
De seguir o curso natural da vida; chame do que quiser.
Ter filhos, na atualidade, é assumir a enorme responsabilidade de colocar mais uma vida inocente num mundo totalmente corrompido.
Sim, podemos educar as novas gerações para, quem sabe, tentarem consertar, aprimorar, até nos salvar de nós mesmos e de todos os atos escabrosos praticados pela nossa geração em conjunto com as anteriores.
Mas, também, que puta sacanagem, me perdoem o linguajar chulo, colocar tamanho dever de mudança, nos ombros de seres tão inocentes.
Tenho raiva, revolta, sinto pena, tristeza, por tantas vítimas. Por tantos que sofrem só pelo fato de terem nascido no lugar errado, na época errada, no mundo mais imundo de todos.
Se é karma ou não - dos outros, desse lugar chamado Síria, ou de toda uma população - confesso que sinto uma enorme dificuldade de raciocinar de maneira espiritualizada nessas situações...
Só tenho a dizer, pai dos gêmeos, mãe de filha, irmão de outro, tia de algum, que veio a falecer tão tragicamente,
Que sinto muito pela sua perda.
Pela perda de inúmeras vidas inocentes.
Pela perda de valores cada vez mais crescente,
Falta de dignidade,
De toda uma humanidade.
#euarenata



"Talk to my hand"



"Talk to my hand".
Jargão em inglês, o qual tem por propósito atribuir à mão,
Um membro do corpo dotado de zero inteligência,
A responsabilidade por absorver ou rebater qualquer tempestade de palavras, conceitos, crenças distorcidas ao léu, que estejam vindo forçosamente na sua direção.
Seria uma espécie de escudo ou proteção, materializados, vejam só: na mão.
Dizem tanto para sermos filtros ao invés de esponjas...
Deixar correr ao invés de absorver,
Mas percebam só, o bloqueio, ainda que ilustrativo, formado de imediato pela barreira física da sua mão,
Já elimina de pronto a árdua tarefa de ter que receber o ruim que vem de fora, para aí decidir o que se fazer a respeito: eliminar? Se machucar? Ou simplesmente ignorar?
A melhor das três opções, seria a última, eu diria. 
Pois ouvidos seletivos, poupam o coração.
Já que uma vez escutado, pode ser ressentido, e quando a memória da desilusão se instala num único neurônio que seja, difícil depois se iludir fingindo ser portador de alzheimer emocional.
Porque já fui reprimida inúmeras pelos outros, 
Até por mim,
Que por vivermos em sociedade,
Temos que aceitar cegamente, surdamente, uns aos outros.
E eu não quero.
Só quero aceitar de ouvido aberto quem me enxerga e aceita como sou, abertamente. E vice-versa.
Mas se a minha mão impedir de assimilar,
Algo que eu nunca aceitaria escutar,
Não significa que eu esteja de acordo com aquilo,
O silêncio da minha parte não implica em consentimento tácito quanto ao ocorrido,
Só estou usando a mão para impedir o meu lado agressivo de agir...
Pois a outra opção seria usar a mão para agredir...
A ética determina que nunca, fisicamente.
A não ser que estejamos falando de alguma luta ou prática desportiva.
Mas se esse não for o caso,
Bater em alguém em pensamento, 
Confesso que... Ajuda bastante.
Porque enxergando,
Mesmo que mentalmente,
Qualquer espécie de gente sofrer,
Já te faz sofrer por osmose.
Faz mal fazer mal.
Faz mal assimilar o mal.
Faz mal sofrer pelo mal.
Então para quê bater ou rebater?
Só se for agora:
"Talk to my hand... Bitch!"
#euarenata