domingo, 19 de março de 2017

Tipo, não faço tipo...


Sou do tipo que não tem tipo.
Tipo, assim: não me enquadro em tipos.
Claro, temos no nosso tipo, algo que prevaleça,
Prefiro acreditar que o meu lado solar é o que reina.
Mas pessoas, não vivem somente de luz, embora certos - diria - excêntricos, aleguem que sim.
Os tipos que vivem de fotossíntese.
Tarefa árdua sustentar uma causa.
Nobre para uns,
Excessiva para outros.
Tipos catalogados, classificados, rotulados.
Se vegano, inadmissível comer carne.
Se crente, imperdoável pecar,
Se entusiasta, inconcebível se abalar.
Percebem? Extremos levam a atitudes extremas.
Respeito o extremo, qualquer costume ou tendência.
De verdade.
Ainda que me contradizendo quanto a expor que não pertenço a padrões de comportamento estanques,
Posso afirmar que sou do tipo que valoriza a individualidade,
Venero a prática do cada um na sua, seguindo o que entende ser melhor para si.
Para si. Não, talvez, para os demais.
Por isso não gosto de fazer tipo.
Se o faço, que seja:
Para ostentar que sou do tipo feliz, que também fica triste.
Sou do tipo mãe, que também gosta de trabalhar.
Do tipo que ousa, mas mantém o pé no chão.
Do tipo que faz dieta, mas que come besteira também.
Do tipo que gosta de prestigiar, mas ser paparicada também.
Do tipo que adora chamar a atenção, mas ficar na minha também.
Do tipo neutra, mas que entra em conflito.
Do tipo que se garante, mas que pede conselho.
Do tipo que fala demais, mas também escuta em demasia.
Do tipo sã, mas doida.
Do tipo carinhosa, mas agressiva.
Do tipo vaidosa, que se cuida,
Não somente no exterior,
Principalmente, no interior.
Sou o que sou,
Não sendo nada em específico,
Para não me comprometer,
Não me meter,
Não obedecer,
Apenas ser,
Sem fazer tipo.
#euarenata

Saga interminável



De Muralha da China, prefiro, em certas ocasiões, assumir o meu lado Muro de Berlim...
Despedaçado,
Mal se aguentando em pé.
Basta observar a sua fragilidade explícita, acondicionada, porém, em sua estrutura rígida.
Em mim?
Ora prevalece a dureza,
Ora a latente vulnerabilidade.
Não sei vocês, 
Mas tem dias que acordo assim,
Com uma angústia entalada na garganta,
Sem qualquer tipo de motivo aparente.
Não imagino que seja hormonal. Talvez, até, possa ser normal...
Ou, simplesmente, o acúmulo de atrocidades que nos deparamos - até de maneira inconsciente - no nosso cotidiano,
E quando finalmente alcança o seu nível máximo de saturação, acaba por eclodir nessa onda de abatimento temporária dentro de mim...
Sinto uma solidão inexplicável, mesmo tendo plena consciência de que se tem algo que não sou, é solitária.
Talvez por questionar se somente eu me sinta subitamente assim; uma espécie de descontrolada erupção momentânea de sensações melancólicas,
Ácidas,
Que me forçam a sentir descrente quanto a tantas questões relevantes...
Como lidar, sem se afetar, com notórias demonstrações de falsidade? 
Como não se abalar profundamente, com a tragédia de tantos?
Como é possível não se sentir feliz em 100% do tempo? 
Há vezes que só queria dormir,
Para poder parar de sentir.
De me drogar,
Para não ter que chorar.
De morrer, 
Para evitar de sofrer.
Então sinto vergonha.
Até raiva de me sentir assim.
Que ingrata!
Nunca me faltou nada.
Não tenho do que reclamar...
"Então por que fico desse jeito?"
Me questiono, inúmeras vezes, sondando se dentro da minha mente ainda reside algo próximo da sanidade...
E o pouco que resta dela nesses momentos indecifráveis de esmorecimento,
Me responde, firme: "_Para vivermos várias vidas dentro de uma só... Temos que renascer sempre."
E para renascer?
Tem que matar tudo de ruim que existe na gente,
Principalmente, quando não existe uma explicação sensata para nos sentirmos assim.
Ora, partindo do pressuposto que inexiste uma origem determinada, por que permitir que o nada determine como iremos nos sentir?
Hoje?
Ou quase sempre?
Não posso deixar o nada - do nada - me fazer sentir como um nada...
Mas não é do nada,
Que renasce a fênix?
#euarenata

Do lado de dentro


Eu queria, 
Juro que gostaria,
De ter a habilidade de não me corromper, 
E enxergar o  mundo de todos, 
Somente pelas lentes de alta precisão, 
Da doce ilusão.
Imaginar que tudo é bom,
Nunca me permitindo contaminar,
Com ideias próprias de certeza,
Absoluta por si só,
Que redundância!
Pensar sempre com a mesma fôrma,
Dentro da mesma caixa,
Seguindo o estouro da boiada...
Acreditando que só se alcança a santidade nas palavras discorrendo sobre o bem...
Como? Me explique, por favor,
De preferência através de imagens lúdicas que fariam até uma criança compreender...
Como somente ponderar sobre o bem, 
Se vivemos exatamente no lado oposto do paraíso?
Ao menos, entre ele...
Do outro lado do vidro,
Ou seria do espelho, para alguns?
Que remete à imagem do vale da luz.
Que nos cega com a sua luminosidade que lhe é inerente,
Pois nos encontramos enfiados, 
Enjaulados,
Dentro do cômodo da nossa minúscula perspectiva,
Quanto à vida alheia...
Somos todos,
Santos pecadores, 
Pregando o que entendemos ser certo,
Tendo o cuidado de colocar em evidência,
Através de críticas "pseudo-construtivas",
Todo e qualquer ato considerado desajustado, 
Ousado,
Que deve ser imediatamente coibido,
Para, assim, finalmente... Suspirarmos com o alívio de dever cumprido.
"Vamos para o céu!" - alguém ousa duvidar?
Ele está bem na nossa frente,
E a única barreira que nos separa dele?
Nós mesmos.
Mas insisto: como afirmar o certo sem comparar com o errado?
Difícil, hein?
Porém,
Creio que sim, dá para agir de boa, deixando de lado o tão almejado papel de candidato à perfeição incólume em pessoa,  se for para abrir publicamente, tão somente, a sua verdade...
Não importando se o outro concorda ou não, de verdade.
Pois ela é só sua,
Somente sendo comparada com outra noção de realidade,
Não para se tornar igual,
Mas justamente para ser referência do diferente. 
Pois o bom demais, entedia.
O ácido em demasia, desgasta.
Palavras que pregam somente extremos,
Nunca denotarão o que certamente todos buscam,
Independente de que lado da janela se encontrem,
Uma coisa é certa: 
Somos todos iguais na busca constante do equilíbrio.
Entre o bem,
Entre o mal,
Principalmente, acima de tudo,
O mental.
#euarenata

sexta-feira, 10 de março de 2017

Obrigada, Dona Cegonha!



Chegou! A versão impressa do Psyvamp Book (inglês e português)! Não sei como descrever o que sinto, talvez algo comparado a conceber um filho imaginário, e vê-lo crescer fora do ventre fértil da minha imaginação.

Não sei se já falei sobre o fator motivador que me fez levar o projeto adiante: queria discorrer sobre o amor eterno, aquele que é imortal, transformando a narrativa mais interessante, tornando-o paranormal. Envolvendo a figura mística mais atrativa de todas - o vampiro. Só que do tipo real, que vive entre a gente, disfarçado de gente - o psíquico ("psyvamp") que suga nossas energias. 

Imaginem só: comecei em 2010, escrevendo um pouco a cada dia, seja no intervalo de almoço do trabalho ou madrugada afora.
Até que em 2015 finalmente consegui termina-lo, optando por publica-lo por conta própria, no formato e-book, na Amazon.com. Ainda não me sentia totalmente realizada; permanecia o ímpeto de publica-lo fisicamente.

Até que em 2017 a Amazon criou tal opção. Seria o resultado do universo conspirando a meu favor? Acredito que sim. Na velha retórica do "crer para ver".

Visando divulga-lo novamente, resolvi repagina-lo com fotos que tinha tirado, por acaso, também em 2015, sem qualquer tipo de pretensão de torná-las minha futura capa de livro. Com a opção da via impressa, tive um insight sobre tais fotografias: a garota, dotada de luz própria, sendo devorada pela caveira da morte, divagando sob a proteção do seu simbólico escudo de luz, o guarda-chuva, pelo vale sombrio da nossa existência.

De arrepiar, não? Um trabalho magnífico de fotografia executado com louvor pela Daydream Fotografia, de maneira totalmente despretensiosa, resultou na imagem perfeita para retratar a obra em questão.

Eu realmente acredito estar todo mundo ligado de alguma forma; todos desempenhando um papel fundamental para atingirmos, como indivíduos, nossas respectivas metas,
O tão almejado sucesso,
Cada qual com a sua própria concepção do que é ter um sonho concretizado, e graças a essa equipe incrível de fotografia, ao incentivo do meu marido Vitor Araujo e da minha mãe Lúcia Perdigão Sant'Anna consegui realizar mais esse feito.

Agora só falta plantar uma árvore.

Quem procura, nem sempre quer (se) achar...


Me procuro,
Onde ninguém me acha de verdade,

Além de mim mesmo,
Que se esconde,
Por trás de todo tipo de sonho,
Delirio,
Percepção,
Decepção.
Me escondo na armadilha do âmago, local que me acolhe de braços abertos,
Porém, onde muitas vezes prefiro não me achar,
Deixar para lá,
Pois para se encontrar,
Tem que fazer as pazes consigo mesmo.
Levantar aquela bandeira branca,
Sinal de rendição.
Tão difícil se render ao acaso...
Mas o momento oportuno do meu próprio momento finalmente chega,
E me rendo!
Assim acabo por me encontrar,
No meio do nada,
Dentro de tudo que nem imagino,
Pois já me disseram que a maior parcela de nós é constituída de 95% inconsciente.
Apenas 5% de nós mesmos é efetivamente localizado,
Experimentado,
Exposto,
De forma consciente.
O restante da parte mais expressiva de nós,
É absolutamente visceral.
Somos, muitas vezes sem realizar de fato,
A soma de todas as angústias sentidas,
Amores não correspondidos,
Traumas vividos,
Vitórias eventualmente alcançadas,
Que se escondem desde sempre no limbo da nossa existência,
Dentro do maior pedaço - inconsciente - de nós mesmos.
Perdido, sem direção, no fundo das nossas mentes.
Não somos apenas um ambiente habitável dentro de todo o espaço sideral, formado quase que inteiramente por água,
Somos organismos vívidos compostos quase que em sua totalidade,
Por algo tão fluido,
E incontrolável como o elemento água,
Porém, intangível,
Quase que extinto em muitos,
Em abundância nos demais...
Somos emoção pura,
Retida no ser mais impuro de todos,
O humano.
Fácil de encontrar,
Em qualquer lugar.
Difícil de localizar,
Algum que assuma ser - simplesmente - assim,
Pura emoção.
Ainda que escondida,
Inconsciente.

Nosso dia é todo dia!


Feliz Das Mulheres, 
Para aquelas que se amam,
Que se preenchem,
Que se bastam, 
Mulheres com personalidade,
Desprovidas daquela incessante necessidade,
De terem que ser aceitas por todo tipo de gente:
Ao não ser por elas próprias.
Várias mulheres, dentro de uma só.

Sentimento Sadomasoquista


Me pego muitas vezes ponderando,
Do por quê sermos imbuídos de tantos sentimentos,
Ressentimentos...
Já não basta ter que sentir pela primeira vez; ainda temos uma sadomasoquista necessidade biológica de "re-senti-los".
Se fosse para "re-sentir" o amor,
O perdão,
A paciência,
A resiliência...
Mas não. Ressentimento é o matador das - boas - emoções.
Atira certeiro no alvo de tudo de melhor que você já sentiu por alguém.
Não importa quem: amigo, parente, colega de trabalho...
Deixando como rastro de tal crime oculto,
Apenas mágoas, pesares,
Próprios. Nunca alheios.
Basta um segredo entendido como desnecessariamente escondido,
Basta não terem agido daquele jeitinho que você esperaria que agissem contigo,
Basta escutar algo considerado totalmente dispensável,
De alguém, que, até então, não aparentava ter um semblante inimigo,
Que ele vem sorrateiro, acabando com qualquer tipo de esteio: o ressentimento.
Sentido, e re-sentido, logicamente por quem tem a total e absoluta razão de se sentir assim... Certo?
Afinal, por que alguém se daria ao trabalho de provar um sabor tão amargo, se não fosse para provar - ao menos para si mesmo - que tem o direito constitucional e irrevogável de se sentir assim?
Com raiva. Por se sentir traído?
Frustrado. Por não atender às expectativas?
Triste. Por se sentir excluído?
Um veneno; o ressentimento.
De que adianta se questionar sobre tantos motivos inexplicáveis,
Do por quê terem agido assim,
Ou falado daquele jeito contigo,
Se, certamente, quem o fez,
Fez porque... Assim se sentiu na razão de fazer. E ponto.
Ora, sem ressentimento!
E, claro, sem medir as consequências. Muito menos, sem pensar como se sentiria se estivesse em seu lugar.
Vida que segue impune para tal criminoso nada convicto de sua ação.
Um réu não confesso desprovido, no mínimo, do mínimo de sensibilidade.
E quem se "re-sente"?
Só se mata, aos poucos,
Cheio de razão,
Entupido de decepção,
Abandonado, no seu íntimo,
Quem sabe, até, publicamente com um sorriso - amarelo - no rosto,
Mas contaminado por desgosto.
Com aquele peculiar gosto de esgoto, sabe?
Do ressentimento.
#euarenata