quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Era uma vez...

         


Toda mulher tem uma princesa dentro de si. Nomeie: Cinderela, Rapunzel, ou, até a gata borralheira da Julia Roberts, em uma "Linda Mulher".
 
Toda menina quer um dia, quem sabe, encontrar o seu respectivo príncipe encantado.
 
Sonha que a sua vida seja um eterno conto hollywoodiano onde o final seja sempre feliz.
 
Um filme repleto de drama, pode ser, mas onde o amor irremediavelmente consegue superar qualquer lágrima derramada ou tristeza carregada intimamente na alma da romântica incurável.
 
Para o príncipe aparecer de fato, é preciso navegar uma considerável distância pelo brejo dos sapos, que nem sempre são seres tão simpáticos como o Caco do seriado Muppets.
 
Mas, veja bem, ao encontrar o tão almejado príncipe, desencante-se: você certamente não irá se deparar com o Super-homem em pessoa. Até o Clark Kent usava óculos, sem mencionar, o quão era atrapalhado.
 
É preciso usar os seus super poderes de  Mulher Maravilha para poder realizar a maravilha que é querer ficar, permanecer com alguém, além da armadura do pretendido, ou já conhecido, herói.
 
É necessário lançar aquela visão de raio-x dentro do Fera, para poder realmente se sentir a sua respectiva Bela. Felizes para sempre.
 
E nada mais eficiente do que o óculos do amor para ajudar a encontrar o seu príncipe no fim de um radiante arco-íris do acaso. Pois na mesma proporção em que o amor cega, o faz enxergar um mundo mais colorido. Ver o extraordinário no que é comum.
 
O amor verdadeiro é trapaceiro; te rouba o coração sem te pedir perdão. Leva-se subitamente uma flechada do cupido do destino, tão intensa e sorrateira, capaz de reviver até o mais dilacerado, internado em estado terminal, sofrido coração.  Basta acreditar que contos de fadas existem. "O nosso amor a gente inventa", já dizia o poeta Cazuza.
 
Crer para ver: o amor acontecer. Não deixe a bruxa malvada da decepção passada envenenar a maçã do amor presente. O amor é inocente, simplesmente se sente.
 
Não se deixe abalar com o papo furado do sapo, que acabou virando um príncipe chato. Quando o amor é autêntico há persistência. Pois se houver desistência, nunca foi amor. E nem o príncipe mais bravo poderá salvar a princesa dessa fábula, se a própria princesa não acreditar que o príncipe seja capaz de tal feito.
 
Portanto, o amor não só pode ser inventado, como deve ser reinventado, para o feliz poder ser escrito no plural, para sempre. De preferência, antes da meia-noite, para a Cinderela não virar abóbora. Fim.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

50 Moletons de Narcisa


Narcisa era uma enrustida poetisa que morava em Ibiza. Um local exótico notoriamente conhecido por proporcionar noites calientes regadas a encontros pungentes entre VIPS e indecentes.  As praias, abarrotadas de gente atraente, deixavam Narcisa ainda mais carente, devido ao seu visual um tanto quanto deprimente.
 
Narcisa não tinha vaidade, por pura leviandade. Foi criada numa família rígida, e em consequência, se tornou frígida. Em Ibiza, longe do sistema de vigilância da sua família insana, sentiu uma urgente necessidade de romper a sua mente, para algo totalmente diferente. Queria deixar de usar aquele velho moletom cinza e parar de ser ranzinza. Precisava florear o seu assombroso coração com algum tipo de atração. Algo que, sem sombra de dúvida, não faltava em Ibiza.
 
Então Narcisa finalmente encarou-se no espelho e notou como a cor do seu cabelo encontrava-se um tanto descolorida. Radicalizou: tingiu de loiro platinado as suas pálidas negras madeixas. Passou um batom vermelho, alisou o cabelo. Narcisa não se reconhecia mais diante do espelho. Mas não se assustou. Pelo contrário: sorriu, pela primeira vez depois de muitos anos, apreciando a surpreendente sensação de ansiedade em relação ao inesperado. Como pode? Logo ela, onde tudo era tão moldado. Tão controlado.
 
“_Liberte-se, Narcisa!” finalmente exclamou uma voz interna no seu ouvido. E assim Narcisa rompeu as suas amarras imaginárias para desbravar o, até então, temido mundo. Queimou seus moletons. E de short jeans, salto alto e um top ousado, bem chamativo, Narcisa atravessou as ruas de Ibiza incorporando uma vida libertina que nunca imaginou, mas que sempre almejou – por baixo do seu atualmente torrado leque pálido de moletons da cor cinza.
 
Narcisa, até então introspectiva, virou narcisista. Num lugar que mais parecia um concurso de vaidades embaladas por beldades, Narcisa inexplicavelmente se encontrou, fora do seu eu interior. E viciou. Não em bebidas, nem drogas, nem beijos. Mas naquele tipo de olhar penetrante que os homens lançavam ao vê-la dançando, sem o menor pudor: no olhar de desejo. O mais honesto e tórrido tipo de cortejo.
 
Para uma poetisa de aparência transformada, mas de alma intacta, essa era a sua maior droga: a fantasia. Inspirada numa cena que não sabia ao certo se era verdade ou teoria. “_Teria Narcisa realmente vivido tudo isso?” – questionava sua voz interna, embevecida. Então Narcisa repara que ainda está usando o seu velho e opaco moletom cinza. Em Ibiza.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sentimento em Foco



Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo não te vejo. Que não te olho com esmero. Muitas vezes, apenas reparo, no seu olhar de desespero.

Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo não falo contigo. Anda tudo tão corrido. Nunca paro, nem te dou ouvidos. Muitas vezes, apenas sinto. O quanto ando perdido.

Olá você, dentro do espelho... Quanto tempo que eu te bloqueio. Da minha visão. Do meu coração. Da minha percepção. Sei não... Mas acho que te odeio.

Olá você, dentro do espelho.  Quanto tempo não te peço ajuda. Você é o único que me escuta. Talvez eu simplesmente não esteja sendo justo com você. Comigo.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo estamos  juntos. Desde sempre, para sempre. Só agora passei novamente a te reparar. Para nunca mais precisar te consertar.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo nos falamos. Nos escutamos. Nos respeitamos.  Sempre soube que incontestavelmente nos amamos.

Olá você, dentro do espelho! Há quanto tempo estamos em paz. Com você eu não quero mais brigar. Jamais. Só lhe desejo o melhor do mais belo sentimento: eu. Isso, você mesmo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Crise Econômica Existencial




Existem lugares que faço questão de frequentar com assiduidade. Determinados locais que os meus olhos travam na vitrine e brilham através do seu vidro translúcido, retratando um semblante de desejo estampado por todo o meu rosto. Dentre eles não dispenso visitar uma perfumaria, papelaria ou cafeteria. Escolher o batom perfeito. A sombra impactante. A base mais deslumbrante. Viajo no aroma de Duty Free Shopping exalado pelo ambiente perfumado de uma perfumaria. Sinto-me passeando, de graça, no exterior. Já a papelaria é uma orgia para a minha visão. Olhar de criança, que se entusiasma facilmente com qualquer ambiente colorido, criativo. São tantas opções que variam desde papéis de diversas texturas, até enfeites, canetas, bolsinhas, mochilas, maletinhas, dos mais variados tipos e tamanhos. Entrar numa cafeteria é como pousar delicadamente nas nuvens do vapor emanado por um encorpado espresso. Canecas divertidas, música agradável e ambiente reconfortante te fazem querer passar uma vida inteira de um dia, só ali, apreciando o cheiro e paladar agradáveis do café. Sem mencionar nos quitutes que sempre acompanham bem essa delícia de néctar revigorante: pão caseiro, bolo de aipim, brigadeiro. Hummmm. Um dos meus retiros prediletos, a cafeteria. Então entro numa livraria, e lá posso viver inúmeras vidas numa só. Vidas dramáticas, românticas ou cercadas de magia. Incorporar um personagem infantil ou pintar o sete num jardim secreto. Descobrir o mistério do século ou encontrar a receita mais cobiçada de todas. Aprender a cultivar um relacionamento ou a viajar pelo tempo. Pela moda. Por lugares diferentes, pelo mundo. Sou apaixonada pelas Livrarias da Travessa da vida. De tão apegada que sou por livros, me causa espécie testemunhar o triste episódio do último dia de uma livraria. Todos os seus tesouros empacotados em caixas de papelão pálidas e monótonas. Livros enterrados no vácuo da crise existencial do Brasil. São lojas de todos os tipos encerrando as suas atividades, sufocadas pelos impostos altos e pela baixa quantidade de vendas. Venda-me os olhos, mas não me faça mais sofrer com a catástrofe que está se tornando o nosso pobre, quebrado, iletrado País. São lojas de roupas, sorveterias, confeitarias... Tudo sendo aniquilado pela nossa cancerígena crise econômica. Que mata aos poucos, tudo que existe de bom. Até lojas de brinquedos são vítimas; sonhos de crianças sendo despedaçados – nem sonhos são mais respeitados. Então vejo uma livraria que costumava ir com certa frequência, encerrar a sua existência, da noite para o dia. Isso me faz sentir um enorme e maligno nódulo na garganta. O Brasil, já mal educado por conveniência política, daqui a pouco fechará a sua mente demente até para a compra de um singelo -  e inocente -livro. Uma ditadura camuflada no voto democrático comprado pela bolsa mais cara de todas - aquela custeada pelo bolso - já quase vazio - do honesto contribuinte. Desse jeito, só nos restará criar estórias esquizofrênicas nas nossas próprias cabeças desmioladas, fantasias sem alegorias. Que me parecem muito mais um pesadelo. De onde – possivelmente - nunca mais iremos acordar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Eu tenho a força!


Qual é o tamanho da sua força? Força de vontade. Para se levantar da cama num dia chuvoso, trabalhar, cuidar do seu filho. Para redimir e perdoar. Para confiar e não julgar. Força. Para amar. Para tentar ser positivo. Para enfrentar as adversidades do seu dia-a-dia. Um trânsito pesado. Uma doença. Uma paranoia. Uma demissão. Força para sobreviver. Para o coração bater - com força. Força para superar uma traição. Uma malcriação. Uma conspiração. Uma perda. De um ente querido, de um amigo. Para a morte, ou para a vida. No primeiro caso, algo imprevisível; difícil de aceitar. No segundo, inexplicável; difícil de entender. A morte é certa, só não se sabe quando irá acontecer. No entanto, se desconectar voluntariamente de alguém que, até então, era tão conectado contigo, é algo que o faz realizar o quanto as amizades são efêmeras. Poucas são as que permanecem firmes e em sintonia por gerações afora. É preciso de força para apostar em amizades mais sólidas e verdadeiras. De força, para simplesmente seguir adiante. Uns passam por mais provações que outros, seja para manter o equilíbrio do ciclo da vida, seja por uma questão de carma. Uns estão fadados a sofrer mais que outros. E precisam de uma força interna e externa - eu diria, divina - ainda maior, para conseguirem dar a volta por cima. O que acaba tornando-os ainda mais resistentes aos imbróglios da vida. É preciso de força para ter orgulho de si mesmo. Orgulho dos outros. Força para acreditar e ter fé. Força para ter a certeza de que, embora tudo esteja ruim, uma hora tudo ficará bem. Força para admitir que já se sentiu a pior e mais feia pessoa do mundo. Tudo é uma questão de fortalecer a autoestima. Medos, fraquezas, derrotas, não deviam fazer parte do vocabulário da vergonha, já que constituem o combustível vitalício da força. É imprescindível fazer esforço, superar os seus limites, para se tornar mais forte. Inabalável, invencível, invulnerável. Como o Rambo, o Conan e o He-Man. Nesse clima de “no pain, no gain”, me fortaleço, incorporando uma super-heroína. Então grito, firme: “_Pela honra de Grayskull, eu sou She-ra!”. E assim como o He-Man, “_Eu tenho a força!”. Não deixa de ser uma musculosa e imponente convicção para ajudar a combater os  malignos vilões - vulgo, problemas - da vida.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Infinito Ensaio Fotográfico

                                                (Foto: Daydream Fotografia)

Tem gente que gosta de investir em bolsas caras... Outras, em ações na bolsa... Tem gente que o olho brilha quando vê um Christian Louboutin, e outras piram com uma carteira Louis Vuitton. Já eu, troco tudo isso por momentos. Momentos congelados no tempo. Melhor dizendo, fotos. Duas coisas que gasto dinheiro sem pestanejar: viagens e fotos. Lembranças que carregarei para sempre comigo, sem me preocupar em sobrecarregar o espaço do meu armário de lembranças vividas. Sempre há lugar para um novo momento no meu book de ensaios fotográficos da vida. Não há nada mais revigorante do que captar um momento marcante. Um sorriso sincero. Um afago no ouvido. Um olhar destemido. Carão. Bocão. Dar uma de mulherão. Sentir tesão. Em você, no seu parceiro, na vida. Alimentar a chama da rotina. Pessoas perguntam: por que gastar tanto num ensaio de fotos? Por que não, indago? Afinal, é possível atribuir valor ao segundo, minuto, dia vividos? Creio que não. São bens intangíveis. Não têm preço, assim como o que se compra com o Credicard. Momentos. Passados juntos do seu amor eterno. Da sua família. Dos seus filhos. Dos seus amigos. Em lugares comuns ou incríveis. Momentos. Meus, seus, de todos. Com saúde, então! Por que não? Guardar, captar aquele instante fantástico numa moldura. Já perdi as contas de quantos ensaios fotográficos participei na minha vida, sem perder a convicção de que sempre continuarei viciada em fotografia. Ensaios profissionais, ensaios ao acaso. Não tem como investir em ensaios caros? Invista em você! Pegue uma máquina qualquer, coloque no timer, e voilá: temos um momento presente, embrulhado no papel de presente. Recomendo a todos passar por um momento desses. Arrumem-se no melhor estilo “dress to impress” e compartilhem a experiência com alguém que se ame. Invista o seu tempo num ensaio, público ou íntimo. O que importa é se aproximar – de você, do outro. E “clic” – registrar esse momento único. Nenhum momento é igual ao outro. Nenhuma pessoa é mais bela que a outra. Cada um com seu charme, sua própria luz e personalidade. Enlaçados pelo momento. Está aí a magia da fotografia. Portanto, posicione-se de frente para a lente, e sinta-se feliz. Sexy. Imponente. Abrace a vida. Não há Viagra que o  deixe mais para cima do que levantar a própria autoestima. Enquanto a minha existência permitir, sempre vou investir na minha coleção predileta: recordações emolduradas no papel fotográfico. A bolsa cara? Fica velha. O sapato estiloso? Sai da moda. Já o momento, sempre está acontecendo, a todo instante. Apenas aguardando para ser aprisionado na sua memória fotográfica. Para sempre.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Hashtag Eu, Tu, Ele


O nome deste blog é Hashtag Eu, a Renata, mas a minha intenção ao denomina-lo assim, não era para simplesmente fazer referência à minha graça. Era humaniza-lo. Aproxima-lo de vocês,  todos os "Eus" existentes por aí. Quero que quem leia este blog, sinta-se acolhido numa casa sem frescuras, convidativa, alegre. Cheia de atrativos e quitutes. Quero que o título seja visto como "Hashtag Eu, a Andriana", "Hashtag Eu, a Diana", e, por que não, "Hashtag Eu, o João"? Aqui não existe extremismo ideológico. Neste ambiente  não se levantam bandeiras da opressão, apenas uma singela opinião. Sobre tudo um pouco. Um pouco de tudo. Pode haver críticas, sim, mas sempre com janelas abertas a uma segunda, terceira... Décima opinião. Criticas aqui, sempre construtivas, nunca destrutivas. Por isso, manifestem-se, façam  reforma nos cômodos, pintem uma parede, decorem da maneira que lhes deixarem mais contentes. A casa é sua! Quem sempre também marcará presença nas crônicas alegóricas do desfile alfabético  do Blog, serão os protagonistas  Amor, Bondade, Curiosidade, Determinação, Equilíbrio, Fé, Gratidão, Honestidade, Igualdade, Justiça, Km, Liberdade, Música, Natureza, Orgulho, Paciência, Quando, Riso, Saúde, Transparência, Universo, Vida, Watt, Xadrez, Yang, Zen. Palavras que aprecio, em função do peso no seu significado. Umas, óbvias ao ler, outras que preciso explicar melhor, para fazerem sentido. "Km": a princípio parece ser algo totalmente fora do contexto,  mas pense na profundidade que essas duas consoantes juntas, representam: nada mais, nada menos, o tanto que iremos percorrer de caminho, ao longo da vida. Nesse sentido, creio que ninguém se importaria de ser taxado como "bastante rodado". "Watt" é atrelado à intensidade, força emanada pela energia. "Xadrez", para mim, trata-se de um lembrete que nós mesmos é quem criamos as nossas próprias prisões. Liberte-se do seu xadrez, antes que você mesmo se auto-sabote e jogue a chave da porta fora. Já "Yang" significa "luz intensa" na filosofia chinesa. Junte o trio Km, Watt e Yang num triângulo amoroso, e você terá vivido uma intensa e iluminada vida longa. De preferência, fora do Xadrez. Por fim, mas não menos importante, decidi deixar o "Quando" por último, não  à toa. Pois sempre queremos saber onde o Quando se encontra e em que momento esse - aparentemente sempre "atrasado" - Quando irá aparecer. São questões que martelam diariamente  as cabeças de inúmeros: "Quando irei ganhar aquela promoção?", "Quando vou perder peso?", "Quando vou  conseguir comprar a minha  casa própria?", dentre diversas indagações pleiteando a presença imediata do Quando. Difícil aguarda-lo. Não é à toa que ficou alocado entre a Paciência e o Riso. Para o Quando acontecer, tem que se ter Paciência. E assim que o Quando resolver aparecer, trará junto o Riso, por trás de um belo sorriso, acompanhado da recompensadora Gratidão. O Quando sempre dá o ar da sua graça no Km certo, em consonância com a ordem alfabética  das nossas vidas. Por isso, recebo com  Orgulho e senso de Igualdade, todas as palavras, nomes, pessoas. Sem elas, este Blog não existiria; órgãos vitais do seu respectivo corpo virtual.